Existem histórias que são contadas e atravessam gerações deixando lições poderosas sobre a vida para quem as conhece. Hoje vou compartilhar a história dos dois escravos, que mostra a relação entre a liberdade e o poder. Antes de começar, uma pergunta para reflexão: você acha que tem mais poder o indivíduo que consegue dominar outras pessoas ou aquele que tem controle sobre si mesmo? Será que o poder vale mais do que a liberdade de definir suas próprias ações? Conheça a história e irá encontrar a resposta.

A relação entre liberdade e poder na história dos dois escravos

A história se passa em um reino que era governado por um rei amado e respeitado por seu povo, tudo que ele fazia era pensando no melhor para eles. Os impostos cobrados eram justos e tudo era revertido em benefícios para as pessoas. O maior orgulho do monarca era ver todos felizes e satisfeitos em fazer parte daquele lugar e assim foi durante os cinquenta anos de reinado.

Com o avançar dos anos, o rei percebeu que sua energia não era a mesma e que se aproximava o dia em que ele deveria passar o trono para o seu amado filho. Sempre alinhado com o seu propósito de oferecer qualidade de vida aos seus súditos e de manter o seu reino feliz e próspero, ele foi preparando o rapaz desde quando ele ainda era uma criança, ensinando-o valores e princípios para que o seu legado continuasse através das gerações.

Depois de muito refletir, o rei escolheu o dia para dar a notícia ao filho de que a sucessão estava próxima, pois sua saúde já dava sinais que não viveria por muito tempo. Para sua alegria, o príncipe garantiu que tudo o que o pai havia construído no decorrer dos anos seria mantido, que o povo continuaria sendo respeitado e que o reino seria cada vez mais conhecido como um lugar de paz e harmonia.

Alguns meses depois, a doença do rei piorou e ele acabou falecendo, suas últimas palavras foram que estava partindo tranquilo, pois sabia que o reino ficaria em ótimas mãos e seria governado pelo seu filho de forma ainda melhor do que foi por ele. O povo chorou essa grande perda, mas foi consolado pelo príncipe, agora rei, que prometeu honrar o legado de seu pai.

Quando o poder sobe à cabeça a liberdade deixa de existir

Nos primeiros dias, o novo rei manteve todas as ordens deixadas pelo seu pai. Porém, aos poucos, começou a mudar a sua postura, como se o poder estivesse lhe subindo à cabeça. Ele começou a desejar ampliar o reino e transformá-lo em uma grande potência, dando mais valor às posses do que à felicidade de seu povo. Assim, iniciaram as invasões a outros reinos vizinhos, que, como se pode imaginar, não eram nada pacíficas.

Após cada vitória nas batalhas, os exércitos rivais se rendiam e se uniam ao dele, tornando-se ainda mais poderoso. Isso foi cegando cada vez mais o novo rei, que já em nada parecia com o rapaz que jurou honrar a trajetória de seu pai, que era um homem que sabia ser firme nos momentos certos, mas sem perder a ternura, características essas tão importantes em um líder.

Vidas foram perdidas, famílias separadas, o clima de harmonia acabou, tudo o que o falecido rei jamais imaginou que aconteceria quando ele partisse. E tudo isso aconteceu porque o rapaz perdeu o controle sobre si mesmo e deixou que a sede pelo poder falasse mais alto e o controlasse. Assim, deixou de ser um homem livre e se tornou escravo da sua ira e ganância.

Lições que podemos aprender com a história

Por se achar superior a todas as outras pessoas, o rei obrigava todos a se curvarem quando ele passasse. Em um de seus passeios pelo reino, algo surpreendente aconteceu, um homem maltrapilho que passou por ele se recusou a fazer a reverência determinada. O rapaz, mostrando total descontrole, empunhou sua espada, a apontou em direção ao súdito rebelde, que demonstrava total tranquilidade, e disse: “como ousa não se curvar a mim que sou o rei?”.

O homem, com toda a calma do mundo respondeu: “Você se acha superior a mim porque ocupa um trono e carrega uma coroa na cabeça, mas na realidade eu sou dono de dois escravos que se tornaram os seus maiores mestres. Eu os domino, enquanto você é um mero refém deles”. Sem entender nada, o rei estava cada vez mais irritado e perto de partir para o ataque.

Antes que ele pudesse ter qualquer atitude, o homem completou: “Você não se lembra, mas fui seu professor na infância. Se você se lembrasse poderia recordar também dos meus ensinamentos, mas sua atitude apenas mostra que o poder lhe cegou completamente. Os escravos aos quais me refiro, que se tornaram os seus mestres, são a ira e a ganância, perceba que tudo o que faz hoje é seguindo as ordens deles e não os valores que seu pai lhe ensinou”.

Veja que, em sua simplicidade, o homem deu uma grande lição no rei, porque mostrou a ele que status, riqueza e poder não compram a liberdade que apenas o autocontrole é capaz de conquistar. O rei falecido não se tornou servo dos dois escravos porque o fato de ter poder não o fazia se sentir melhor ou mais importante que seu povo. Ele usava seu posto com responsabilidade, para oferecer o melhor para todas aquelas pessoas que tanto confiavam nele.

Já o príncipe, que posteriormente se tornou rei, se perdeu totalmente quando recebeu o cargo máximo do reino. Esqueceu que ser um líder envolve responsabilidades e não apenas o poder, sem se dar conta ele perdeu sua liberdade porque virou refém de sua ira e ganância. Além do mais, de nada adianta ser reverenciado se as pessoas ao redor o fazem por medo e não por respeito.

Espero que tenha gostado da história dos dois escravos e que ela tenha feito você refletir a respeito da relação entre liberdade e poder e do quanto é importante se manter consciente para evitar que o segundo te domine. Lembre-se sempre que a liberdade de fazer suas escolhas de modo consciente e seguindo os seus valores não tem preço.

 

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