Uma recente pesquisa realizada pela Catho, empresa de recrutamento, concluiu que em todas as funções, as mulheres ainda ganham menos que os homens. Isso significa que dos cargos operacionais, técnicos, auxiliares e de estágio até os de diretoria, gerência, coordenação e supervisão, mesmo tendo formação, experiências e competências iguais ou maiores, as profissionais são remuneradas com salários menores do que os dos seus pares homens. Neste sentido, as diferenças chegam até a 58%, ou seja, mais da metade dos recebimentos.
Outro ponto que mostra como esta diferenciação é cultural em nosso país, está nos dados de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE – que mostra que a renda média nacional dos homens também é bem maior do que a das mulheres. As razões para isso são muitas, existem profissões, por exemplo, em que a presença feminina ainda é menor. Outro ponto é que quando falamos em homens e mulheres no mercado de trabalho é inegável que existe sim uma diferença no tratamento dado a cada um, pois em muitas áreas, mesmo tendo uma escolaridade maior, o número de cargos de liderança e gestão ofertados às mulheres ainda é baixíssimo.
Embora não seja mais justificável, não podemos negar que realmente ainda existe um fator histórico que reflete diretamente nesta situação atual. Estou falando da entrada tardia das mulheres no mercado de trabalho, o que no Brasil só foi permitido a partir da década de 1960. Mesmo com os tempos tendo mudado e se transformando a cada dia, ainda vivemos sob a influência desta cultura arcaica disseminadas nos séculos anteriores e que não reconhece ou valoriza o trabalho feminino como faz com o masculino.
Isso acontece porque nem todas as empresas têm políticas de inclusão que realmente deem a oportunidade para que as mulheres mostrem seu potencial e possam construir uma carreira bem-sucedida. Ou seja, embora muitas organizações estejam mais atentas a isso hoje e buscando equalizar suas contratações, a realidade é que a maioria caminha na direção oposta, evitando inclusive a contratação de mulheres com filhos, que desejem ter uma família ou mesmo que sejam noivas ou casadas.
Mesmo ainda tendo muitos desafios pela frente, é importante ressaltar as vitórias femininas ao longo dos anos. Dados apontam que ao longo das últimas seis décadas, a presença das mulheres entre a População Economicamente Ativa (PEA) cresceu mais de 16 vezes e a taxa de atividade, de 1950 para cá, cresceu quase 50%.
Na prática, isso que dizer que as mulheres contribuíram ativamente para o crescimento econômico e o desenvolvimento do nosso país em todos os níveis. Neste sentido, vale ressaltar também que nos últimos 14 anos, o empreendedorismo feminino cresceu mais de 30%, o que representa mais de sete milhões de empreendedoras à frente de seus próprios negócios, movimentando a economia e gerando empregos e renda.
Pessoalmente, eu considero a não valorização da mão de obra feminina uma visão bastante atrasada e equivocada, pois acredito verdadeiramente no poder feminino no mercado de trabalho. Tanto é que em minha empresa, o IBC, minhas equipes, em sua maioria, são formadas por mulheres. A maioria de nossos coaches também são mulheres, advindas das mais diversas profissões.
Aqui no Instituto Brasileiro de Coaching, para citar um exemplo positivo, as profissionais são selecionadas por suas competências, formações e experiências e têm a oportunidade de concorrer e ocupar todos os tipos de cargos. Estes, por sua vez, vão das áreas operacionais à liderança da maioria dos departamentos. Também não discriminamos ninguém por sua cor, religião ou orientação sexual, o que a cada dia nos torna uma empresa mais diversa.
Portanto, como defendeu o pensador francês, Charles Fourier
– “O grau de emancipação das mulheres em uma sociedade é o termômetro geral através do qual se mede a emancipação geral”.