Alimentar-se é uma necessidade, mas a forma como escolhemos e aprendemos a gostar dos alimentos é uma questão de hábito. Muitas das escolhas alimentares não-saudáveis que fazemos na idade adulta têm sua origem na infância, pois não fomos “treinados” a uma alimentação equilibrada.

É nos primeiros anos de vida que organizamos nosso sistema cognitivo, o que inclui nossa capacidade de fazer escolhas, de gerenciar emoções, de manter a concentração e de controlar os impulsos. Uma criança que não é treinada ou corrigida nessas questões fatalmente as levará à idade adulta, e isso inclui os hábitos alimentares.

A alimentação na infância

Desde o aleitamento materno até a inclusão de novos alimentos, a nutrição infantil é mais tranquila, já que o leite da mãe lhe fornece todos os nutrientes de que a criança necessita. O problema ocorre depois dessa fase.

Vivemos numa era em que a alimentação infantil também é muito afetada pela industrialização. Alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar, gorduras e conservantes têm sido responsáveis por uma das gerações de crianças mais afetadas por problemas como sobrepeso ou obesidade.

Crianças com um paladar que se acostuma a produtos industrializados geralmente rejeitam os produtos de melhor teor nutricional. Além disso, têm a tendência a tornarem-se adultos com diversos problemas de saúde, sobretudo ósseos, musculares e cardiovasculares.

Como desenvolver uma alimentação saudável para crianças?

Como citado no início do texto, trata-se de um hábito que deve ser criado e cultivado por seus educadores. É preciso expor a criança a diferentes tipos de alimentos; incluindo verduras, frutas, legumes e diferentes fontes de carboidratos e proteínas. O ideal é limitar o consumo de produtos industrializados e açúcares.

Assim, a criança consegue diversificar seu paladar, sem levar para a idade adulta um medo de abrir-se a um novo e mais saudável meio de alimentar-se.

O ideal é que os pequenos também tenham contato com os adultos que estejam cozinhando para adquirir uma maior consciência sobre as origens daquilo que comem. Também devem aprender a montar seus pratos, entendendo que a diversidade de alimentos e de cores é um sinal de alimentação saudável.

Se a criança consegue, desde pequena, comer de tudo, sem grandes problemas, ela conseguirá comer um doce de vez em quando sem criar nenhum tipo de dependência do açúcar.

Em contrapartida, a criança que não é treinada dessa forma vai sempre exigir alimentos dos mesmos grupos, criando um círculo vicioso de pobreza de determinados nutrientes e excesso de outros. Somente um nutricionista comportamental será capaz de implementar as técnicas necessárias para modificar esse comportamento.

Na idade adulta

Quando adulto, o cérebro já está mais condicionado a alimentar-se de determinada forma, de modo que fica mais difícil modificar hábitos e comportamentos. Muitas vezes, a dificuldade em adotar uma alimentação saudável tem origem em problemas de ordem emocional que desencadeiam comportamentos alimentares compulsivos, como é o caso de quem come chocolate para sentir-se melhor num dia estressante.

Na criança, porém, essas conexões entre as emoções, a cognição e a alimentação ainda não são tão fortes, de modo que tudo ainda pode ser moldado e modificado com mais flexibilidade e facilidade – daí a importância de cuidar da alimentação dos pequenos desde muito cedo. Nutrição também é coisa de criança!