Todos os sentimentos estabelecidos socialmente como ruins têm um denominador comum: podem ser facilmente ressignificados quando você institui o perdão em sua vida.
Contudo já sabemos que praticar o perdão nem sempre é uma tarefa fácil, pois demanda um certo nível de maturidade e desenvolvimento pessoal. Quando nesse ponto, chegamos à forma do amadurecimento.
O desenvolvimento dos sentimentos e o processo de renovação dos interesses pessoais acompanham todas as fases de nossa vida. Podemos dividir essas fases em quatro: a infância, a adolescência, a juventude e a idade adulta. A renovação e a procura por nossa melhor versão, por uma
divindade interior e por atingir nossa plenitude, é chamada de maturidade. E existem 7 traços de maturidade que são aprimorados durante toda a vida:
O desenvolvimento dos sentimentos e o processo de renovação dos interesses pessoais acompanham todas as fases de nossa vida. Podemos dividir essas fases em quatro: a infância, a adolescência, a juventude e a idade adulta. A renovação e a procura por nossa melhor versão, por uma divindade interior e por atingir nossa plenitude, é chamada de maturidade. E existem 7 traços de maturidade que são aprimorados durante toda a vida:
Na verdade, esse segundo momento do caminho até o perdão está intimamente ligado ao primeiro, o de se conhecer, porque a maturidade emocional é o resultado imediato do autoconhecimento. Dito de outro modo, é o processo de conhecimento de nós mesmos, por meio da aceitação da nossa história de vida, que nos conduz a esse estágio de maturidade, que envolve percebermos nossa infância, nossa juventude, até a idade adulta. Você está preparado para viajar pelas fases da sua vida?
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1 – Infância
Consideramos como infância todo o período que vai da concepção, da vida intrauterina, até aproximadamente os 10 anos de idade. Esse marco dos 10 anos é apenas um referencial mais ou menos arbitrário. Dependendo da cultura em que está inserida, e até mesmo do próprio desenvolvimento particular da criança, essa idade pode variar um pouco para mais ou para menos.
O desenvolvimento dos sentimentos na infância está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento do organismo como um todo. Isso, porque, nos primeiros anos de vida, o corpo humano se transforma e se modifica muito rapidamente. As mudanças fisiológicas e morfológicas são necessárias para que a criança possa perceber, reconhecer e também manifestar emoções.
Esse processo se inicia, inclusive, antes mesmo do nascimento da criança. Desde a vida intrauterina, da concepção até o parto, já estão em curso transformações e crescimento intenso. Mesmo dentro da barriga da mãe, a criança já é capaz de receber e perceber estímulos diversos como,
por exemplo, os estímulos sonoros. Após o parto, vemos que esse desenvolvimento se mantém de forma constante e muito rápida.
Desde as primeiras semanas de vida, os bebês já demonstram um interesse muito grande em rostos e expressões humanas. Em poucos dias depois de virem ao mundo, eles já demonstram a capacidade de responder a determinadas expressões humanas, imitando feições faciais, como sorrisos e caretas.
No entanto, a maturação emocional encontra-se ainda em um estado embrionário. Perceber e reproduzir expressões faciais é, na infãncia,uma capacidade rudimentar que só se aprimora em paralelo com outros fatores fisiológicos e morfológicos. O desenvolvimento neural se encontra em atividade intensa nos dois primeiros anos de vida. O crescimento do perímetro cefálico e de estruturas do cerebelo possibilitam, enfim, o surgimento da linguagem, que se configura como um grande marco nessa fase da vida. É através da linguagem que verdadeiramente se dá o processo de inserção e socialização da criança. Com a linguagem, a criança se torna capaz não apenas de identificar e reproduzir expressões, mas também de manifestar emoções e sentimentos básicos, como alegria e tristeza. Nessa etapa dos primeiros anos de vida, ainda não existe a necessidade de perdoar, porque ainda não há uma noção clara do self, por isso crianças não demonstram vergonha ou culpa.
As emoções e sentimentos mais complexos, que são voltados para si mesmo, só aparecem quando ocorre internalização dos modelos parentais. Uma criança pequena não consegue ainda compreender sentimentos de culpa nem de vergonha, justamente porque não tem ainda entendimento claro do que é certo ou errado. Por isso mesmo é que não sente vergonha se está nua ou vestida, por exemplo.
As emoções e sentimentos mais complexos, que são voltados para si mesmo, só aparecem quando ocorre internalização dos modelos parentais. Uma criança pequena não consegue ainda compreender sentimentos de culpa nem de vergonha, justamente porque não tem ainda entendimento claro do que é certo ou errado. Por isso mesmo é que não sente vergonha se está nua ou vestida, por exemplo.
Na fase infantil, ainda não há o controle da criança interior. A criança vive em um mundo mais fantasioso, que é adaptado a ela, sendo dominada pela afetividade em sua forma de agir e em suas vontades. Ao receber estímulos externos do mundo, ela lida com eles sem muitos problemas, pois, mesmo que não os entenda completamente, suas respostas são sempre espontâneas e momentâneas, o que a mostra a maneira natural com que aborda tudo ao seu redor. O que se espera que ela também receba é amor, porque essa é a fase do amor receptivo, muito importante para que o indivíduo seja capaz de avançar plenamente para as outras etapas do desenvolvimento do amor.
Devido a sua inocência, por não saber ainda exatamente o que é errado ou certo e se pode ou não fazer alguma coisa, a criança não prejudica deliberadamente outras crianças e também acaba não se sentindo prejudicada. As crianças não têm a intenção de serem melhores que as outras ou de competir da forma como vemos no mundo adulto. Por esse motivo, quando duas crianças brigam, ou alguma coisa acontece, vemos que, pouco tempo depois, já estão brincando juntas novamente. Elas não guardam mágoas nem magoam e, dessa forma, não precisam pedir perdão e nem perdoar.
2 – Adolescência
As coisas mudam um pouco quando chegamos à fase da adolescência. Foi somente no século XIX que surgiram as primeiras distinções da adolescência como uma fase específica do desenvolvimento humano. Hoje em dia, entendemos a adolescência como uma etapa distinta da infância e da juventude, algo que começa em torno dos 10 anos de idade e termina por volta dos 18 ou 19 anos de idade. Essa etapa é geralmente caracterizada como um período de grandes turbulências e tensões.
É na adolescência que o indivíduo alcança, de um ponto de vista fisiológico, um grau maior de maturidade sexual. Existem grandes mudanças hormonais e físicas, como o surgimento de pelos no corpo, transformação da voz, crescimento dos seios nas meninas, entre outras. Todas essas mudanças do início da puberdade acontecem concomitantemente a mudanças profundas na forma de se relacionar. Tal etapa é crucial para a formação da identidade. O adolescente começa a escolher caminhos, formações acadêmicas, opções profissionais e um projeto de vida.
Embora haja mudanças biológicas significativas, consequentes do início da puberdade, a adolescência é delimitada principalmente por fatores culturais e pelo ambiente social do adolescente. Ele começa a dedicar mais tempo a atividades fora do contexto familiar e a conviver mais intimamente com outros indivíduos da mesma faixa etária, algo que o leva a desafiar a autoridade parental que havia sido estabelecida até então. Tudo isso proporciona um tipo de maturação muito específica a essa etapa.
O mundo fantasioso é diluído a novas formas e o “eu” voltase para si mesmo, em meio a um turbilhão de emoções, sentimentos e racionalizações que demonstram instabilidade afetiva e alternância de opiniões e comportamentos. Isso dificulta a percepção de suas reais motivações, mesmo quando são facilmente adaptáveis às circunstâncias. Nessa fase, o Ser Humano, depois de ter recebido o amor, está treinando para o amor, para o estabelecimento de laços fortes com todos que o rodeiam e o levarão para o caminho do amor maduro.
No lugar da criança que não avaliava, não julgava, não criticava, agora temos um adolescente que critica tudo: os adultos e o mundo, mesmo que muitas vezes não avalie sua própria conduta e suas ações. Isso é primordial para o desenvolvimento de seu senso crítico, mas evidencia que
seu senso de responsabilidade ainda está em processo de amadurecimento, pois ele não pensa no quão legítima é a sua forma de agir.
O adolescente, diante de um quadro de inconstâncias e incertezas, sabe o que é o perdão e tem consciência de sua importância. Porém, por ter o mundo voltado para seu próprio “eu”, vê-se mais digno de perdão do que de perdoar e dirige a culpa de sua suposta incapacidade e frustração
às pessoas que representam figuras de autoridade ou aos próprios pais, que são os únicos merecedores de perdão, segundo as Leis Divinas.
Após os anos conturbados da adolescência, dos primeiros amores, das primeiras brigas, das primeiras conquistas, chegamos à fase da juventude, fase dos questionamentos, das incertezas, mas de um profundo interesse pelo mundo e por comunhão com ele. Isso vai influenciar diretamente a forma como o jovem se relaciona com as pessoas, demonstrando uma afetividade muito mais estável que o adolescente. Contudo, ele tende a ser mais egoísta no que diz respeito a seus próprios interesses.
3 – Juventude
O conceito de juventude aparece ao longo da história como uma construção tanto social, cultural, política e relacional. Muitos autores consideram a juventude como um movimento de transição temporal rumo a um ponto idealizado de maturidade física, moral e intelectual. Atualmente, vivemos em um tempo em que ser considerado jovem é um sonho almejado por muitos. Porém é preciso pontuar que cada fase tem o seu momento de ser vivenciada, e precisamos passar por cada uma delas plenamente, aceitando seus términos e dissoluções.
Obviamente, a maturação humana não é um contínuo linear exato e infalível. Não avança sempre na mesma direção, nem se dá de forma igual para indivíduos e contextos diferentes. O desenvolvimento é repleto de contradições e desvios, podendo ocasionalmente passar a impressão de ser cíclico. Às vezes nos estagnamos, às vezes damos saltos em direção à maturidade. O importante é que, independentemente do tempo de cada Ser Humano, todos temos o potencial de atingir a maturidade.
Durante a juventude, o indivíduo começa a ser capaz de lidar melhor com questões que, durante a adolescência, eram tumultuadas e problemáticas. Existe uma busca por vínculos mais sérios e duradouros, que exigem compromissos e sacrifícios.
Nessa fase, a existência torna-se mais acentuada, o que levará o jovem a relacionamentos mais estáveis, que caminharão em direção a relacionamentos maduros.
O jovem é mais autocrítico que o adolescente, e seu senso de responsabilidade crescente faz com que pense nas ações corretas, naquilo que é ou não aceitável e adequado, que não prejudique o mundo externo. Essa etapa é caracterizada por comunhão com o outro. O senso crítico fará com que compreenda seu papel e, assim, se adapte mais facilmente às situações, ainda que não consiga ouvir e absorver integralmente as críticas que recebe, por não saber a melhor forma de encará-las.
Ao se revelar mais compreensível, mais responsável, mais adaptável, o jovem estará também mais apto a pôr em prática os 3 tipos de perdão (que vamos abordar mais adiante) e a entender que seus pais, ou cuidadores, fizeram o melhor que podiam, mesmo que, vez ou outra, ele se
depare com resquícios de imaturidade que ficaram da fase da adolescência.
Depois de ter passado pelas três fases e ter vivenciado cada uma delas em sua plenitude, todos chegamos à fase adulta.
4 – Fase adulta
Finalmente, chegamos ao último estágio do ciclo vital do desenvolvimento e da maturação humana. A idade adulta é comumente associada com a tomada de papéis e responsabilidades sociais que envolvem principalmente os âmbitos familiar e profissional. É interessante destacar,
entretanto, que a concepção de adulto se transformou muito no decorrer das últimas décadas.
Se antigamente existia uma noção tradicional de “ser adulto”, que envolvia quase exclusivamente o exercício de uma profissão e a constituição de uma família nuclear — formada por homem, mulher e filhos —, nos dias de hoje já vemos que existem novas configurações e novos aspectos que influenciam diretamente a transição do jovem para a vida adulta.
As mudanças sociais, históricas, políticas e culturais apresentam novas possibilidades, mas impõem também novos desafios. Algumas pesquisas recentes têm apontado que o prolongamento dos estudos, por exemplo, vem criando novos parâmetros para a idade adulta. O investimento
numa educação mais longa acaba postergando a entrada dos jovens no mercado de trabalho, consequentemente aumentando o período de dependência financeira. Essa dependência, muitas vezes, não é apenas econômica, mas também emocional.
O adulto, porém, é capaz de vivenciar o mundo real e objetivo, capacidade esta que lhe permite aproveitar em totalidade o potencial da sua afetividade, orientando-a, controlando-a quando necessário e aproveitando-a de forma prática, dinâmica e construtiva. O indivíduo na fase adulta tem consciência de seus objetivos e do que é necessário para atingi-los, não hesitando em pedir a ajuda necessária para seu crescimento, sem travar diante dos obstáculos, pois já consegue prevê-los e racionalizá-los.
O ser humano já maduro tem tanto controle de sua afetividade, que está pronto para viver o amor de forma completa, entregando-se de corpo e Alma ao outro.
A avaliação crítica, a adaptabilidade e o senso de responsabilidade estão em seu mais alto nível. A crítica é voltada tanto aos outros quanto a si mesmo, mas não de maneira destrutiva, e, sim, de forma que proporcione paz, ao perceber que todos possuem limitações e fraquezas e que elas devem ser aceitas. Isso resulta em um Ser Humano que não foge de suas responsabilidades, que percebe as melhores ferramentas e os melhores argumentos para cada ação, que é perseverante e que não se acomoda diante de um obstáculo, o que comprova sua adaptabilidade ao meio ambiente, sua facilidade de conviver em harmonia e saber contornar situações e conflitos.
Somente na vida adulta é que se reconhece o real valor do perdão. Quando aceitamos nossos erros e falhas e perdoamos primeiro a nós mesmos, conseguimos entender e aceitar a situação e perdoar o outro. Nessa fase, percebemos como o perdão pode ser benéfico, por isso deixamos o passado, de fato, para trás e seguimos adiante. O adulto é capaz de perdoar a si mesmo, perdoar o outro e pedir perdão àqueles que, por ele, foram feridos. A maturidade nos ensina e ajuda a perdoar, mas é necessário ainda deixar de lado nossas resistências e nossos caprichos, para atingir o objetivo final e alcançar a felicidade.