Fona/Shutterstock Adão e Eva – O Casal Original!

Considerando que os sete níveis evolutivos podem traçar nosso caminho nessa vida na busca por deixar o nosso legado. Essa busca é o núcleo do significado da nossa existência, é o topo da pirâmide, nosso estado máximo, significa transcender, alargar nossa consciência em todas as direções. 

Há, no entanto, um oitavo nível, mas que está fora da pirâmide dos níveis evolutivos, ou melhor, está cima dela, além dela. Esse oitavo nível pode ser chamado de céu, o que faz sentido para os cristãos, como eu, mas você pode atribuir outros nomes, da forma como fizer mais sentido pra você.

Esse oitavo nível é o nível divino, é quando alcançamos o contato com o “ser maior”, é onde mora nossa essência, de onde viemos e para onde voltamos. Nesse nível somos despidos de todos os nossos excessos, somos simples.

Ser simples, nesse sentido, é alcançar o estado mágico de se suprir apenas com o necessário e não compartilhar dos excessos desse mundo. Certa vez, a poetisa Cora Coralina disse uma frase fantástica já nos últimos anos de sua vida. Ela disse: “estou vivendo o melhor momento de minha vida. Momento em que não tenho nada e nada me falta.” Essa frase soa dentro de mim como “alcancei o céu, posso ser apenas a essência do ser humano que nasci pra ser”.

De fato, no oitavo nível encontramos a luz e passamos a ser luz também, convivendo com a unicidade do universo, com a partícula criadora, que existe em Deus e também em nós. É uma dimensão energética. É desse lugar que viemos e é para ele que voltamos, a depender da nossa caminhada evolutiva – para esse ciclo cada crença terá uma explicação, e eu honro e respeito sua escolha.

De qualquer forma cada tradição e cultura tem um mito criador. Ele diz respeito àquela forma particular de contar como tudo isso começou: o mundo, os homens, a vida. O mito cristão de Adão e Eva também está incorporado nessa visão de evolução e espiritualidade. Ele nos ajuda a responder a questão “De onde viemos?”

A Metáfora do Casal Original

Seguimos então a metáfora do casal original. Adão e Eva. É uma metáfora dentro da metáfora – da criação. Adão foi o homem criado por Deus, da matéria sem vida. Foi criado à sua imagem e semelhança. O gênero masculino ainda é discutido pelas ciências místicas e ocultistas.

Pensa-se que o gênero masculino e feminino não era definido nesse casal original, logo, no princípio, a essência universal era bivalente, como nos mitos dos andróginos contados pelos gregos. Bom, sem polemizar muito… Pensemos em Adão como esse homem primordial a quem coube o enfadonho cargo de “cuidador” do Paraíso. O primeiro ser humano criado, e mais, criado à imagem do próprio criador.

Acontece que os homens são seres relacionais desde seu princípio. Deus também existe pela relação com sua criação, não fosse assim ele não teria criado tudo que existe. Desse ponto, era muito lógico que Adão se sentiria sozinho, mesmo tendo Deus e toda a criação para contemplar, cuidar, usufruir, no entanto, precisava de outro igual.

Deus providenciou uma companheira, feita de parte de seu corpo. Aos dois, Adão e Eva, Deus mostrou o paraíso e tudo que havia nele – especialmente as árvores. Segue-se então uma nova metáfora dentro da metáfora, o fruto da árvore do conhecimento era o único que não poderia ser saboreado por ambos. O conhecimento, é claro, é um poder perigosíssimo, do qual é importante mantermos uma distância segura, mas Eva o desobedeceu.

Quando Eva come do fruto proibido ela comete uma importante infração da lei previamente estabelecida e, portanto, será, junto com Adão, punida. A punição, nesse caso, é deixar de viver no paraíso – ou seja, a vida deixaria de ser iluminada e boa, passaria a ser dura e incerta.

Pela infração de Eva, hoje passamos pela vida terrena. Caímos. Viemos do nível da luz para o nível terrestre – como você pode acompanhar na ilustração do início do capítulo. Nós que compartilhávamos com Deus da sua dimensão de energia e luz, somos confrontados com nossa sombra.

Saímos de Eva e chegamos ao mundo. Alguns estudiosos dizem que a experiência do nascimento, do parto, é a mais traumática de qualquer pessoa. A experiência do nascimento é uma experiência de saída do paraíso, é como a punição do casal mítico do cristianismo. Você já pensou em como foi a sua experiência de passagem pelo útero materno e a sua saída dele?

À exceção daqueles que nasceram por intervenção médica, as cesarianas, fomos expulsos do lugar quentinho e seguro, em que fomos gerados. E o pior, esse próprio “lugar” nos expulsou e tivemos que dar diversas “cabeçadas” para abrir uma passagem estreita que nos colocaria em contato com o desconhecido, e, provavelmente, sentimos o primeiro medo da morte.

Em seguida a parte crucial de ter nascido, a separação da nossa mãe. O corte do umbigo umbilical é tão forte que, mesmo adultos, usamos como metáfora de quem ainda se vê dependente da mãe expressões como “corte o umbigo umbilical, meu amigo!”.

Gerados, descemos da dimensão superior. Somos apartados do nível divino. Paridos, somos expulsos da segurança do corpo da mãe e do ambiente seguro e somo colocados e um ambiente hostil em que nos vemos sozinhos lutando por nossas próprias vidas.

Teoria da Maturidade dos Seres Humanos de Winnicott

Ao nos separarmos da nossa mãe criarmos nossa individualidade e nos entendemos como seres únicos. Mas o ambiente e a nossa mãe são essenciais para que possamos nos desenvolver. Assim, chegamos à teoria da maturidade dos seres humanos de Winnicott, e sua concepção de “mãe suficientemente boa”.

Ele diz que o que precisamos é de uma mãe que atenda às nossas necessidades, às necessidades do bebê, pois como ele ainda não desenvolveu sua consciência, essa é a única forma de demonstrar amor. “O que o bebê precisa, e necessita de modo absoluto, não é algum tipo de perfeição de maternidade, mas uma adaptação suficientemente boa, aquela que faz parte de uma relação viva em que a mãe temporariamente se identifica com o seu bebê”, diz o pesquisador.

Nossa mãe, nosso pai, foram suficientemente bons ou bons, o suficiente. Isso porque nossa mãe e pai também tiveram seus ambientes de criação e suas mães e pais. É importante compreender que eles foram bons o quanto possível e o suficiente para ser quem nós somos. Nos apartamos de nossa mãe e pai e também da dimensão divina de onde saímos, mas nessa dimensão divina, nossa mãe e nosso pai, continuam em nós. Fazem parte de nós.

Olhando a ilustração abaixo, você percebe que, saindo de Eva, somos fadados ao ambiente, a terra, à nossa luz e nossa sombra. Assim, nos vemos num ambiente no qual seremos formados. O espiral que se coloca na posição vertical, ascendente, do primeiro nível ao topo da pirâmide, mostra nosso caminho, o caminho que temos que percorrer até voltar para onde viemos. Da árvore da vida, através da árvore do conhecimento, de volta para a árvore da vida.

 

Equipe IBC Coaching

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