Neurogênese é o processo de formação de novos neurônios no cérebro. Antes, acreditava-se que a neurogênese ocorria apenas no desenvolvimento do cérebro e não que ela continuava durante toda a vida, mas estudos feitos recentemente concluíram que a neurogênese ocorre continuamente.
A neurogênese ocorre em regiões específicas do cérebro humano adulto: o hipocampo e os ventrículos. Destes últimos, os novos neurônios migram para o bulbo olfatório. Diversos fatores de crescimento envolvidos na neurogênese estão sendo investigados atualmente com o objetivo de entender a complexidade do processo.
Quando vemos ou pensamos em um cérebro humano lembramos que temos circuitos neurais, bilhões de conexões se conectando e interagindo de formas cada vez mais associativas e diferentes. Nós somos circuitos neurais, e cada habilidade que possuímos é devido a células que temos que desempenham essa função.
No tempo presente, sabemos mais do cérbebro humano do que jamais soubemos. Aprendemos coisas nos últimos 10 a 20 anos, que mudaram completamente a maneira como os neurocientistas pensam sobre esse órgão e nossa relação com ele. Nos anos 80 nos disseram que nascemos e morremos com as mesmas células, e que não iríamos mais adquirir células ao longo da vida.
Aprofundando o Conceito da Neurogênese
Sabemos agora que o nosso cérebro é capaz de produzir novos neurônios, e isto é neurogênese. Somos capazes de produzir novos neurônios especialmente em resposta a traumas. Além disso, neuroplasticidade é a habilidade de nossas células cerebrais de se rearranjaremm com quem estão comunicando.
O que isso significa é o cérebro com o qual acordamos esta manhã é diferente do cérebro que vamos dormir hoje à noite. Além disso, sabemos que somos capazes de ter atenção plena. Mindfulness ou Atenção Plena é nossa capacidade de observar os circuitos neurais que estão operando em nossas cabeças. Mas além de apenas observar nossos circuitos neurais, somos capazes de mudar nossos pensamentos e nossos cérebros.
Temos habilidade de selecionar e escolher o que acontece em nossas cabeças. Nós operamos basicamente três tipos de circuitos neurais: Nós pensamos pensamentos, nós estimulamos e sentimos emoções, e nós operamos respostas fisiológicas, para o que estamos pensando e sentindo.
Eu tenho a habilidade de pensar um pensamento, estimular um circuito emocional, e depois operar uma resposta fisiológica para o que estou pensando. Do momento que tenho um pensamento que estimula meu circuito de raiva até o momento que opero minha resposta fisiológica, onde libero noradrenalina na minha circulação sanguínea, ela corre através de mim e descarrega para fora de mim.
Você é o Seu Circuito Neural
A partir do começo do pensamento, até o momento que meu sangue está limpo dessa química, leva menos de 90 segundos. É o que chamamos de regra dos 90 segundos. Quantos de vocês têm a habilidade de ficar com raiva por mais de 90 segundos? O que vocês estão fazendo é repensando o pensamento que restimula o circuito da raiva, que reestimula a resposta fisiológica. E podemos ficar com raiva por dias.
A conclusão é que sou um circuito neural. Nós somos circuitos neurais. Meu circuito neural é meu circuito neural e vocês não têm habilidades de estimular e ativar meu circuito sem minha permissão. Você não pode me deixar com raiva a menos que eu ofereça meu gatilho para você disparar e estimular meus circuitos neurais.
Se eu te der o poder de ativar meus circuitos, então cedi o meu poder. E se eu te cedo o meu poder; me torno então vulnerável a você, por meio de manipulação, propaganda, marketing, pressão social e abusos diversos. A conclusão é que nós somos um circuito neural. Nós somos esse cérebro incrível preenchido com essas lindas celulas. Então – como isso funciona?
Os estímulos entram através de nossos sistemas sensoriais. Eles se integram e se organizam passando pela medula espinhal, visando à parte exterior do nosso cérebro, o córtex cerebral. Este, por sua vez, é dividido em dois grupos diferentes de células. As camadas externas para um pensamento cognitivo superior, e as cadas internas, para emoções.
Então a informação entra através de nossos sistemas sensoriais focando diretamente no grupo interno de células de nosso sistema límbico. E as células do sistema límbico estão se perguntando a cada instante: “Estou seguro”?
Sinto-me seguro quando a informação transmitida por meus sistemas sensoriais me parece familiar. Quando o mundo parece familiar e cotidiano, minha amídala está calma e me sinto seguro.
O interessante é que à medida que a informação vem e estimula meu sistema límbico, ele envia essa informação através do meu sistema nervoso incluindo meu córtex superior. O que isso significa é que embora alguns pensem nas células como criaturas pensantes, que sentem; biologicamente somos criaturas sensitivas que pensam.
Somos Criaturas Sensitivas que Pensam
Nós somos criaturas sensitivas que pensam, e isto se torna significativo na forma como vivemos no mundo externo. A informação entra, vai direto para a amídala; a amídala diz o quanto dela parece familiar, e se parece familiar, então, eu me sinto calmo. Quando eu me sinto calmo, as células vizinhas a ela, o hipocampo, se ativam e são capazes de aprender e memorizar.
Mas digamos que, de repente o edifício começa a tremer… Se isso acontecer sua amídala vai estranhar, “alerta, alerta, autopreservação”! Você sai correndo, desliga o hipocampo e não se importa com o que eu tenho a dizer, certo? Um bom exemplo da relação da amídala e do hipocampo é a ansiedade de testes. Todos nós sabemos o que é ter um nó na garganta e um frio na barriga… O cérebro parece que vai explodir.
Tudo está se movendo muito rápido: “Alerta, Alerta, Autopreservação, pânico, pânico, ansiedade, ansiedade, ai meu Deus”! Porém, o segredo aqui é que eu tenho um pensamento cortical de autonível. Eu tenho a habilidade de escolher conscientemente:
“Ok! Eu tenho outros circuitos que posso operar. Eu posso ativar minha mente cortical superior. Posso trazer minha mente para o presente. Posso olhar ao redor e ver. Posso ver que estou seguro. Estou seguro e não vou morrer. É só uma prova, me preparei para isso e sei algumas dessas respostas.”
Se minha amídala se acalmasse um pouco para que eu pudesse acessar a informação no meu hipocampo, assim eu poderia responder as perguntas. Então, é isso que acontece. Tudo que tem a ver com alguma coisa é nosso relacionamento entre a amídala e o hipocampo.
Estas são novidades muito importantes, coisas que não sabíamos. Minha geração e as anteriores não sabiamos sobre a regra dos 90 segundos, e não compreendíamos o circuito neurológico do cérebro. Então, tudo que precisamos fazer é abrir o jornal e vermos é que alguém matou alguém porque a amídala da pessoa estava em alerta.
Alguém está divorciando de seu parceiro (a) porque alguém não se sentiu seguro. Tudo tem algo a ver com a amídala, e acho que nós todos deveriamos vestir camisas dizendo: “Eu amo minha amídala”. “Eu amo minha amídala”.
Tradução e adaptação do TED – The Neuroanatomical Transformation of the Teenage Brain: Jill Bolte Taylor