A vida seria maravilhosa se as pessoas pudessem apenas ligar ou desligar determinadas chaves no próprio cérebro para melhorar a sua performance, a sua inteligência emocional e até mesmo curar-se de determinadas doenças da mente, não é mesmo? Bem, esse poder de ligar e desligar as chaves do cérebro ainda não existe, mas nós podemos reprogramar o modo de funcionamento desse órgão. Estamos falando da neuroplasticidade.

A neuroplasticidade é um conceito frequente na neurologia, na psiquiatria e na psicologia. Ele foi empregado pela primeira vez pelo neurofisiologista polonês Jerzy Konorski, em 1948. A seguir, você vai compreender melhor o significado desse termo e o tamanho do seu poder. Boa leitura!

Qual o significado de neuroplasticidade?

O termo “neuro” significa “nervos” ou “sistema nervoso”. Já o conceito de plasticidade é uma propriedade que permite que alguns materiais possam ser moldados, modificados, transformados, adaptados a novos contextos. Portanto, a neuroplasticidade é capacidade que o sistema nervoso tem de modificar a sua estrutura e as suas funções ao longo da vida.

Isso quer dizer que os acontecimentos da vida e a interação que as pessoas têm com o ambiente ao redor fazem com que uma mente com neuroplasticidade se adapte aos fatos, de modo que o indivíduo lide com as situações de forma satisfatória. Isso favorece os processos de aprendizagem e reaprendizagem.

Como esse processo ocorre?

O sistema nervoso é composto por celular denominadas neurônios. Cada vez que uma pessoa recebe um estímulo do ambiente, ela ativa os neurônios e estabelece entre eles um processo de comunicação, denominado sinapse. A cada nova experiência de vida, novos neurônios são ativados, criando novas trajetórias dessas sinapses.

A questão é que se uma pessoa faz sempre as mesmas coisas, sem diversificar minimamente as experiências da sua vida, o seu cérebro vai se acostumar a seguir sempre as mesmas trajetórias, tornando-as cada vez mais fortes. É o que acontece em uma pessoa com transtorno de ansiedade, por exemplo. Ela ativa sempre esse mesmo mecanismo de defesa, que se torna tão forte com o passar do tempo que, em um dado momento, torna-se desproporcional aos acontecimentos, gerando a doença.

A neuroplasticidade é a propriedade cerebral que torna possível que a neurologia, a psiquiatria e a psicologia “refaçam” essas trajetórias dos neurônios, permitindo que caminhos mais saudáveis sejam ativados.

Quais fatores influenciam a neuroplasticidade?

Alguns períodos são particularmente importantes para a neuroplasticidade. Durante a infância, por exemplo, os sistemas neurais estão mais “propensos” a criar novas trajetórias, pois tudo é novo. Em um indivíduo adulto, porém, os circuitos já estão mais consolidados devido à experiência de vida da pessoa, de modo que é um pouco mais difícil alterar essa dinâmica de funcionamento do cérebro — mas não impossível!

Além do fator etário, o próprio estilo de vida da pessoa também tende a aumentar (ou reduzir) o seu poder de neuroplasticidade. Alguns dos hábitos que influenciam positivamente essa dinâmica, por exemplo, são a prática regular de atividade física, a alimentação equilibrada, um padrão de sono apropriado, o hábito da leitura e até mesmo a meditação. Por fim, não podemos nos esquecer da própria motivação, ou seja, da vontade do indivíduo de encontrar uma vida melhor.

Qual a importância da neuroplasticidade para a saúde mental?

A neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade neural, é a base de qualquer tratamento para a mente. A neurologia, a psiquiatria, a fisioterapia e as terapias da psicologia só existem porque os profissionais dessas áreas estão convictos de que o cérebro humano pode alterar as suas trajetórias de neurônios, o que indica que comportamentos podem ser modificados, adaptados e dinamizados em busca de uma vida mais saudável e feliz.

Isso é o que permite que os seres humanos se adaptem a diferentes acontecimentos e a novas circunstâncias, inclusive possibilitando a superação de limitações funcionais impostas por lesões cerebrais — tanto na mente como no corpo. Em outras palavras, quanto mais estimularmos a neuroplasticidade, mais desenvolveremos a nossa capacidade de aprender, de modificar hábitos negativos, de administrar as emoções com inteligência e de superar as adversidades da vida.

6 pilares da neuroplasticidade

Mas o que será que nós podemos fazer para fortalecer a neuroplasticidade? Psicólogos afirmam que há 6 itens-chave para potencializar as nossas capacidades mentais. Conheça-as na sequência!

  • Exercícios físicos: a prática regular de atividade física libera no cérebro neurotransmissores que protegem e potencializam o órgão. Isso aumenta a neuroplasticidade, ampliando as capacidades de memória, aprendizagem, vascularização cerebral e prevenção ao envelhecimento da mente. Até mesmo processos complexos; como Alzheimer, AVCs e depressão; podem ser prevenidos;
  • Novas atividades: como citamos, cada vez que uma pessoa faz uma atividade nova, ela ativa novas cadeias de neurônios. Isso é ótimo, pois o cérebro tende a ativar sempre as mesmas células em quem faz sempre as mesmas coisas, o que limita o potencial desse órgão. Por isso, experimente diferentes atividades, como esportes, instrumentos musicais, canto, leitura, escrita, desenho, pintura, dança, aprendizado de idiomas, cursos diversos etc.;
  • Alimentação saudável: os nutrientes que obtemos dos alimentos compõem toda a estrutura cerebral. Por isso, a sua neuroplasticidade depende também das proteínas, vitaminas e sais minerais obtidos na alimentação. Nesse sentido, o consumo de peixes, frutas e verduras é especialmente positivo para a saúde do cérebro;
  • Sono de qualidade: durante o sono, o cérebro elimina toxinas e reorganiza as células e as informações do dia, o que não ocorre se estivermos acordados. Por isso, é essencial que tenhamos boas noites de sono, em torno de 8 horas, para que o cérebro descanse e permita que novas conexões neurais sejam estabelecidas no novo dia, potencializando a aprendizagem;
  • Meditação: assim como o sono, a meditação é um processo de relaxamento, mas também envolve a atenção focada e a redução do estresse. Esses fatores, em longo prazo, também beneficiam a plasticidade neural, favorecendo a memória e a concentração. A redução do nível de cortisol (o hormônio do estresse) potencializa esse processo;
  • Leitura: por fim, o ato de ler estimula não apenas as habilidades comunicacionais (capacidade de compreender informações, ampliar o vocabulário e internalizar estruturas gramaticais), mas também a criação de expectativas, a capacidade de imaginar e deduzir informações, a velocidade de raciocínio, além de ser uma atividade prazerosa — lembrando que a motivação também estimula a neuroplasticidade.

E você, querida pessoa, tem colocado os hábitos acima em prática? Faça a sua parte para manter a saúde da sua mente, em termos cognitivos e emocionais! Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!