Quando falamos em ordem, é natural pensarmos logo em um conjunto de regras que regem comportamentos e dão forma a papéis de membros de um mesmo grupo ou família. Bert Hellinger afirma que até mesmo quando o caos está estabelecido, a ordem maior é “a hierarquia é a ordem de paz”.
Na abordagem sistêmica, assim como na matemática, quando falamos em ordem, o primeiro sempre será o primeiro, o segundo sempre será o segundo, e assim por diante. Em constelações familiares, no caso dos filhos por exemplo, o primeiro sempre será o primeiro, cada um tem o seu papel e o seu lugar enquanto primogênito ou o caçula.
Segundo a 3º Lei do Amor, as pessoas mais velhas vêm primeiro e os mais novos depois. De acordo com Bert Hellinger, na ordem natural das coisas, quem vem primeiro, é o mais antigo e este deve ter prioridade sobre quem vem depois, ou seja, nos sistemas familiares, os pais têm prioridades sobre os filhos. Os pais são grandes e os filhos pequenos, desse modo, retomamos a segunda lei do amor, os pais dão e os filhos recebem.
A via natural deste processo é que os filhos recebam o amor dos pais da maneira como lhes é dado, e serem gratos. No momento em que a ordem hierárquica é alterada e os filhos reivindicam dos pais além do que eles dão, cria-se um comportamento amargo e os pais passam a agir de forma dura consigo mesmos.
Hellinger observou que quando esta ordem natural é invertida, de modo que os pais se sintam menores que os filhos, seus estados emocionais ficam alterados e isso gera um grande desconforto nos filhos. Este desconforto, por sua vez, é manifestado em forma de sofrimento autoimposto, essa atitude de atribuir a si próprio um direito ou poder, acaba por desenhar no mapa de vida dos filhos caminhos de fracassos, doenças e destinos difíceis.
Em casamentos o mesmo exemplo se aplica. É comum ouvirmos falar em ex marido ou ex esposa, mas não existe ex. O que existe é primeiro marido, segundo, terceiro…
Quando se trata de um segundo casamento, onde no primeiro casamento houve filhos, o fato de o primeiro casamento não ter perpetuado, não anula o fato de que aquele foi o primeiro casamento e aqueles foram os primeiros filhos.
Quando um filho sai de seu papel de filho para assumir o papel de pai ou de mãe no sistema familiar, conflitos acontecem como forma de expor a desordem que está estabelecida. A ordem começa em nossos ancestrais, nos alcança e alcançará nossos descendentes.
É importante ressaltar que o ideal é nunca ignorar o elo existente entre nós e nossos ancestrais. Quando ignoramos, paralisamos e nos sentimos fragilizados diante de nossa história. Isso nos causa sentimento de vazio.
Por sentir esse “vazio”, muitas pessoas buscam conforto emocional em experiências externas, que muitas vezes prejudica sua saúde, como por exemplo, por meio do uso de drogas, cigarro, álcool, entre outros.
Este sentimento se torna um peso que atrapalha o progresso e o caminho para a cura de cada pessoa e de cada história familiar. Ao equilibrar nossas relações com os membros de nossa família, reestabelecemos o fluxo do amor, sentimos alegria e pertencimento àquele lugar que chamamos de lar. Com este sentimento de pertencimento a vida segue seu fluxo e as peças da nossa história voltam a se posicionar cada uma em seu lugar, criando novamente a harmonia que até então havia sido perdida.
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