Como muitos dizem por aí, a única certeza que temos na vida é de que vamos morrer um dia. Pode parecer muito impactante começar um artigo dessa forma, porém, é apenas a realidade. A morte ainda é considerada um grande mistério para muitas pessoas, pois não é possível prever o dia em que ela ocorrerá na vida de cada um. É possível prever o nascimento de uma pessoa, mas dificilmente poderemos prever a morte, mesmo que “os dias de vida” sejam contados e previstos por médicos.
Talvez seja por isso que não nos preparamos para esse momento. Ele simplesmente acontece, assim, como um sopro ou um último suspiro, e já não estaremos mais aqui, no mundo materializado, físico. Por isso, é sempre difícil compreender essa passagem das pessoas, especialmente quando se trata de entes queridos, como amigos e familiares. É aí que entra o conceito de luto.
Neste artigo, vamos entender melhor o que é o luto, por que passamos por ele, quais são as suas fases e como podemos lidar com cada uma delas. Continue a leitura e saiba mais!
Conteúdos
Luto: o que é esse processo tão cheio de sentimentos?
O luto é um processo natural de adaptação emocional e psicológica diante da perda de algo significativo, como uma pessoa querida, um animal de estimação, um emprego, um relacionamento, ou mesmo a perda da saúde ou de um sonho importante. É uma experiência universal e inevitável na vida de qualquer ser humano. Passamos pelo luto porque faz parte do processo de aceitação da perda, de lidar com a dor emocional e buscar maneiras de seguir em frente.
Para quem fica, o luto é considerado um momento de dor e vazio, como uma despedida forçada e eterna, mas é um processo fundamental para lidar com a perda. Ele ocorre não apenas pela ausência de uma pessoa a quem estimamos, mas também pela perda do emprego, da carreira, dos relacionamentos, e por aí vai. Que fique bem claro que o artigo não tem a intenção de comparar os tipos de perda, já que são extremamente diferentes.
O processo de luto é único e individual para cada pessoa, e não existe uma forma “certa” ou “errada” de passar por ele. Cada um tem a sua própria maneira de lidar com a dor e com as emoções que surgem após a perda. É importante lembrar que esse processo não tem um prazo definido e que pode ser longo e doloroso, mas que, com o tempo, é possível encontrar um novo sentido e significado na vida.
O luto é sempre igual?
O processo de luto se dá para qualquer animal, humanos e animais irracionais. A diferença está na forma como os sentimentos acontecem, pois, geralmente, o luto vem acompanhado por tristeza, revolta, culpa, susto, choque, solidão, ausência, desamparo, mas também de sensações como alívio e emancipação.
Esses sentimentos podem se refletir em vários sintomas físicos e emocionais, tais como: aperto no peito, dor de estômago, nó na garganta, falta de ar, perda de energia, tristeza profunda e isolamento. Ainda existem as consequências mais severas, como o início de uma doença, como a depressão ou o transtorno bipolar. Tudo isso depende de cada indivíduo, considerando a sua genética e o seu histórico de vida.
O ato de tomar consciência de que nunca mais verá aquela pessoa ou fazer as mesmas atividades e ter os mesmos momentos pode levar uma pessoa a perder também todos os sonhos, projetos e lembranças associadas — ou a ressignificá-los, dando-lhes um novo valor.
Assim como existe o ciclo da vida — que segundo a biologia é nascer, crescer, reproduzir-se e morrer —, existem os ciclos da morte, definidos pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004). A estudiosa conseguiu identificar a reação psíquica de cada paciente em estado terminal e elaborou o Modelo Kübler-Ross, que propõe uma descrição de 5 fases (ou estágios) do luto, pelo qual os seres humanos passam ao lidar com a perda, o luto e a tragédia.
Quais são os 5 estágios do luto?
As 5 fases do luto são: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação (NRBDA). Conforme Ross, elas nem sempre ocorrerão nessa ordem e também não têm um prazo preestabelecido para acontecerem, pois depende do tipo de perda e de como cada pessoa reage a ela. No entanto, de acordo com a estudiosa, uma pessoa sempre apresentará ao menos 2 dessas fases, também consideradas estágios. Conheça-os melhor a seguir.
1º estágio: negação
Essa é a primeira e mais dolorida fase. É também considerado o estágio do isolamento, pois a pessoa pode não querer falar sobre o assunto e se afastar. É o momento dos questionamentos e do famoso “e se”. Nessa hora, parece impossível lidar com a perda ou mesmo acreditar no que aconteceu. Esse período é considerado um mecanismo de defesa temporário do ego, contra a dor psíquica, diante da morte.
Aqui, a dor normalmente não persiste por muito tempo, sendo logo substituída por uma aceitação parcial. É importante lembrar que isso varia de pessoa para pessoa, pois depende da intensidade do sofrimento de cada um e de como elas são capazes de lidar com a dor. Durante a transição desse estágio para o próximo, é comum a pessoa falar sobre a situação em um momento e, de repente, negá-la completamente.
2º estágio: raiva
Esse é o período da revolta, da rebeldia, do descontrole emocional e dos ressentimentos. É agora que a pessoa se sente injustiçada e inconformada com a perda, pelo fato de o ego não conseguir manter a negação e o isolamento. É a fase de perguntas, como “por que isso aconteceu comigo?”, “com tanta gente ruim para morrer, por que eu, que sempre fiz o bem, perdi a pessoa a quem mais amo?”.
Nesse momento, é muito difícil que a maioria dos indivíduos consiga manter um relacionamento de qualquer natureza. O ato de se relacionar com outro ser humano se torna problemático devido ao caos e à hostilidade que a revolta traz ao ambiente. É importante que quem esteja em volta compreenda que a pessoa não está simplesmente “difícil”. Está tomada por emoções, com a racionalidade em segundo plano.
É essencial lembrar que a angústia é transformada em raiva, pois a pessoa sente que as suas atividades de vida foram interrompidas pela doença, morte ou outro tipo de perda. Sabemos que não é fácil lidar com quem está nesse período, porém, isso vai mostrar quem realmente é leal e está disponível para ajudar.
3º estágio: barganha
Esse estágio também é conhecido como negociação da dor pela perda, pois a negação e o isolamento foram deixados de lado, e a pessoa percebe que a raiva não resolveu. Então, começa a “barganha” com ela mesma. São reflexões como: “vou ser uma pessoa melhor”, “serei mais gentil e simpático com as pessoas”, “terei uma vida saudável”, e por aí vai, na esperança de que eventos traumáticos não se repitam.
Nesse estágio, uma pessoa que, por exemplo, está passando por uma doença que a mantém impossibilitada de continuar as suas atividades, começa a ficar mais serena, reflexiva e humilde. Se a saúde dessa pessoa não se restabelece, mesmo tendo “barganhado” consigo mesma, ela passa a utilizar inconscientemente outros recursos, tais como pactos, promessas, sacrifícios e acordos para que tudo volte ao normal.
4º estágio: depressão
Esse é o momento em que o indivíduo toma consciência do que perdeu e que não há como “voltar atrás”. É o momento em que “a ficha cai”. Algumas pessoas demoram décadas para sair dessa fase, ou nunca vão aceitar a perda. Para quem está na condição de uma doença terminal, por exemplo, é o momento em que já não consegue negar as perspectivas da morte.
Quem está em volta deve ficar mais próximo, pois, nessa etapa, a pessoa em questão se isola totalmente do mundo e do convívio social. Sentimentos de melancolia, desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro e impotência são comuns.
5º estágio: aceitação
Nesse momento, há aceitação da perda, com paz e tranquilidade, pois já não se nega mais, não se revolta e nem se negocia. O estado de depressão foi substituído pela aceitação, mudando a perspectiva e preenchendo o vazio. Para a pessoa que está doente, ela não experimenta mais o desespero e nem nega sua realidade.
É comum que o estado de aceitação venha acompanhado de uma ressignificação do momento vivenciado. A perda ainda é sentida, mas a tristeza se converte em saudade ou em memórias positivas, que já não geram dor.
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Reflexão
Por mais que não entendamos por que as pessoas e as coisas se vão e nunca mais poderemos tê-las de volta ou por que uma doença chega exatamente em nós, mesmo existindo bilhões de pessoas espalhadas pela Terra, o importante é saber que o luto é necessário, e muitas vezes inevitável.
Saber passar por cada estágio e sair dele é um processo que exige muito autoconhecimento e coragem para reagir diante do que aconteceu e tirar grandes aprendizados, o que tende a tornar a vida melhor e com mais propósito e significado.
Valorizar o que temos, enquanto temos e dar importância a cada pessoa à nossa volta são atitudes importantes para continuar existindo. Na maioria das vezes, não será possível reviver todos os momentos plenamente, portanto, é necessário ressignificá-los. A escolha, para isso, depende de cada um de nós e de como reagimos diante de cada situação.
Na vida, assim como na morte, devemos estar preparados para a mudança, para o encerramento de ciclos, e entender a clareza do nosso papel no mundo. Isso é importante para evoluirmos como seres humanos e aproveitarmos ao máximo o que a vida nos oferece — enquanto oferece.
E você, querida pessoa, como lida com o luto? Há mais alguma sabedoria que gostaria de compartilhar conosco? Então, deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!
Negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.
A leitura,nos ajuda muito nessa dor,mas não é o suficiente,mesmo com a magnifica explicaçã.
É um momento que perdemos a empatia das pessoas,que gostariamos ver ao nosso lado,mas por falta da insensibilidade ,muitas das vezes,somos julgados,como o chato e perdemos as pessoas,que mais gostariamos ,estar ao nosso lado,tornando que sentimos,mais fragil,nessa situação ,que não encontramos saida,até que se viva,os estágios ,que não tem forma ,de pular as etapas,nos deixando mais impotentes.Assim que me sinto,nesse abandono intenso,por dentro.