Todos nós temos nossos papéis no mundo e no Psicodrama não é diferente. Os papéis que assumimos não somos nós em essência, mas são representações da vida social da qual nós participamos. Você pode ser um policial e, quando está fardado nas ruas, está vivendo um papel social que exige de você uma performance, porém, aquilo, não “é” você em essência.
Contudo o psicólogo, Jacob Levy Moreno, pai do Psicodrama, afirma que, na verdade, nós, antes de termos nossa consciência individual, já desempenhamos papéis, por isso, eles são estruturas primárias em nossa vida.
Segundo o especialista, nosso “eu” emerge dos papéis, ou seja, antes mesmo de ter a noção de eu, da personalidade, ou de construir a linguagem falada a criança já desempenha papéis No Role Play, o termo “papel” significa um conjunto das várias possibilidades identificatórias do ser humano.
Todos nós temos nossos papéis sociais, mas também podemos representar outros papéis no psicodrama, o que nos permite adentrar e compreender outras representações sociais, outros “lugares”. A teoria dos papéis é o conceito base do que Moreno chamou de “Socionomia”.
Trata-se basicamente do estudo dos papéis e dos vínculos. Está posta a partir do teatro espontâneo, técnica fundamental do psicodrama. Nós desempenhamos papéis o tempo todo. Só o fato de você estar caminhando pela rua te dá um papel: o de pedestre, ou o de observador.
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A Importância dos Papéis no Psicodrama
Os papéis são pré-determinados, com certeza! Mas eles também nascem da espontaneidade. Um papel social pode se manifestar espontaneamente no contato com o outro. Por isso a Socionomia tornou-se também uma ciência das relações: consigo mesmo, com o outro, com a natureza etc.
Na dramatização cotidiana possibilitada pelo role play, como jogo de papéis, os sujeitos que estão envolvidos no processo têm a oportunidade de “ser” o outro, pensar como o outro, ter o ponto de vista do outro. Atuar “na pele” de outras pessoas é a vivência momentânea do processo sistêmico que dá origem ao Coaching, por isso essa atividade é tão forte nas sessões.
Como Funcionam os Papéis no Psicodrama
Na síntese descrita pelo professor Carlos Rubini, grande estudioso e psicodramista brasileiro, o desenvolvimento de um novo papel passa por três fases distintas:
1– A tomada ou adoção do papel (role taking) já pronto e inteiramente estabelecido, podendo o indivíduo apenas imitá-lo a partir de modelos disponíveis. Não permite variação e nenhum grau de liberdade. Cabe à pessoa apenas aceitá-lo, desempenhando-o da maneira já convencionada.
Para Moreno, constitui-se em um produto acabado, conserva de papéis;
2 – O jogo de papéis (role playing) é uma representação ou desempenho que permite certo grau de liberdade. Consiste em lidar com o personagem de forma a explorar simbolicamente suas possibilidades de representação. É um nível consciente de reflexão/representação.
3 – A criação de papéis (role creating) permite alto grau de liberdade, deixando margem à iniciativa pessoal, como no caso do ator espontâneo. Na criação de papéis há mais improviso e, consequentemente, mais carga emocional e possibilidade de reações naturais e verdadeiras diante do drama.
Esses três momentos devem ser levados em consideração por qualquer coach que use dessa técnica em sessões de Coaching Group. Importante ter a consciência de que o role play só começa quando os papeis estão em ação.
Benefícios do Psicodrama
O psicodrama é um método de psicoterapia holístico e baseado em pontos fortes, no qual as pessoas são ajudadas a encenar e explorar situações de sua própria vida, abordando questões que podem estar relacionadas ao passado, presente e futuro. Ele utiliza uma ação dramática para criar um ambiente seguro e de apoio que permita que as pessoas pratiquem papéis e comportamentos novos e mais eficazes. Aos indivíduos é oferecida a oportunidade de se tornarem criativos no desenvolvimento de novas soluções para problemas antigos e cansados. Por mais de meio século, o psicodrama foi identificado como uma das maneiras mais poderosas de tratar pessoas traumatizadas. Ela atinge o coração das pessoas que lidam com as dificuldades cotidianas, as desgraças e as crises da vida. Cada psicodrama, seja em grupo ou em um cenário individual, transmite as realidades ocultas e horríveis de tais vítimas e sobreviventes através da promulgação. Como uma arte de cura, o Psicodrama é uma forma flexível de tratamento experiencial breve que inclui tipicamente em suas sessões um aquecimento, ação, elaboração, fechamento e compartilhamento. Uma variedade de intervenções padrão, como duplicação, espelhamento, inversão de papéis, solilóquio, concretização e maximização são usadas.
Alguns benefícios do psicodrama:
- O psicodrama pode ajudar as pessoas a entender melhor a si mesmas e a sua história;
- Ajuda a resolver perdas e traumas;
- Na superação dos medos
- Melhora suas relações íntimas e sociais;
- Ajuda a expressar e integrar pensamentos e emoções bloqueados;
- Praticar novas habilidades ou se preparar para o futuro;
- Permite a expressão segura de sentimentos fortes e, para aqueles que precisam, a prática de conter emoções;
- À medida que os participantes passam de falando sobre algo, para a ação, surgem oportunidades para curar o passado, esclarecer o presente e imaginar o futuro;
- Oferece uma perspectiva mais ampla sobre problemas individuais e sociais;
- Oportunidade para experimentar novos comportamentos.
Como funciona o psicodrama no trabalho?
O psicodrama compreende várias técnicas para explorar a interação de uma pessoa com outra, a fim de permitir que o profissional explore como essa situação fez a pessoa se sentir e como ela poderia ter sido tratada de maneira diferente. Existem 4 variações principais. Vamos conhecê-las?
Inversão de papéis
Num ambiente de trabalho pode-se criar uma situação – num grupo – onde uma pessoa assume o papel de outra, experimentando o relacionamento através de outra pessoa, ou que pode ajudar a ver as coisas na perspectiva de outra pessoa que pode não ter sido capaz de ver anteriormente.
Espelhamento
Aqui, o funcionário é levado para um lado e outro membro do grupo é convidado a assumir o papel dele e fazer a mesma cena da mesma maneira que o outro fez inicialmente. Dessa maneira, a primeira pessoa pode assistir de longe a uma imagem de “espelho” de si mesmo e como ele se relaciona com o outro. Dessa forma, seu distanciamento pode ajudá-lo a identificar padrões de fala, linguagem corporal ou comportamento que ele pode não ter percebido que estava demonstrando, a fim de identificar áreas problemáticas e se comunicar de maneira diferente da próxima vez.
Modelagem
Aqui, pede-se a outros membros do grupo que assumam o papel daquele funcionário e perguntem como reagiriam à mesma interação com o seu colega. Dessa forma, o funcionário em questão é capaz de observar as diferentes maneiras que cada membro do grupo assume em seu papel, o que pode sugerir melhores maneiras de lidar com as coisas.
Duplicação
Aqui, o funcionário age como ele mesmo, mas ele tem um membro do grupo de pé ao lado dele (como uma espécie de sombra), enquanto ele interage com a pessoa que desempenha o papel do outro colega. Aqui, no entanto, a “sombra” dele tenta agir e falar de uma forma que reflete os sinais que ele está emitindo. Dessa forma, é capaz de identificar sinais não-verbais que ele está emitindo, com os quais ele poderia trabalhar em sua interação real com seu colega.
Em última análise, a terapia psicodramática permite à pessoa ver as coisas a partir de pontos de vista alternativos ou como resultado de estar separado de uma situação particular. Ao fazer isso, permite que a pessoa identifique problemas dos quais ela não tenha tido conhecimento anteriormente e, juntamente com a discussão com o profissional e outros membros do grupo, a pessoa pode muitas vezes chegar à conclusão de que existem maneiras alternativas e melhores de lidar com isso.
Deixe-nos saber, em um comentário, qual foi sua experiência com o psicodrama. Se você tiver alguma dúvida sobre os benefícios de usar o psicodrama em sua prática, ficaremos felizes em receber uma resposta para você!
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