Amor

Mirelle/Shutterstock O Amor tem várias facetas e cada tipo explica os modos de amar do ser humano

Os seres humanos são comumente definidos pelos seus pares como exemplares únicos na natureza de um tipo muito especial e específico: os animais racionais. O uso do plural, nesse caso, é apenas porque somos numerosos, ali pela casa dos 7 bilhões de pessoas, e não porque existem várias subespécies. Aos olhos da biologia, os homo sapiens temos o privilégio de serem donos de uma patente que não pôde ser reproduzida por nenhum outro equivalente na natureza.

Estar dotado do uso da razão, dessa racionalidade que tanto nos define e molda, é o que faz com que a humanidade tenha dado passos importantes ao longo da sua história. É também o que nos permite refletir sobre nossa condição, inclusive através da escrita que você lê agora e que, salvo alguma mudança recente nesse mundo cheio de exotismos, é também de inteira exclusividade dos humanos.

Mas alto lá com essa história da racionalidade! Só mesmo um animal racional como o homem para saber que no fim das contas, algo tão determinante em nós como a razão são os…sentimentos. Por mais que eles pareçam ser o avesso da razão, eles são em igual medida caracterizadores daquilo que nós somos. Para resumir essa miscelânea, basta dizer que o animal racional vem a ser também o mais sentimental dos animais. Confuso, eu sei. Mas a coisa nunca é simples demais quando se trata do ser humano.

E se esses animais racionais somos essencialmente sentimentais, nenhum sentimento há de ser tão marcante e poderoso para toda a humanidade quanto o amor. É ele que mobiliza continentes inteiros em gestos de solidariedade, é ele que faz com que um pai largue o computador abarrotado de trabalho atrasado para simplesmente levar um copo de refrigerante ao filho que assiste desenho animado no sofá. É o amor ainda que faz com que mesmo em tempos de tanto egoísmo as igrejas e cartórios estejam lotados dia após dia para celebrar casamentos de todos os tipos. Foi em nome do amor, ainda ele, que a maioria de nós veio parar nesse mundo, se é que você me entende…

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Amor

O amor é de difícil definição, mas um bom começo pode estar na ideia de que se trata do sentimento dominante, a partir do qual vários outros são irradiados. Frente aos demais sentimentos parece claro que o amor tem um certo protagonismo, roubando a cena e ditando o rumo das relações. Sua abrangência demonstra que há diferentes formas não só de se amar, como também diferentes definições do que é amor.

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Um sentimento tão rico, plural, único e definidor da condição humana não poderia mesmo ter uma única e acabada versão. Ele haveria de ter, por certo, várias subcategorias e especificidades. Claro que amor é amor em qualquer lugar e circunstância, como poderia dizer algum purista ou poeta romântico do século XIX.

Mas em matéria de sentimentos nem todos os gatos são pardos, as diferenças existem e ninguém, afinal de contas, ama a esposa da mesma forma como ama, por exemplo, o próximo na fila do banco. Há diferentes níveis e sutilezas quando o assunto é amor. Por isso, vale a pena definir os diferentes tipos de amor.

Veja meu vídeo e conheça as 5 ordens do amor.

Os 7 Tipos de Amor

 

  • Amor Eros

O Amor Eros se caracteriza como uma forma erótica, próxima do desejo. Na mitologia clássica, Eros era um deus violento, ciumento e egoísta. Essa forma de amor engloba também a característica semelhante à de uma pulsão sexual, e uma vez saciado, esse amor tende a se acalmar e, por fim, se entediar. Essa designação de amor se vê presa a uma contradição, que é a de que uma vez alcançado, o amor se dá por satisfeito. Para Platão, no entanto, essa forma de amor conduz à sabedoria por instigar uma busca pelo conhecimento, e dar vazão à paixão pela descoberta.

Esse amor que clama por ser saciado e vai em busca do seu objeto de desejo pode ser bastante instigando no sentido de nos pôr em movimento, em marcha atrás daquilo que buscamos. A partir dessa perspectiva bem pragmática, podemos encará-lo com a forma de amor mais, digamos assim, coach, no sentido de ser um sentimento que nos move a mirar um ponto no horizonte e fazer de tudo para alcançá-lo.

O amor do tipo Eros tem também um caráter mais sujeito à ação do tempo, isto é, que tem suas feições alteradas com o decorrer das circunstâncias em que ele está imerso. Afinal, o desejo fervoroso, com laivos eróticos, tende, em muitos casos, a ceder a uma outra forma de amor ou a outros sentimentos variados.

  • Amor Philia

 O amor Philia é uma versão mais contida no que tange ao desejo e se traduz na alegria que podemos ter em nossos amigos e na família. O amor Philia alegra exatamente por ser uma gratidão pela existência daqueles que são o alvo dessa forma de amor. Ele é também um estágio maduro de amor, pelo qual todos os casais devem passar para que tenham uma união duradoura.

Como versão mais altruísta, o amor Philia se alegra em doar-se ao outro e não se importa de ter que ceder para atender às vontades do ser amado. Em caso extremo, esse amor se mostra inclusive capaz de renunciar ao ente amado para que ele seja mais feliz de outra forma. Entretanto, o amor Philia está restrito aos que nos seguem, que nos agradam e nos rodeiam e, portanto, é devotado a um número restrito de pessoas.

A amizade, um sentimento tão nobre e até mesmo imprescindível para o nosso, digamos, bem-estar sentimental, é uma cria dessa forma de amor. Aquele sentimento análogo ao amor e que dedicamos aos amigos mais especiais de uma forma que muitas vezes nem os membros da nossa família logram alcançar, descende diretamente do amor Philia, o que só reforça como os tentáculos do amor vão mais longe do que imaginamos.

  • Amor Ágape

Para a nossa terceira forma, dá-se o nome de amor Ágape. Trata-se de um amor criador, mais próximo do ideal cristão segundo o qual devemos amar uns aos outros. Não por acaso os religiosos recorrem a ele como sinônimo de um amor com fundamentos semelhantes àquele pregado por Cristo, de acordo com a tradição cristã.

Esse tipo específico de virtude está inclusive mais próximo do ideal muitas vezes até romantizado do amor incondicional. E é uma modalidade tida como mais da “alma”, um amor ideal, que pouco se atém aos aspectos mais carnais ou físicos.

O amor Ágape tem muito de doação ao outro, devotando-lhe um afeto e um cuidado que independem de circunstâncias específicas. Por isso, se aproxima de uma forma pura de amar, sem vinculação a contrapartidas especiais. Por essa perspectiva, fica mais fácil enxergá-lo, inclusive, como uma forma de amor incondicional, que como o nome mesmo já diz é exercido sem que o amante espere algo em troca.

Embora ele possa se dar entre pessoas que têm um envolvimento afetivo, ele se difere do amor Eros por estar acima da dimensão físico-carnal, com conotações sexuais. Por definição, ele é um amor mais puro, próximo de um ideal de bem-querer afetivo e emocional que se tem com o outro. Quem ama através dessa forma específica de amor é capaz inclusive de uma doação à distância, isto é, sem se beneficiar diretamente do amor dedicado. Isso pode ser compreendido, por exemplo, com o ideal da renúncia à pessoa amada para que ela siga um caminho que se entende como sendo o melhor, mesmo que o preço disso seja o distanciamento do amante.

  • Amor Storge

 Uma forma mais específica e peculiar para o amor devotado aos entes familiares. Essa é uma definição possível do amor Storge. A família constitui um dos elos mais fundamentais que mantemos com o mundo. Nada mais natural, portanto, que uma forma especial de amor para definir o sentimento dominante nessa seara.

A relação com a família, em muitos casos, senão em todos, é marcada por altos e baixos, idas e vindas, brigas e acertos. Provavelmente nunca ninguém te passou tanta raiva quanto seu irmão mais velho, mas por pouquíssimas pessoas você estaria disposto a fazer o que fez ou é capaz de fazer por ele. Essa elasticidade, isto é, a forma com que esse amor pode sofrer reveses e mesmo assim se renovar e se exibir mais forte é uma demonstração de como o amor Storge é sólido.

 

  • Amor Narcisista

No mundo moderno, convencionou-se chamar de amor próprio esse sentimento de autoapreço, de valorização de si mesmo e de afirmação de si frente os olhos e as circunstâncias do mundo. Ninguém em sã consciência há de dizer que isso não seja algo que faz muito bem. Ocorre, contudo, que há uma forma um pouco deturpada desse amor e que se chama de amor narcisista.

A referência para essa forma de amor, claro, é Narciso, o ícone grego de beleza e orgulho. Embevecido por uma autoadmiração sem limites, que fazia com que ele se deleitasse em contemplar seu reflexo na água, o mito da Grécia clássica é a chave para caracterizar essa forma de amor em que o indivíduo se coloca no centro de tudo.

O adepto do amor Narcisista se coloca com o verdadeiro objeto amado. Assim como nem tudo que reluz é ouro, nem todo amor é necessariamente virtuoso e livre de vícios, e está aí essa forma de amor para nos servir de exemplo. O amor Narcisista é um atalho fácil e perigoso para o egoísmo e a vaidade.

 

  • Amor Platônico

 Esta é seguramente a forma mais conhecida de amor. Mesmo que em uma versão exagerada ou popularizada de maneira inadequada, o fato é que o amor platônico é dono de um termo conhecido por todos. Esta forma de amor é conhecida pelo caráter inalcançável do objeto amado.

O divertido sobre essa forma de amor é que além de a mais conhecida, ela é também a mais democrática das formas. Ou vai dizer que a paixão que você manteve a adolescência toda, com direito a pôster no quarto para o ídolo teen, não era amor platônico? Ou quer negar agora que aquela sua amada na faculdade que nunca sequer soube da sua veneração por ela não é mais um exemplo dessa nossa forma de amor?

Além de certa distância que o amante guarda do objeto amado, o amor platônico tem por definição uma idealização excessiva daquele a quem são dirigidos os sentimentos. Por ter um aspecto de quase sonho, pois à primeira vista se trata de algo difícil de ser alcançado, a dimensão em que esta forma de amor opera é bastante ingênua até. Assim como o apaixonado é capaz de nem reparar a espinha no rosto da amada, o amor platônico não raramente exagera na caracterização do seu objeto de admiração.

Podemos dizer que, com uma perspectiva bastante coach para a coisa, que o amor platônico é muito bem-vindo por ser capaz de acender aquela chama interna que nos faz sair em busca dos sonhos. E, sendo ainda mais coach, é preciso acrescentar que o passo fundamental é sair da dimensão platônica e fazer de tudo para alcançar aquilo que tanto se deseja.  

 

  • Amor Mania

Não é raro vermos o amor assumir formas que reputamos como sendo avessas aos bons sentimentos que o amor inspira. Tudo em excesso faz mal e isso não vale apenas para o álcool e a gordura trans, mas inclusive, acredite, para o amor.

As obsessões nascem de uma forma que se assume como amor, mas adquirem uma consistência tão perigosa que chegam ao ponto de poderem ser chamados de tudo, menos de amor. Quem ama tendo como base o amor Mania pode descambar para atitudes possesivas e controladoras para com a pessoa amada, e esse caminho não é exclusividade de pessoas perturbadas emocionalmente apenas. Quando se perde as balizas sobre como amar de maneira saudável, até os mais sensatos são tragados pelos excessos.

O amor Mania se define por uma forma pouco estável de amar, o que abre portas para arroubos e excessos de todo tipo. Em matéria de sentimentos, a ausência de controle ou limites bem definidos é um convite para o destempero e ocupa um espaço tão grande que acaba por expulsar o bom senso, sempre tão imprescindível para tudo.

A forma pela qual o amor Mania se manifesta é relativa, mas quase sempre está atrelada a uma espécie de dependência emocional por parte do amante, que começa a conceber todas suas ações e passos, por mais irrelevantes que sejam; com base na pessoa amada.

Se o excesso é o seu cartão de visitas, é certo que o amor Mania tem como marca certa desmedida na hora de se expressar e de lidar com todos os sentimentos. E para esses casos o que conhecemos como dramalhão mexicano é pouco. Aquele que se vê enredado por essa forma de amor expressa suas emoções de maneira nada dosada e adquire a capacidade de ir de 0 a 100 em questão de segundos.

Essa capacidade de oscilar tanto, aliás, nos faz se lembrar de certa erupção de sentimentos em que as mulheres de maneira geral se tornam em determinado período do mês. Não é a mesma coisa, mas o amor Mania, que é unissex, bem que tem uma versão aproximada nesse exemplo. Mas diferente do que acontece com as mulheres na TPM, os homens não chegam a ter vontade de aguentar.