A frase “Conhece-te a ti mesmo” remete à Grécia antiga, há mais de dois mil anos, e até hoje se mantém uma poderosa frase de reflexão. Essa sentença advém de uma suposta inscrição que existia no templo de Delfos: “gnothi seauton”. Esta máxima foi explorada por Platão em alguns de seus diálogos, através de Sócrates. Em um desses diálogos (Fedro), Sócrates, ao ser indagado sobre a veracidade ou não de um mito, responde que não pode investigar sobre aquilo que lhe é alheio sem antes conhecer-se a si mesmo. O filósofo nos mostra, assim, que o autoconhecimento é sua principal investigação e é um exercício necessário para todos nós.
O autoconhecimento é uma busca interna e pessoal de nossos anseios, desejos, expectativas e sentimentos. Essa busca é um processo contínuo, pois estamos em constante movimento. Quem pratica o autoconhecimento está sempre em torno daquilo que constitui sua própria personalidade, suas virtudes e sua essência mais íntima, ao mesmo tempo que descobre também suas limitações, seus medos e anseios. Não devemos, entretanto, nos espantar com a descoberta de sentimentos que a princípio podem parecer negativos, nem tampouco recuar diante deles. Pois são características também humanas e existem dentro de cada um de nós. E isso não é algo ruim, é algo maravilhoso.
Todos nós temos que lidar e enfrentar esses sentimentos negativos, e é justamente por isso que o autoconhecimento é tão importante. É um poderoso aliado para equilibrar nossas emoções e proporcionar maior domínio sobre nossas ações. O perdão começa dentro de nós mesmos, conforme nos conhecemos de forma cada vez mais aprofundada.
Desenvolver a habilidade de enxergar a si mesmo de forma integral não é tarefa fácil. Você pode estar se perguntando neste momento: “como posso adquirir essa habilidade?”. Infelizmente não existe uma fórmula mágica que faça surgir esse tão desejado conhecimento de uma hora para outra. Como já disse antes, tudo se encontra em movimento, de forma fluida e contínua. Isso faz com que também nós estejamos em constante mudança. Acredito, portanto, que o ponto crucial seja a palavra “busca”.
Fechar os olhos e olhar para dentro de si mesmo, num movimento sincero de busca, faz parte do autoconhecimento. Porém não posso dizer que seja simples assim e pronto. Também faz parte desse processo estar preparado para lidar com nossa luz e com nossa sombra, e com o quanto isso impacta e influencia nossa performance, nossos relacionamentos e nossa felicidade. Pode, sim, ser um processo doloroso às vezes. Pode ser um caminho repleto de pedras e espinhos. Afinal, como disse o pai da Psicanálise, Sigmund Freud, “nada custa tão caro quanto a doença — e a estupidez.”
Eu costumo dizer sempre que mais doloroso do que conhecer seu lado sombra é justamente não o conhecer. Não saber qual caminho seguir, quais coisas fazem você infeliz, não conhecer seus medos e inseguranças, tudo isso pode fazer com que você “adoeça”. E é nosso dever nos protegermos e cuidar bem de nós mesmos e da nossa saúde. Quanto mais nos conhecemos, mais nos curamos e mais nos potencializamos.
Quem cultiva o conhecimento constante de si mesmo descobre também quais são suas potencialidades e quais são seus pontos de melhoria. Dessa forma, vamos nos tornando mais seguros de nossas capacidades. Aprendemos a ser mais resilientes, mais resistentes e também mais flexíveis. Isso porque, quando conhecemos nossas limitações, podemos atuar ativamente para superá-las. Podemos encará-las como desafios a serem superados.
Autoconhecimento é tentar entender o que move as suas ações do dia a dia, o que está por trás dos seus comportamentos, sensações e emoções. É tornar-se responsável por suas atitudes, tanto boas quanto ruins. Quando estamos conscientes de nossos hábitos, não perdemos mais tempo culpando essa ou aquela pessoa, nem determinada situação. Entendemos que somos responsáveis por nossos hábitos e comportamentos quando nos conhecemos bem.
Essa busca por nós mesmos é constante. Nossas crenças mudam e se transformam quanto mais aprendemos sobre nós mesmos. Mas o que são crenças? Uma forma simples de responder a essa pergunta pode ser a seguinte: é tudo aquilo que o indivíduo toma para si com convicção. São processos de pensamentos profundos e na maioria das vezes inconscientes, como veremos a seguir.
Crenças
As crenças são o produto de uma enorme variedade de elementos, que vão desde o meio social em que estamos inseridos, nossa família, amigos, até as normas sociais e também morais que regem nossa sociedade. Desde o momento que nascemos, já se inicia um condicionamento social para vivermos de determinado modo ou de outro, de acordo com as possibilidades que o modo de vida e as crenças de nossos progenitores (ou cuidadores) nos oferecem. É por isso que muitas crenças que possuímos são herdadas diretamente de nossos familiares e pessoas de convívio próximo.
A maneira como pensamos e agimos, nossas ações, medos e expectativas recebem influência direta de amigos, colegas, professores, enfim, de todos aqueles inseridos na mesma sociedade que nós e que estabelecem contato conosco. Atualmente, com o advento da internet e da globalização, às vezes somos influenciados até mesmo por culturas totalmente diferentes, do outro lado do globo!
Gosto de reforçar sempre o poder que nossas crenças têm sobre nós. É um poder muito maior do que às vezes imaginamos ou nos damos conta. Elas têm o poder de influenciar nossa saúde tanto física quanto mental. Elas podem ajudar ou atrapalhar nossa capacidade de adaptação à sociedade em que vivemos, podendo inclusive ser fonte de adoecimento.
Um exemplo bastante comum da importância das crenças nas vidas das pessoas é aquele indivíduo que recebe palavras desencorajadoras e desmotivadoras com grande frequência. Sempre que se propõe a fazer algo, recebe mensagens externas e até mesmo internas de que não é capaz de realizar seu propósito. Existe uma grande possibilidade de que ele de fato não consiga chegar a realizar aquilo que deseja, pois a crença nessas mensagens condiciona o indivíduo inconscientemente a “empacar” e até mesmo desistir diante dos obstáculos que encontra.
A situação é bem diferente quando o indivíduo acredita verdadeiramente que é capaz de realizar determinada tarefa. As chances de esse indivíduo vir de fato a conseguir aquilo a que se propôs são muito maiores. Isso serve para nos ilustrar um dado interessante: as crenças são frutos de nossa imaginação e cognição. Portanto, devemos ser capazes de flexibilizar e moldar nossas crenças da melhor forma possível para obtermos os melhores resultados.
Assim, o autoconhecimento é sem dúvidas um poderoso aliado para entrarmos em contato com essas crenças, através de um profundo conhecimento de nós mesmos. Não é tarefa fácil, mas é uma tarefa possível e ao alcance de todos. O Coaching possui diversas técnicas e ferramentas que podem auxiliar você nesse caminho de autoconhecimento para buscar o que há de melhor dentro de você e ainda ajudar outras pessoas nesse trajeto.
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