Você vai ao nutricionista, contrata um personal trainer, define uma dieta elaborada para todos os dias da semana, cria um programa de exercícios físicos diários, define metas de emagrecimento e… Desiste!

Por que é tão complicado seguir uma dieta e fazer exercícios físicos? Ao mesmo tempo, por que é tão fácil ser sedentário e comer doces? Como sempre, as respostas estão dentro de você. Mais especificamente, no seu cérebro.

Sistemas em conflito

Sair da teoria para a prática é o grande desafio dos projetos de emagrecimento. O grande “vilão” das dietas é o sistema de recompensa imediato: a dopamina, um dos neurotransmissores do prazer que faz você salivar ao ver aquela pizza com borda recheada e queijo derretido.

O córtex cerebral, em contrapartida, é o mecanismo que faz você ponderar e pensar em longo prazo. É ele que faz você resistir à tentação da pizza e focar naquele corpo dos sonhos e numa vida mais saudável.

São dois sistemas em conflito, e parece que a dopamina, ou seja, o sistema de prazer imediato, está vencendo a batalha, não é mesmo? Isso acontece porque, desde a infância, nós acabamos estimulando muito mais esse sistema do que o mecanismo de longo prazo.

Associações emocionais

Comer um bolo ou um pedaço de pizza é, por si só, uma experiência agradável. Mas podemos criar, ao longo da vida, vínculos emocionais ainda mais fortes com determinados alimentos. É o caso de comermos chocolate quando estamos ansiosos ou estressados por algum motivo.

O cérebro pede por esses alimentos numa tentativa de fazer você se sentir melhor, disparando a produção de dopamina. O problema é que, quanto mais disparamos a dopamina, mais o córtex enfraquece. Em outras palavras: quanto mais alimentamos o sistema de prazer e recompensa em curto prazo, mais enfraquecemos o pensamento em longo prazo.

É essa a razão bioquímica pela qual é tão difícil manter a disciplina ao tentar emagrecer e desenvolver hábitos alimentares mais saudáveis.

Como resolver?

Hoje em dia, a área da nutrição tem procurado compreender melhor o funcionamento desses mecanismos cerebrais. Por isso, antes mesmo de seguir uma dieta, é preciso seguir técnicas e mecanismos de mudança de pensamentos e comportamentos, sobretudo ligados às emoções.

A chamada Nutrição Comportamental tem o objetivo de estimular uma alimentação saudável, sem que a pessoa crie vínculos emocionais com o alimento, de modo que consiga administrar suas emoções sem descontar suas frustrações em um comportamento alimentar compulsivo.

Só assim, com uma visão mais ampla sobre a alimentação, será possível que o córtex vença a dopamina e que a visão em longo prazo supere essa ânsia imediatista do prazer em curto prazo.