Nos processos de recrutamento e seleção, as empresas avaliam as competências profissionais dos indivíduos, que consistem nos seus talentos, dons, habilidades, conhecimentos, formações e atitudes referentes ao cargo em questão. Mais do que isso, avaliam também o comportamento e a personalidade do indivíduo para saber se o perfil dele é compatível com a cultura da organização.

Em geral, os processos seletivos mais completos contam com entrevistas e testes de compatibilidade cultural para verificar se o perfil do candidato se “encaixa” no da empresa. No entanto, ainda há organizações que utilizam o teste MBTI para essa finalidade. Mas afinal de contas, que teste é esse? É útil utilizá-lo em um processo de seleção nas empresas? As respostas para essas perguntas você vai conferir no artigo a seguir. Boa leitura!

O que é o teste MBTI?

O teste MBTI é um teste de personalidade que foi desenvolvido por Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers. Estudiosas das teorias de Carl Gustav Jung, elas desenvolveram esse teste ainda na época da Segunda Guerra Mundial.

Esse teste apresenta diferentes versões, mas, basicamente, consiste em uma série de questões de múltipla escolha, que o indivíduo deve responder com base naquilo que ele costuma pensar, sentir e agir.

No teste, são avaliadas 4 variáveis, sendo que cada uma delas apresenta duas opções. Essas variáveis são conhecidas como dicotomias e expressam o jeito de ser do indivíduo. São elas:

  • E (Extrovertidos) x I (Introvertidos)

Os extrovertidos são os indivíduos que recuperam as suas energias a partir do contato com outras pessoas. São ativos e preferem agir primeiro para pensar depois. A sua energia diminui quando estão inativos ou isolados. Já os introvertidos, por sua vez, recuperam as suas energias quando estão sozinhos e tendem a perdê-las facilmente em ambientes com muitas pessoas. Preferem grupos menores. São menos sociáveis e mais reflexivos, gostando de pensar tanto antes como depois de agir.

  • S (Sensoriais) x N (Intuitivos)
PSC

Indivíduos sensoriais são aqueles que confiam naquilo que é palpável, comprovado, concreto. Acreditam naquilo que os seus sentidos detectam. Gostam de fatos bem explicados e detalhados. Precisam de muitas informações e dados para agir. Já as pessoas intuitivas lidam melhor com informações abstratas e teóricas. Conseguem completar lacunas, ler nas entrelinhas, perceber o que não está explícito e fazer associações de ideias. Deduzem com base em conhecimento prévio.

  • T (Racionalistas) x F (Sentimentais)

Os racionalistas são, como o próprio nome sugere, pessoas que pautam as suas atitudes com base no raciocínio lógico, com argumentos racionais. Os sentimentais, por sua vez, tendem a ouvir mais os seus sentimentos do que o pensamento lógico. Isso não quer dizer que um racionalista não tenha sentimentos ou que um sentimental não raciocine. Essa dicotomia apenas revela o traço que domina as decisões do indivíduo, mas não significa que alguém possa ser 100% racional ou 100% sentimental.

  • J (Julgadores) x P (Perceptivos)

Por fim, a última dicotomia revela o estilo de vida das pessoas. Os julgadores são aqueles que tentam controlar as situações da sua vida, sentindo-se mais seguros quando tomam as decisões que precisam ser tomadas. Já os perceptivos tendem a ser mais flexíveis, procurando se adaptar às diferentes circunstâncias. Sentem-se mais seguros deixando as opções em aberto.

Os 16 perfis

Cada indivíduo terá um perfil predominante, com base nas 4 dicotomias apresentadas. Em sequência, elas formam uma sigla de 4 letras que revela o perfil do indivíduo. Na internet, não é difícil encontrar análises bastante completas da personalidade e da forma de pensar e de agir de cada um dos 16 perfis da metodologia MBTI. São eles:

  • ISTJ – o logístico;
  • ISFJ – o defensor;
  • INFJ – o advogado;
  • INTJ – o arquiteto;
  • ISTP – o virtuoso;
  • ISFP – o aventureiro;
  • INFP – o mediador;
  • INTP – o lógico;
  • ESTP – o empresário;
  • ESFP – o animador;
  • ENFP – o ativista;
  • ENTP – o inovador;
  • ESTJ – o executivo;
  • ESFJ – o cônsul;
  • ENFJ – o protagonista;
  • ENTJ – o comandante.

É positivo utilizar esse teste nos processos seletivos?

Os testes de personalidade e de compatibilidade de perfil individual com a cultura organizacional podem até oferecer aos recrutadores uma noção do jeito de ser do candidato, mas eles, como qualquer outra ferramenta, têm as suas limitações.

A primeira delas é que, como qualquer teste psicológico, o MBTI apresenta tendências, e não respostas determinantes. A personalidade de uma pessoa é um todo complexo que não pode e nem deve ser resumido a algumas dezenas de perguntas. É muito simplório dividir a humanidade em 16 perfis e acreditar que a equação está resolvida. Ao contrário, o comportamento humano está longe de ser uma ciência exata. Por isso, o teste apenas oferece noções, e não respostas definitivas.

Além disso, a pessoa que responde ao teste pode fazê-lo enviesado de alguma maneira, dando as respostas que ela queria que fossem verdade, ao invés das que correspondem de fato à sua realidade. Por isso, esse tipo de teste até pode ser um dos vários componentes de um processo seletivo, mas jamais deve ser tomado como o único instrumento de avaliação.

A promoção da diversidade

Além de todas as limitações do teste MBTI que já citamos acima, existe também uma questão complexa que tem preocupado os empreendedores e os gestores de recursos humanos mais recentemente, que é a perda da diversidade de indivíduos nas empresas. Se uma organização demanda sempre um mesmo perfil dos seus colaboradores, pessoas muito parecidas entre si serão contratadas, o que tende a empobrecer as relações de troca.

Você consegue imaginar uma empresa inteira composta apenas por indivíduos extrovertidos? Ou apenas por indivíduos julgadores? Essa postura não é bacana. É da diversidade de comportamentos, visões de mundo e ideias que surgem as melhores ideias no mundo corporativo. É claro que há perfis mais compatíveis com determinados cargos, mas isso é diferente de adotar uma “cartilha” de comportamento para todos os colaboradores que serão contratados pela empresa.

O MBTI pode ser interessante para apontar tendências e para nortear o indivíduo na detecção das suas forças, dos seus pontos de desenvolvimento e até mesmo na gestão do seu plano de carreira. Todavia, ele não deve ser utilizado como um rótulo nos processos seletivos, decidindo quem continua e quem é eliminado. É preciso considerar também outros instrumentos avaliativos para tomar uma decisão mais eficaz, que não acabe com a diversidade da empresa.

E você, ser de luz, conhecia o teste MBTI? Você acha que os testes de personalidade podem ser úteis na seleção de novos colaboradores para as empresas? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!