Existem, atualmente, centenas de redes sociais, das quais bilhões de pessoas são usuárias ativas. Há redes para postar fotos, publicar vídeos, compartilhar notícias, encontrar empregos, seguir celebridades e até marcar um encontro amoroso. Por meio dessas redes, ficamos sabendo de tudo o que acontece nas vidas de nossos amigos e familiares.

As redes sociais são sites de relacionamento e entretenimento. No entanto, é fato que há também aspectos negativos na utilização dessas redes. O uso excessivo delas, principalmente em idades mais delicadas (como a adolescência), pode prejudicar os estudos, o trabalho, os relacionamentos, a autoestima e até mesmo a saúde.

Muitos problemas identificados nos consultórios de psicólogos e psiquiatras têm sido associados à utilização excessiva das redes. Neste artigo, você conferirá alguns desses problemas e sugestões de como fazer um uso mais saudável dessas ferramentas.

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Tristeza e depressão

Alguns estudos conduzidos pela área psiquiátrica têm identificado relações entre o uso excessivo das redes sociais e os sintomas de tristeza e de depressão. Esse processo acontece de uma forma muito complexa, como é a experiência humana em geral.

A questão é que, nessas redes, as pessoas publicam apenas os seus melhores momentos. Selecionam cautelosamente as fotos em que saíram mais bonitas, cercadas de amigos e familiares. Compartilham apenas os momentos felizes, vividos em eventos, festas, passeios e viagens.

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Não há problema em fazem esse tipo de postagem. O problema ocorre quando entramos nessas redes e passamos a acreditar que a vida de todo mundo é maravilhosa e muito mais feliz em comparação com a nossa. Isso pode potencializar sintomas de tristeza e depressão em alguns casos.

Contudo, é preciso lembrar que a vida de todo mundo tem momentos bons e momentos ruins. A questão é que ninguém vai publicar os momentos de briga com o namorado, perda de emprego e dor de barriga, não é mesmo? Portanto, não acredite que a vida dos outros seja um conto de fadas. Todos têm problemas, assim como você.

Baixa autoestima

Como citado anteriormente, as pessoas não publicam qualquer coisa nas redes. Elas selecionam os seus melhores momentos. Isso se refere a: promoções de emprego, declarações de amor, casamentos, nascimento de filhos, viagens, e por aí vai. Além disso, as pessoas sempre pensam cautelosamente naquilo que vão escrever, procurando mostrar a sua inteligência e a sua capacidade crítica acerca dos acontecimentos do mundo.

Além dessa postura intelectual, as redes também são uma verdadeira feira de vaidades. Mulheres fazem de tudo para parecerem mais jovens, magras e bronzeadas. Maquiagens, efeitos especiais e filtros são usados e abusados. Já os homens fazem de tudo para parecerem mais fortes e musculosos, quase sempre tendo a academia como plano de fundo.

Nesse cenário, quando uma pessoa entra na rede social, ela pode ter a sensação de que todo mundo que ali está é mais inteligente, mais bem-sucedido na carreira, mais bonito, mais realizado, mais sexy e mais feliz. A verdade, porém, é que esse excesso de seleção de imagens e conteúdos não mostra quem as pessoas são de verdade. São máscaras de autoafirmação e de autopromoção, mas que, em grande parte dos casos, denunciam problemas de autoestima.

Cyberbullying e transtornos de imagem

Especialmente na adolescência, os indivíduos ainda estão aprendendo a construir a sua autoestima, ao mesmo tempo em que lidam com as alterações físicas e psicológicas que caracterizam essa fase. Nesse momento delicado, os jovens começam a ter contato com a mídia e com os padrões estéticos que ela impõe: corpos magros ou musculosos, peles bronzeadas, olhos claros, cabelos lisos, entre outros fatores. Ao mesmo tempo, fazem de tudo para serem aceitos pelos colegas, em busca da sensação de pertencimento a um grupo.

Esse “mundo mágico” fortalece esses padrões, o que pode provocar o sofrimento daqueles indivíduos que estão fora dele. Além de sofrerem por não se enquadrarem nesses “modelos”, essas pessoas também podem sofrer com as provocações de colegas pela internet, o chamado cyberbullying.

O resultado de todos esses fatores é um indivíduo incapaz de enxergar beleza em si mesmo, que pode desenvolver depressão e transtornos de imagem, como: transtorno dismórfico corporal, anorexia, bulimia, vigorexia (obsessão por exercícios físicos e forma física), entre outros.

Dependência e transtornos do sono

Nas pessoas que já utilizam as redes sociais há algum tempo, é comum o comportamento de checar frequentemente o celular para verificar se há alguma notificação. As notificações significam que alguém postou algo interessante, que algum amigo o adicionou, que chegou um e-mail, que uma foto bacana foi publicada ou que aquela celebridade que você acompanha publicou um novo vídeo, por exemplo.

Segundo alguns estudos, quando aparece o ícone e quando toca aquele som de nova notificação, o cérebro dispara a produção de dopamina, um neurotransmissor associado à sensação de prazer, pois pensa: “Que bacana! Alguém curtiu a minha foto, deve me achar bonito!” ou “Curtiram o meu comentário, acho que fui inteligente!”.

Há dois problemas com esse mecanismo. O primeiro deles é que ele estimula as pessoas a dependerem cada vez mais da aprovação dos outros para que se sintam bonitos e/ou inteligentes. Mas será mesmo que a quantidade de curtidas em um post é de fato um indicativo de que eu sou atraente, engraçado ou perspicaz?

O segundo problema é que, quando ficamos algum tempo sem receber essas notificações, o nível desses neurotransmissores de prazer tende a cair, levando a um sentimento de tristeza ou de ansiedade. Para combater esse problema, as pessoas ficam cada vez mais apegadas aos seus celulares, checando as notificações a todo instante. Pronto: está instalada uma dependência digital.

Segundo profissionais da saúde, essa dependência pode fazer com que seja difícil que a pessoa fique um tempo sem pegar no celular, muitas vezes passando a noite em claro, sem conseguir desligar o aparelho. Além disso, a própria luz da tela do celular pode provocar insônia quando as pessoas o utilizam excessivamente durante a noite.

Descuidos com a vida real

Se uma pessoa utiliza excessivamente as redes sociais, ela pode acabar por dar tanta atenção ao mundo digital que se esquece do que acontece na vida real. Você já percebeu o quanto as pessoas procrastinam a realização das suas tarefas (em casa, no trabalho ou na escola) porque passam boa parte do tempo no celular? Sabia que já houve até mesmo o registro de acidentes de trânsito provocados por esse vício?

Além disso, é fato que quem passa muito tempo olhando para a tela do celular deixa de aproveitar o que de fato ocorre no mundo. Existem pessoas tão preocupadas em registrar e postar os momentos, que se esquecem de vivê-los. Não aproveitam os passeios, as viagens, os pores do sol, os shows, as reuniões em família, os programas com os amigos. Até mesmo as relações amorosas podem esfriar porque o casal passa mais tempo nas redes sociais do que conversando e convivendo um com o outro.

Proibir é a solução?

O uso em demasia das redes sociais pode provocar transtornos emocionais, transtornos de imagem, baixa autoestima, dependência e descuidos com a vida real — trabalho, estudos, família, amigos, relacionamentos etc. Em meio a tantas desvantagens, talvez você esteja chegando à conclusão de que o melhor a se fazer é abandonar por completo, ou mesmo proibir as redes sociais.

Não precisamos, porém, chegar a soluções extremas. As redes sociais também têm as suas vantagens, pois podem oferecer alguma distração e interações com pessoas que estão longe. Podem até mesmo ajudar as pessoas a compartilhar informações e experiências, bem como a fazer novas amizades. O que se pode fazer para melhorar essa experiência é dosá-la.

Portanto, defina uma hora do dia para acessar essas redes, de modo que você não fique o dia inteiro dependente do celular e prejudicando a execução das suas atividades. Uma boa dica pode ser desativar as notificações no celular.

Para pais que tem filhos ativos nas redes sociais, é preciso estimular esse mesmo comportamento neles. Devem explicar que há questões de privacidade que precisam ser mantidas e que deve haver horários específicos para acessar essas redes. É importante saber de quais redes eles participam, que tipo de conteúdo consomem e com quem interagem, por questão de segurança. No entanto, é necessário ensiná-los também que existem outras formas de se divertir na vida real, fora da web: encontrar-se pessoalmente com os amigos, praticar esportes, fazer um passeio, e por aí vai.

Por fim, lembre-se de que aquilo que as pessoas postam na web é uma idealização da vida, que é bem diferente na realidade. Ninguém vive lindo, magro e cercado de amigos em Nova York o tempo todo. Todos nós temos problemas, momentos difíceis, situações desagradáveis. A sua vida não é melhor nem pior do que a de ninguém. Não se compare com os outros, principalmente tomando as redes sociais como base. Elas são ilusórias!

Como é possível perceber, as redes sociais não podem ser endeusadas, mas também não precisam ser demonizadas. Tudo é uma questão de conhecê-las e de fazer um uso equilibrado delas. Contudo, se você perceber que elas estão provocando algum dos problemas aqui citados, dê um tempo e, se necessário, procure ajuda profissional.

Que as dicas deste artigo possam permitir que você seja feliz dentro e fora da web! Se você gostou dele, deixe o seu comentário no espaço abaixo. Além disso, que tal compartilhar este texto com aqueles amigos que parecem estar viciados nas redes? Até a próxima!

Imagem: Por DisobeyArt