Você sabia que a obesidade tem sido cada vez mais associada a sintomas depressivos? Pois é, muitos impulsos alimentares têm origem em emoções mal resolvidas.

Na hora de escolher os alimentos e se alimentar, a seleção de opções mais saudáveis, em quantidades proporcionais às necessidades do organismo, nem sempre ocorre. Isso acontece quando o lado emocional do cérebro se sobrepõe ao lado racional, o que nos leva a escolher os alimentos de que gostamos mais, em detrimentos daqueles de melhor teor nutricional.

Nutrição comportamental

A nutrição clássica por muito tempo esteve limitada em compreender a dieta atual do paciente, estabelecer objetivos e recomendar uma nova dieta, associada aos nutrientes de que o indivíduo estivesse precisando, sempre nas doses adequadas.

No entanto, os estudos realizados, com o passar dos anos, cada vez mais apontaram para a importância também da compreensão emocional do indivíduo. Suas escolhas alimentares estão fortemente associadas às emoções do momento e aos hábitos que constrói em decorrência disso. Essa compreensão mais ampla tem sido chamada de nutrição comportamental.

Do cérebro ao estômago

O sistema dopaminérgico, como o nome diz, é o responsável pela liberação de dopamina, uma substância associada ao prazer. Quando comemos um alimento de que gostamos, geralmente aqueles mais ricos em gorduras ou carboidratos, esse sistema é ativado e sentimos um grande prazer.

Até aí, sem grandes problemas. A situação fica mais grave quando as pessoas estão utilizando esses alimentos de sua preferência numa tentativa de amenizar os efeitos de emoções negativas.

Quando a dopamina ou outras substâncias do sistema de prazer estão em baixa, o que pode significar um problema de ordem emocional, a pessoa tenta compensar esses sentimentos ruins com comida.

Resultado: a pessoa passa a escolher os alimentos exclusivamente por seu gosto, podendo, inclusive, alimentar-se em quantidades exageradas. Ignorando os alimentos mais saudáveis e ricos em nutrientes, o indivíduo começa a ganhar peso, encontrar dificuldade em emagrecer e sentir-se mais frustrado, completando um círculo vicioso e muito prejudicial.

Um novo cenário para a nutrição

Esse impacto emocional sobre os comportamentos alimentares tem revolucionado o universo da nutrição. Os profissionais da área continuam identificando os hábitos alimentares nocivos e recomendando dietas que correspondam mais adequadamente às reais necessidades nutricionais do paciente.

No entanto, seguir uma dieta pode ser um caminho muito doloroso se o indivíduo não conseguir trabalhar suas lacunas emocionais antes disso. Se seu circuito dopaminérgico não estiver em equilíbrio, conter os impulsos alimentares será muito difícil.

Por isso, a nutrição comportamental promove uma grande reflexão emocional, com proposta de mudanças de comportamentos, e não apenas de dietas. Compreendendo as raízes de seus problemas emocionais, fica mais fácil que a pessoa entenda que os alimentos, por prazerosos que sejam, não resolvem questões mais profundas.

Assim, passada essa questão psicológica, o individuo enfim conseguirá, de modo mais racional, alimentar-se adequadamente, moderando o consumo daqueles alimentos que, embora mais gostosos, não são tão saudáveis.