Estamos, nesse momento, passando por uma situação atípica, mas, várias vezes em nossa vida, passamos por uma crise. Eu não sei a sua idade, mas talvez você possa ter passado por mais ou menos crises que eu. Eu já tive três grandes crises financeiras e, com muito aprendizado, consegui hoje construir uma empresa sólida e bem-sucedida.

Logo quando uma crise acontece aparecem também diversas pessoas que apresentam soluções. Um fala sobre como conseguir mais dinheiro, o outro ensina exercícios e técnicas para a saúde mental e assim diversas pessoas vão dando mais soluções. Mas há uma observação muito importante: estas buscas rápidas pela eliminação da crise é algo que não lida com a doença, e sim com os sintomas.

Quando digo lidar com a doença e não com os sintomas quero dizer que é preciso entender a natureza da crise (se ela é social, política ou, como nesse caso, uma pandemia) e agir conforme o cenário. É claro que os efeitos da crise também precisam ser combatidos, mas combater apenas os efeitos não nos deixa preparados para novos cenários no futuro.

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O que é Resiliência Corporativa

O que chamo de Resiliência Corporativa está ligado a um movimento de compreender, suportar e transcender a crise.  Veja:

  1. Compreender: quando ficamos sabendo que uma crise econômica atingiu o país e que a bolsa de valores caiu 15% ou que o governo está fechando investimentos futuros por causa de um crescimento que não ocorreu ou uma pandemia vai fechar todos os comércios por tempo indeterminado, isso gera um choque. Ficamos paralisados, estáticos, sem saber se agimos com foco para determinada ação ou se vamos para outra ação, é essa a primeira fase. Esse choque exige de nós uma compreensão do cenário.
  2. Suportar: No segundo momento, depois compreender que a crise existe e é real, vivemos a crise. Já estamos sabendo o que está acontecendo, diariamente vamos sendo informados do que acontece e assim tentando ter o mínimo de danos ou prejuízos para nossa empresa. Suportar a crise quer dizer sobreviver a ela. Isso exige muito jogo tático, ou seja, muitas estratégias do dia a dia, sobrevivendo e suportando as perdas. Muitos sucumbem, por não ter reservas ou jogo de cintura para sobreviver, até porque nunca se sabe quanto tempo a crise durará.
  3. Refazer: Se a empresa conseguir suportar a crise pelo tempo que ela durar, ela entra na fase de reconstrução. Nesta fase a crise já está passando. A recuperação deve começar antes do fim de uma crise. A reconstrução exige refazer o caixa, refazer a equipe perdida, reconquistar mercado, se reposicionar. É nesta fase que saberemos o nível de resiliência de uma empresa, a partir de como ela se refaz, analisando os danos que ela sofreu no período crítico.

 

O empreendedor, já por escolher essa profissão, esse ramo para atuar, é alguém com muita coragem. Ser empreendedor é entregar para sociedade soluções, gerar renda para economia nacional, gerar empregos. É do nosso empreendedorismo que o Brasil pode sair da crise de maneira excelente. Do nosso suor e do suor da nossa equipe.

Crise é algo que todo o empreendedor enfrenta. São 2 até 5 anos para que a empresa possa se solidificar no mercado. Após isso tem toda um mercado em constante adaptação, novas formas de conversar com cliente, de comunicação em marketing, entre outras tantas questões.

Em uma crise, como a que estamos passando, o empreendedor precisa de mais força, raça e muita paciência, criatividade e sabedoria para não ser um daqueles que ficarão para trás. É hora de ser forte, mostrar que está capacitado para continuar o caminho ao estado desejado. Por isso, selecionamos 7 ações para o empreendedor atravessar a crise e ainda ter lucro na sua empresa.

7 ações para o empreendedor atravessar a crise

  1. Atente-se ao cliente

Atualmente você sabe quem é o seu cliente? Qual a sua persona? O motivo dele ir até você e comprar ou contratar você pelo que você faz/oferece? Estas são informações importantes que o empreendedor precisa saber para em uma situação de crise entender como o cliente, na crise e pós crise, continuará consumindo.

Se na situação de crise o cliente parece que não quer mais o seu produto, isso acontece por não ter um pequeno ajuste que precisa ser feito dentro do seu negócio. A sua empresa, o que você oferece ao cliente, não é o produto ou o negócio, isso não define você. O que define é a necessidade do cliente.

O que o cliente precisa nesse momento? Como você pode atender a essa necessidade? Você precisa modificar algo no seu negócio para atendê-lo? Como fazer isso no menor tempo?

  1. Ofereça Experiências

Em uma crise o principal pensamento é como sair dela. Este pensamento não é apenas seu, empreendedor, mas também do cliente. Por isso, o seu cliente pretende por um tempo apenas comprar itens essenciais como comida e medicamentos. Mas, aqueles itens que não são essenciais, como viagens e festas fazem falta.

Estes são produtos que geram uma experiência emocional no cliente. Isso pode continuar sendo gerado para o seu cliente pela sua empresa em momentos de crise. Se nesse momento ele precisa de uma experiência de segurança, ofereça! Se ele precisa de uma experiência de acolhimento, ofereça!

  1. Observe as oportunidades

Já ouviu a frase “É na crise que as oportunidades aparecem”? Bom, talvez você esteja escutando cada vez mais esta frase nesta época de crise. Mas já pensou como essa frase faz sentido? Realmente é na crise que a oportunidade surge.

Oportunidade de observar um espaço no mercado que ninguém ainda, não investiu e pode ser a chance da sua empresa crescer dentro da crise. Você pode estar com a sua empresa de braços cruzados no momento ou falando que não encontra uma possibilidade do seu negócio faturar dentro da crise, mas aquilo que não é possível, é apenas porque não temos conhecimento. O conhecimento é a melhor forma de tornar tudo possível.

Algumas empresas de supermercado, restaurantes e farmácias nos Estados Unidos estão utilizando o drive thru para não ter custo de delivery e ainda ter lucro em meio à crise. O cliente escolhe por meio do whatsapp, utilizando aplicativos como Ifood ou Rappi ou falando diretamente com a empresa, avisa o que deseja e em alguns minutos passa na unidade perto da sua casa e retira o pedido. Sem precisar ter contato com pessoas e ainda se sentindo como antes da quarentena, saindo de casa e buscando o que quer. Algo importante para saúde mental, nestes tempos.

Outra opção é utilizar a tecnologia como aliada. Já pensou que o seu negócio pode ir além de um aplicativo ou de mensagens pelo whatsapp? Pense fora da caixa, busque – dentro do seu modelo de mercado – meios de conectar outros modelos de mercados. Somar mercados.

  1. Oferta UAU!!

Primeiramente peço que não pense em promoção. Oferta é diferente de promoção. A oferta é o modo que oferecemos o produto/serviço ao nosso cliente. Um pacote de produto ou o famoso combo, por exemplo. Sendo que este combo pode reunir o produto de diversas maneiras.

Neste combo é importante que você saiba o que seu cliente procura, o que ele gosta, quais são os produtos que mais saem da sua empresa, quais serviços são mais utilizados e os melhores que podem ser agrupados, para que o combo faça sentido.

A oferta ela deve servir como um convite, uma proposta que o seu cliente não possa resistir. Vão ter tantas coisas interessantes, produtos que se completam, que o seu cliente adquiri pela conquista que está sendo sua oferta e não apenas pelo preço. Veja 3 tipos de criar ofertas interessantes.

  1. Combo impactante: Como fazer uma oferta UAU? Podemos pensar em um coach. O combo de um coach pode ser o processo de Coaching mais uma consultoria de inteligência emocional voltado para o mercado que o seu cliente atua ou na profissão dele.

Como você faria isso dentro da sua empresa? Se você não vende um serviço e sim um produto, qual seria o seu um combo UAU?

  1. Desafio/Fidelidade: Você já deve ter visto em alguns restaurantes pelo Brasil ou em outros países aqueles desafios de comida. Se o cliente conseguir comer algo que está no desafio, ele ganha alguma coisa ou até não paga pelo prato.

O desafio tem a função do cliente não vencendo o desafio, ele retorna para tentar novamente. Isso gera publicações nas redes sociais, levando outras pessoas para o seu estabelecimento, mas é possível também utilizar os cartões fidelidade.

  1. Poder confiar: Talvez não seja da sua época ou talvez você tenha vivenciado isso de perto. Tempos atrás algumas empresas de fast food, para mostrar que era realmente rápida na produção do produto e entrega, tinha uma “espécie” de promoção: “se o produto não for entregue em 15min, seu pedido será de graça”. Isso fazia com que muitos clientes pedissem o produto e torciam para possivelmente não ter que pagar, o que gerava muito lucro para a empresa.

Essa “promoção” pode ser utilizada para o seu negócio atualmente ou você pode utilizar um contrato de fidelidade, se o cliente precisar fazer manutenção em um aparelho dental, se atua no mercado de odontologia ou se atua em estética a manutenção pode ser nos cabelos, nas unhas. O cliente paga o valor total na primeira vez, mas depois paga valores menores, como se fosse uma assinatura para sempre retornar para seu negócio. O que isso gera?

Confiança ao cliente. O cliente se sente seguro que você fará um serviço de ótima qualidade, pois a manutenção será na sua empresa, o seu empreendimento vai entregar naquele tempo determinado.

  1. Desenvolva a Plasticidade

Já pensou que possivelmente muitos empregos não vão mais existir após esta crise? Que pessoas vão ter que se reinventar? E não apenas pessoas, mas empresas? Isso é sinal de que o mercado está recebendo uma “sacudida” pela crise e poucos vão continuar de pé.

Significa que algumas empresas podem desaparecer, alguns modelos de mercados, empregos podem desaparecer por não se adequarem ao comportamento do cliente e até novos nichos vão surgir. Será que você vai conseguir adaptar o seu produto nesse momento? Pode achar que não, mas isso é uma crença que está limitando o seu olhar. As necessidades ainda existem, só foram criadas novas formas de resolve-las.

Existem diversos produtos que hoje utilizamos que antigamente a distribuição ou a forma de consumir era diferente. Talvez você não saiba, mas em algumas cidades ou bairros em São Paulo, pessoas entregavam pães em bicicletas todas as manhãs e fins de tarde.

Pense hoje no seu modelo de negócio, já parou para pensar como era antes? Livros não eram digitais, hoje livros já se tornam apenas áudios. Filmes não podiam ser vistos em celulares, hoje podem. O que está para acontecer dentro do seu nicho que você pode descobrir? Isso é o conceito de plasticidade. Já reparou que pode se fazer quase tudo com o plástico? Poucos materiais são adaptativos e versáteis. Após várias crises, os produtos continuam sendo utilizados e sendo vendidos empresas. Esse é o conceito plasticidade. Se adaptar ao mercado, ao cliente e ao contexto de mudança e inovação.

  1. Gere novas Conexões

Sua empresa pode ser engajada, ter clientes fidelizados, mas em momentos de crise existe a possibilidade de alguns clientes não aparecerem mais, ter o consumo menor e assim não adquirirem o que você oferece para ele. O que fazer? Se conectar, se (re)aproximar, dizer “eu estou aqui, conte comigo.”

Normalmente em uma crise não queremos comprar, gastar dinheiro, pois o incerto é um sentimento forte. A atenção das pessoas está na crise, está nos acontecimentos que ela pode gerar, certo? E como faço para o meu cliente saber que eu não sou uma ameaça para ele, que quero o seu melhor? Conectando, você até ele.

Aproximar o cliente da sua empresa, do seu produto, faz ele perder o medo de comprar diante da crise, faz ele se sentir acolhido em momento de crise. Na crise temos a necessidade de carinho, de atenção, porque estamos todos sem saber o que vai acontecer adiante e ter essa atenção da empresa que compro, que utilizo os serviços é importante.

  1. Mantenha o Controle

É difícil falar em controle quando estamos passando por uma crise. Muita coisa não temos controle sobre nossas vidas em momentos mais estáveis, imagina quando estamos passando por algo que a cada dia parece que está mais difícil. É assim mesmo.

Para crescer, para se tornar mais forte, precisamos passar por algo desta maneira. Falo pensando em mercado, em negócios… não nas pessoas que estão sofrendo e perdendo entes queridos.

O seu mercado pode sofrer alterações fortes, o do seu amigo, o meu mercado e precisamos buscar e focar naquilo que temos controle. E o que é? Nas nossas ações dia a dia. Passando positividade aos nossos clientes, aos nossos seguidores. Aplicando as 7 ações para atravessar a crise. Assim, podemos nos tornar mais forte, nossos empreendimentos serem admiráveis por estar de pé após a crise e ter a capacidade para reconstruir a história do país, reconstruir a nossa empresa e também a vida de pessoas, pois somos geradores de empregos.

Focar no que temos controle somos nossas vidas. Foco não é a capacidade de dizer sempre “sim”, mas a força em dizer “não” para algumas coisas. Aquilo que pode tirar a nossa mente do lugar, que pode tirar a nossa estabilidade precisamos dizer “não”. É a busca pelo equilíbrio e foco mental. Indico meditação diariamente, prestar atenção na sua respiração e muita paciência e resiliência.

O seu negócio pode resistir. Precisamos ser flexíveis, conhecer quem consome o que oferecemos, ofertar algo que dê valor aos clientes, ser fortes e não temer o que vem pela frente. Tudo tem um fim e aprendizados aparecem. Qual será o aprendizado para essa crise? O que seremos após? Isso depende do que fazemos no presente, o que fazemos dia a dia. Confie no seu negócio, confie na sua capacidade de ir além.