O self é o centro direcionador da consciência e inconsciência. Especificamente, o self 1 diz respeito ao nosso “eu” julgador, cognitivo, racional, crítico, nosso “eu” diretivo no comando. Ele gerencia nossa consciência, cognição, nossa parte desperta, acordada, real, calculada. Já o self 2 diz respeito à nossa essência, nossa subjetividade, o ser humano em si mesmo. A ele, está ligada nossa mente inconsciente em sua forma natural, que traz consigo todo o potencial que é fornecido ao ser humano, os já conhecidos e os que ainda irão se desenvolver. O self 2 é o centro direcionador da inconsciência, da luz, da transcendência, também da incongruência e da sombra. É a nossa forma mais espontânea, nosso “eu criança” e mais ligado a Deus.

Self 1 e self 2 são duas vozes que temos, o tempo todo, dentro de cada um de nós. Self 1 e self 2 estão sempre em diálogo na mente humana. São uma conversa interna, que, se bem direcionada, pode levar o ser humano a grandes resultados em sua vida. É literalmente um bate-papo que acontece dentro da mente. Uma conversa do ser humano consigo mesmo, uma reflexão entre suas partes internas. Essa conversa interna é algo que, com certeza, acontece com você, como acontece com todas as pessoas, mas, no caso de conhecer os selfs, temos consciência para equilibrar nossas forças, cognitivas e emotivas, racionais e espirituais, sérias e espontâneas.

É bom prestar atenção nessa movimentação das nossas partes de reflexão interna, pois o tempo todo obtemos insights incríveis, sem que nos atentemos a eles ou com medo; isto , se usamos demasiadamente nosso lado racional e abafamos nosso lado intuitivo. Na maioria das pessoas o self 1 é muito mais usado que o self 2, isso torna as pessoas desconectadas de sua essência e focadas em demasia no exterior, nos padrões, em pessoas que não conhecem a si mesmas; raciocinam tanto, que atrofiam a criatividade, a espontaneidade e a felicidade.

Quando nos atentamos a esses diálogos interiores, conseguimos ser mais decisivos, agimos com mais firmeza e mais rapidez. Prestando atenção às atitudes internas, sabendo o que realmente é importante, deixamos de ser boicotados por nossas próprias vozes, passamos por mudanças de comportamento, com certeza, para muito melhor.  

O segredo é reprogramar a voz interior, realizar intervenções positivas e pôr foco sobre os resultados. Isto é, redirecionar a estrutura do pensamento, fazendo projeções futuras do quão maravilhoso vai ser tomar a atitude de mudança. Isto é possível, porque o cérebro não sabe a diferença do que é real ou imaginário. Ele tem as reações químicas ligadas ao pensamento, e não à realidade.

Podemos pespectivar esse processo comunicacional em 3 níveis:

  1. Comunicamo-nos internamente, ouvimos nossa própria voz, ou vozes. É assim que acontece a relação entre nossas “partes”, uma mais racional que quer caminhar um determinado caminho, outra mais intuitiva e destemida que quer caminhar outro caminho.

Essa é a comunicação primária;

  1. Comunicamos-nos com as pessoas à nossa volta. Somos seres sociais; já ouviu dizer que “nenhum homem é uma ilha?” Isso quer dizer que é impossível vivermos isolados. Comunicarmo-nos com as pessoas faz parte da nossa humanidade. Essa é a comunicação secundária;
  2. Por fim, nos comunicamos — no sentido amplo de “comunicação”, que é maior que “diálogo” — com o meio ambiente. Nós nos comunicamos/interagimos com o mundo, mesmo com nações e culturas distantes de nós, nós falamos sobre elas, construímos ideias sobre elas. Nós impactamos o mundo, as pessoas, os ambientes, nossa casa, nossa cidade… Hoje, com a Internet, nossa existência impacta todo o planeta. Aqui, nesta esfera, há também o inconsciente coletivo, o que contaram sobre o que o ser humano é, como nasceu e se comporta. Essa é a comunicação holística.

Nossa comunicação é nossa responsabilidade. Quando dizemos algo, estamos dizendo mais que palavras, estamos dizendo coisas boas ou más, que trazem felicidade ou tristeza, que constroem ou que destroem, de benção ou de maldição. A Palavra de Deus é palavra de salvação. E as suas?  

Na sua comunicação primária, o que você diz a você mesmo quando ninguém está ouvindo? Você se motiva ou se autodestrói?

  • Na sua comunicação secundária, suas palavras são, para as outras pessoas, palavras de benção ou de maldição? Suas palavras acariciam ou ferem as pessoas?
  • E, pela forma como você se comunica com o mundo, você ajuda a construir um mundo melhor ou quer apenas o melhor para você, como se vivesse sozinho neste planeta? Você exerce a comunicação holística?

Self 1 e self 2 não são Deus e o Diabo, como as figuras que aparecem nos desenhos animados, eles são partes de nós mesmos. Somos nós, construindo nosso modo de interagir conosco, com os outros e com o mundo em que vivemos.

Há teorias que ligam o self 1 e o 2 aos hemisférios do cérebro, ao hemisfério mais racional e matemático e ao mais emocional, relacional. Mas sabemos que o cérebro atua, ele todo, de maneira sincronizada, numa simbiose, o que não impede que desenvolvamos mais um grupo de habilidades que outro. Em todo caso, nossas duas partes devem estar integradas,

jamais separadas ou isoladas. Nós somos raciocínio, mas, com certeza, somos também emoção. Somente com o equilíbrio e o desenvolvimento de ambas as partes seremos sujeitos completos e cada vez mais em evolução.  

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