Já virou um hábito no mês de setembro: as empresas fazem posts sobre o tema nas redes sociais, os canais de televisão fazem matérias sobre o assunto, e até mesmo os monumentos da cidade são iluminados na cor amarela para fortalecer a mensagem. “Setembro Amarelo” é uma campanha para conscientizar a população sobre a importância da prevenção ao suicídio.

Além da mídia, também é importante ressaltar que as próprias empresas devem agir no sentido de reforçar a campanha e os seus ideais junto ao seu público interno, ou seja, aos seus próprios colaboradores. O trabalho também é um lugar para falar em saúde da mente. Neste artigo, você vai compreender de que maneira as empresas podem contribuir com a campanha internamente e como o departamento de recursos humanos deve tomar a frente da causa. Boa leitura!

O que é a campanha “Setembro Amarelo”?

A campanha “Setembro Amarelo” foi criada em 2015 e realizada desde então, a partir de uma iniciativa de diversas instituições públicas e privadas, como o Centro de Valorização da Vida — CVV, o Conselho Federal de Medicina — CFM e a Associação Brasileira de Psiquiatria — ABP.

No mesmo modelo de outras campanhas, como o “Outubro Rosa” e o “Novembro Azul”, o “Setembro Amarelo” é um meio de fortalecer ao longo do mês a consciência das pessoas sobre a importância da saúde mental e do combate ao suicídio. A escolha do mês se deu por conta do dia mundial de prevenção ao suicídio, 10 de setembro.

O CVV calcula que, em média, 32 pessoas tirem as suas próprias vidas no Brasil a cada dia. Já no mundo inteiro, estima-se que 1 milhão de pessoas cometam suicídio por ano. Segundo a Organização Mundial da Saúde — OMS, 9 em cada 10 suicídios poderiam ser evitados, se as pessoas reconhecessem os sinais e as intenções do indivíduo que tem essa ideia na mente.

O que as empresas podem fazer nesse sentido?

No estilo de vida contemporâneo, as pessoas dedicam muitas horas do dia ao trabalho, de modo que essa área da vida tem ganhado muita importância. Os problemas de saúde mental quase sempre surgem em um somatório de fatores, o que pode incluir os problemas no ambiente profissional.

PSC

Os problemas de relacionamento no trabalho, a pressão dos chefes e das metas, o excesso de demandas, a falta de descanso adequado, a preocupação excessiva, a competitividade e o medo de não dar conta responsabilidades podem levar uma pessoa a diversos problemas de saúde mental.

Entre eles, os mais comuns são a depressão, os transtornos de ansiedade, o transtorno do pânico e a síndrome de burnout (que é um esgotamento mental especificamente associado ao trabalho). Sem o devido tratamento, esses problemas podem levar uma pessoa à ideia de pôr fim à própria vida.

Como a área de recursos humanos deve se preocupar também com a qualidade de vida das pessoas no trabalho, é fundamental que ela proponha à empresa iniciativas de promoção da saúde mental. Na sequência, você vai conferir algumas dessas ações.

1.Ações de conscientização

A primeira coisa que o RH deve fazer é levar a informação aos colaboradores. Muita gente nem sabe o que é depressão, ansiedade, pânico, suicídio, saúde mental, psicologia, psiquiatria etc. Esses temas ainda são considerados tabus em sociedade, de modo que a pessoa que fala abertamente sobre eles ou que faz um tratamento psiquiátrico ainda é vista como “maluca”, infelizmente.

Sendo assim, posts em redes sociais, artigos em blogs, mensagens na intranet da organização ou via e-mail, materiais impressos distribuídos pela empresa, vídeos, palestras e cursos são as iniciativas iniciais para conscientizar as pessoas da empresa de que o assunto é muito sério.

2. Estímulo ao diálogo

Outra tarefa que o RH deve assumir é estimular o diálogo. As empresas precisam construir um ambiente em que falar e ouvir sejam coisas naturais. Sendo assim, diante de um problema, é essencial que os colegas conversem uns com os outros a fim de resolvê-los. Da mesma maneira, é importante que os líderes sejam acessíveis para ouvir as aflições dos seus liderados e ajudá-los.

Quando todos entram nessa atmosfera de ajuda mútua, de ouvir sem julgar e de ser solidário, todos saem ganhando. Além disso, é importante divulgar pela empresa a importância de combater a fofoca, o bullying, o julgamento e as ações antiéticas. Fatores como esses podem destruir a autoestima e a saúde mental de um colega. Precisamos nos responsabilizar uns pelos outros.

3. Treinamentos para líderes e colaboradores

Os treinamentos corporativos não servem apenas para desenvolver habilidades técnicas, mas também competências comportamentais. Inteligência emocional, escuta ativa, comunicação não violenta, bom relacionamento interpessoal, organização, planejamento e autoconhecimento são fatores que também podem ser treinados na empresa.

Para os líderes, especificamente, é preciso treiná-los a identificar as competências dos seus liderados, comunicar-se de forma clara e objetiva, administrar as emoções, resolver conflitos na equipe, delegar tarefas de modo equilibrado (sem sobrecarregar ninguém) e dar feedbacks de forma empática (pontuando os aspectos positivos e os que podem melhorar, mas sempre com total respeito e consideração pelo funcionário).

4. Ações de qualidade de vida e combate ao estresse

Você sabia que há diversas ações que podem ajudar uma empresa a combater o estresse? Estamos falando das sessões de meditação, das aulas de ginástica laboral, dos cafés da manhã uma vez por mês, dos happy hours, das salas de descanso e descompressão, dos cuidados com o ambiente da empresa (bem ventilado e iluminado) e até mesmo da disposição das mesas de trabalho (que devem favorecer o relacionamento, e não o isolamento).

Há empresas que fazem excursões com colaboradores, que adotam um animalzinho de estimação e que têm jardins internos. São pequenas iniciativas que favorecem a qualidade de vida no trabalho.

5. Parcerias com profissionais da saúde mental

Por fim, é sempre necessário ressaltar que as empresas devem cumprir as suas obrigações trabalhistas básicas, ou seja, oferecer aos colaboradores salários justos, benefícios (vale-refeição e vale-transporte), respeito aos horários de expediente, férias, e por aí vai.

Além dessas obrigações básicas, muitas empresas oferecem convênios médicos e odontológicos, por exemplo. Além deles, é interessante que as instituições façam parcerias com psicólogos, de modo que os seus colaboradores possam ter com quem desabafar, trabalhar as suas angústias e encontrar meios mais funcionais de lidar com elas.

Fique atento aos sinais de alerta!

Para saber se aquele seu colega está com algum problema de saúde mental, fique atento aos sinais a seguir:

  • Excesso de faltas e atrasos;
  • Descuido com a aparência;
  • Oscilações de humor;
  • Alterações em hábitos alimentares;
  • Queda de produtividade no trabalho;
  • Frases de desesperança ou de baixa autoestima, como “não gosto de mim”, “queria desaparecer”, “sou inútil” e “gostaria de sumir”;
  • Isolamento — não querer conversar, participar das confraternizações, interagir nas redes sociais, atender telefonemas, fazer atividades que antes eram prazerosas etc.

A organização também deve ser compreensiva com o colaborador que estiver passando por conflitos pessoais, como doenças, crises financeiras, problemas familiares, mortes de pessoas próximas, e por aí vai.

Além desses aspectos, que precisam ser monitorados pelos colegas, pelos líderes e pelo próprio RH, a empresa também precisa ser extremamente rígida em casos de: mentiras, ações antiéticas, ofensas e humilhações, agressões verbais e físicas, ameaças psicológicas, assédio de qualquer tipo, machismo, abuso de autoridade e discriminações em geral (por raça, por idade, por cargo, por classe social, por orientação sexual, por identidade de gênero, por crenças diversas ou por qualquer outra característica).

Ao tomar os cuidados acima, o RH conseguirá fazer da empresa uma organização verdadeiramente preocupada com a saúde mental dos colaboradores. Ao identificar qualquer problema nesse sentido, é importante explicar que os transtornos do tipo têm tratamento e encaminhar o funcionário a um acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico.

“Setembro Amarelo” é a campanha para conscientizar as pessoas sobre a importância de cuidar da saúde mental e prevenir o suicídio. Contudo, o tema deve ser abordado nas famílias, nas escolas e nas empresas ao longo de todo o ano, com o objetivo de tornar as pessoas mentalmente saudáveis.

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