Conta a história que a Lúcifer era um belo e devotado anjo de Deus. Ao perceber que ele deveria trabalhar para ajudar a criatura (o homem) e não o criador (Deus), ele se rebelou, pois se julgava superior àquela missão. Em punição, caiu dos céus por conta de sua vaidade e perdeu o seu poder angelical.
Não é à toa que a tradição cristã considera a soberba um pecado capital, ou seja, um vício da humanidade. Mas, afinal de contas, o que é a soberba? Por que algumas pessoas exibem esse comportamento? Quais são as suas consequências? Existe algum aspecto positivo nesse vício? Para descobrir as respostas, é só continuar a ler este artigo.
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O que é a soberba?
A soberba é definida como uma autoimagem de superioridade aos outros. Uma pessoa soberba, portanto, considera-se superior aos demais em um ou em vários aspectos da vida. Essa imagem está associada a um ego muito elevado, quase sempre marcado pelas seguintes características: vaidade, arrogância, prepotência, orgulho, presunção e futilidade.
A soberba pode ser entendida também como o oposto da humildade e como sinônimo de orgulho, o que nem sempre tem fundamento. Isso quer dizer que uma pessoa pode ser extremamente soberba, mesmo que ela não seja realmente a melhor em determinado aspecto.
Por isso, algumas pessoas acreditam que os soberbos são apenas os ricos, os bem-sucedidos, os atletas vencedores, os famosos etc. Contudo, mesmo uma pessoa mediana, sem resultados tão expressivos, pode experimentar esse sentimento — fingindo (ou de fato acreditando) que é melhor do que os outros em algo.
O soberbo identifica algum ponto positivo em sua vida e deseja exibi-lo aos outros, como forma de demonstrar a sua força individual. Ele tem o desejo de despertar a inveja e a admiração das pessoas para elevar a sua própria autoestima. Contudo, se ele for superado por outra pessoa, a sua essência competitiva se transforma em inveja, pois ele se sente ameaçado. É aí que a soberba pode desencadear comportamentos vingativos, e até mesmo criminosos, para prejudicar o outro.
Por que algumas pessoas são soberbas?
Ao ler as definições acima, você pode ter se lembrado de figuras históricas, pessoas famosas, ou mesmo indivíduos que fazem ou que fizeram parte da sua vida. Algumas pessoas são naturalmente mais soberbas do que outras. Mas por que isso ocorre?
Acredita-se que o comportamento soberbo tenha origens ainda no homem pré-histórico. Ao se deparar com uma tribo rival, esse indivíduo precisava defender a sua habitação, a sua comunidade, os seus bens. Nem sempre era possível fazer isso por meio da raiva, das demonstrações de força e do confronto físico.
Nesse caso, o homem desenvolveu uma postura de superioridade, sem que de fato ela existisse. Cabeça alta, olhar fixo, peito estufado e ombros para trás: essa era a postura de alguém pronto para o combate e extremamente autoconfiante — mesmo que não fosse verdade!
A soberba, portanto, era um mecanismo de defesa e de sobrevivência por intimidação do inimigo. Isso ajudou a espécie a evoluir, perpetuando esse comportamento por transmissão genética. Há áreas específicas do cérebro, no córtex pré-frontal, associadas ao comportamento soberbo.
Por fim, além das origens genéticas e evolutivas, também é importante ressaltar que há uma importante interferência do meio no desenvolvimento dessa característica. Se, desde a infância, a criança foi criada num ambiente de competitividade alta, ou se não foi ensinada sobre valores de humildade e igualdade, esse perfil soberbo tende a aparecer com mais força e frequência.
Quais as consequências históricas da soberba?
A soberba pode prejudicar consideravelmente os relacionamentos entre as pessoas. Sejam relacionamentos amorosos, amizades ou parcerias profissionais, o fato é que ninguém gosta de conviver com alguém que sente superior aos demais.
Além dessas consequências individuais, a soberba também pode se manifestar em grupos, o que tende a provocar consequências mais graves. É o caso de grupos nacionalistas, elitistas, racistas, corporativistas, xenofóbicos, homofóbicos, sexistas, entre outros. Esses grupos acreditam terem alguma superioridade na sociedade e, por isso, promovem abusos e, por vezes, manifestações de violência.
Atendendo a interesses políticos, econômicos, ideológicos e até religiosos, a soberba coletiva pode provocar conflitos destrutivos entre grupos rivais. A ideia da superioridade da raça ariana na Alemanha, a segregação racial do Apartheid na África do Sul e o sistema de castas da sociedade indiana são exemplos de reivindicações de superioridade por determinados grupos.
Isso quer dizer que a soberba pode provocar desde simples antipatias entre indivíduos que trabalham numa mesma empresa até guerras e mortes entre grupos e nações. Trata-se, portanto, de um comportamento a ser evitado.
Há diferença entre autoestima e soberba?
Muitas pessoas parecem confundir as noções de autoestima e soberba. A autoestima é um sentimento positivo, por meio do qual um indivíduo sente-se feliz com quem é. Essa pessoa pode admirar as suas próprias qualidades e comemorar os resultados positivos que obtém em sua vida.
No caso de uma pessoa soberba, porém, esse sentimento é diferente. A pessoa não apenas admira as suas próprias características, como também acredita ser superior a todos os outros. Uma pessoa com boa autoestima não precisa divulgar aos quatro ventos que é competente e muito menos humilhar alguém para ser feliz. O soberbo, entretanto, estimula a competição, desafia o outro e enxerga nele um adversário a ser superado.
Possivelmente, a única coisa positiva que existe na soberba é a autoconfiança, ou seja, a capacidade que a pessoa tem de se defender de imposições ou ofensas alheias. No entanto, uma pessoa não precisa perder a humildade para conseguir defender os seus direitos e os seus pontos de vista.
Aliás, a pessoa soberba tem, com certa frequência, uma baixa autoestima, já que precisa sentir-se superior aos outros para sentir-se bem consigo mesma. Essa dinâmica parece paradoxal, mas é muito afirmada por psicólogos.
Como ser humilde?
Segundo as tradições cristãs, o pecado da soberba é vencido com a virtude da humildade. Ser humilde não significa rebaixar-se ou humilhar-se diante dos outros, demonstrando uma postura de inferioridade. A humildade consiste apenas em entender que todas as pessoas ou grupos possuem as suas qualidades e os seus pontos que precisam de melhorias.
A vaidade, a ostentação e a necessidade de ser admirado (ou invejado) pelos outros são comportamentos a serem combatidos. Assim, deixe que as suas ações e os seus resultados falem por si mesmos. A atitude atrai holofotes de forma natural, sem que você precise anunciá-la para obter atenção. As pessoas verdadeiramente competentes demonstram as suas qualidades sem ofender ou menosprezar ninguém — e é exatamente isso o que faz com que elas sejam cada vez mais admiradas.
E você, o que pensa sobre a soberba? Conhece outros meios de combatê-la? Enxerga nela algum aspecto positivo, além daquele citado no texto? Deixe o seu comentário no espaço abaixo com a sua opinião. Por fim, não se esqueça de compartilhar este artigo nas suas redes sociais. Dessa forma, você estará levando conteúdo de qualidade a todos os seus amigos, colegas, familiares e a quem mais possa se beneficiar destas informações!