Wakebreakmedia/Shutterstock Entenda como a relação pai e filho pode ser construída com seu respeito, amor e reconhecimento

Esta é uma frase aparentemente simples e óbvia, alguns podem pensar: se sou filho, é claro que eu existo! Mas este artigo traz uma reflexão profunda sobre alguns temas como: afiliação, pertencimento e constelação familiar. Vamos tratar o assunto com a seriedade e a leveza que ele merece.

Ser filho significa fazer parte de determinada família, comunidade, grupo que têm crenças e valores estruturantes. Quando você se conscientiza do que esta afirmação pode fazer em sua vida, tem dentro de si a oportunidade de poder ser feliz.

Agradecer ao universo as boas ações, reconhecer uma ajuda especialmente importante, manifestar sua gratidão aos seus pais, pelas oportunidades ou pelas dificuldades que passou na vida, é entender que sua história não seria a mesma e que você não teria crescido, aprendido e se tornado essa pessoa extraordinária que você é hoje.

Gratidão e Teoria da Maturidade

Ao agradecer por ser filho e existir, como tal, você mostra que alcançou maturidade suficiente para dar um novo significado aos seus desafios, por piores que eles tenham sido, e seguiu em frente ainda mais forte. A Gratidão é um dos sentimentos mais bonitos e verdadeiros que existem, pois representa que alguém doou algo que você muito precisava e que você soube retribuir com seu respeito, amor e reconhecimento.

O quanto você agradece a seus pais por tudo o que fizeram a você durante a vida toda? Winnicott, em sua teoria sobre a maturidade, esclarece que a separação entre mãe e filho é algo extremamente importante para que nós possamos nos entender como seres únicos e iniciemos um processo de individuação.

Ao mencionar a Teoria da Maturidade, encontramos a concepção de “mãe suficientemente boa”. Esta concepção aponta para o fato de que a criança necessita de uma mãe que atenda às necessidades do bebê, tendo em vista que ele ainda não desenvolveu a consciência e recebe esta comunicação como uma forma de amor.

“O que o bebê precisa, e necessita de modo absoluto, não é algum tipo de perfeição de maternidade, mas uma adaptação suficientemente boa, aquela que faz parte de uma relação viva em que a mãe temporariamente se identifica com o seu bebê”, diz o pesquisador.

Positivamente é inovador pensar por outro viés: nossa mãe, nosso pai, foram suficientemente bons; ou bons o suficiente. Isso porque nossa mãe e pai também tiveram seus ambientes de criação e suas mães e pais.

É importante compreender que eles foram bons o quanto possível e o suficiente para sermos quem nós somos hoje. Apartamos-nos de nossa mãe e pai e também da dimensão divina de onde saímos, mas nessa dimensão divina, nossa mãe e nosso pai, continuam em nós. Fazem parte de nós.

Necessidades de Amor e Pertencimento

Ao analisarmos os níveis do processo evolutivo, nos deparamos a “Necessidade de amor e pertencimento” – Relacionamentos, logo no 2º nível, ele faz parte do grupo das necessidades sociais, de comunicação com os outros, das relações pessoais, com amigos, familiares, com nossos parceiros, enfim resume-se à necessidade de interação social.

Quando sentimos reciprocidade no amor, sentimos também que pertencemos a um “local” seguro, que pode ser físico ou no plano das emoções apenas, mas no qual possamos ser compreendidos e aceitos como nós somos e também àquilo que oferecemos aos outros. Assim, é possível construir relacionamentos em que a reciprocidade é a chave para a parceria.

Quando sentimos que nossas necessidades de amor e pertencimento não estão sendo plenamente atendidas, temos a tendência a nos isolar, começamos a nos sentir solitários, depressivos e mais introvertidos, mesmo que sejam atitudes inerentes à nossa vontade. Um sentimento não correspondido traz frustrações e a sensação de que somos insuficientes para nós e para os outros.

Aceitar que “sou filho, logo existo” é ter o poder de mudar este cenário e viver relações positivas, é necessário tomar a iniciativa, as rédeas da própria felicidade, ter atitude e ir à busca do resgate da alma humana daqueles que convivem com você: seus familiares, pais, amigos, enfim de todos que são importantes na sua vida.

Para isso, não é preciso fazer nada descomunal, basta que você seja a sua essência, basta que você se entregue ao outro, crie um ambiente favorável à interação, para que elas nos conheçam melhor e nós possamos nos dar a chance de conhecer um pouco mais sobre o outro, conversando, oferecendo apoio e todo o seu respeito.

Pertencer, Amar e se Relacionar Positivamente

Segundo Abraham Maslow, em sua teoria sobre as necessidades básicas do ser humano, esta conexão consigo e com as pessoas que são importantes para nós, representa uma fonte inesgotável de saciedade da necessidade de amor e pertencimento, já que desta maneira, criamos relacionamentos amorosos profícuos.

A esta altura, você deve estar se questionando: “mas por que isso acontece? Será que nem todas as pessoas nasceram para amar e serem amados? Como fazer para se sentir pertencente?” Cada um de nós age e reage de acordo com nossas experiências de vida, de forma diferente.

Nossos sentimentos e o modo como o Self 2 recebeu os estímulos externos é que vão afetar diretamente o modo como enxergamos e interagimos com os outros. Algumas experiências negativas podem ter prejudicado, em certa medida, o estabelecimento das relações de amor e confiança com os outros, isso nos isola, de certa forma, do mundo.

Desconfiamos, desacreditamos e desmerecemos as pessoas que muitas vezes sem saber o motivo pelo qual agimos dessa maneira. Talvez faça sentido se pensarmos que esta rejeição seja um mecanismo de defesa inconsciente para nos afastar daqueles que nos remete de alguma forma a estas memórias de dor e sofrimento.

Coaching e Constelação Familiar

Para o Coaching, a frase “Sou filho, logo existo!”, significa libertar as amarras das crenças limitantes e passar a acreditar que é possível amar e ser amado, da mesma maneira que se você se sentir desconfortável onde está, é preciso investigar, pois aí deve estar um sinal interior de que você precisa buscar seu próprio lugar no mundo e não apenas se deslocar.

Assim, seu sentimento de pertencimento a um “lugar” na esfera física ou emocional será infinito, pelo simples fato de ser um desejo interno seu estar ali e não porque se sente pressionado por algo ou alguém.

Quando existe a dificuldade de buscar seu “lugar ao sol”, de sentir que pertence, uma alternativa é buscar uma terapia não convencional, voltada para resultados imediatos, chamada “Constelação Familiar”. A constelação sistêmica familiar é um método psicoterapêutico desenvolvido por Bert Hellinger, que trabalha os mecanismos inconscientes do comportamento que influenciam escolhas e ações de um indivíduo em seu cotidiano, ampliando sua percepção de existência e pertencimento.

O objetivo deste método terapêutico é compreender como determinado acontecimento familiar interfere no senso de identidade, propósito e modo de viver do indivíduo. O foco é sempre estabelecer um campo de relacionamentos saudável, a partir da ressignificação, alinhamento energético e equilíbrio do sistema familiar ao qual a pessoa pertence.

Esta abordagem será benéfica, pois dará a você um sentimento de liberdade que lhe permitirá assumir a própria identidade; melhorará significativamente a relação com você mesma e suas conexões; você identificará e será possível eliminar crenças e emoções desnecessárias e improdutivas; terá senso de pertencimento pessoal com o sistema familiar; vivenciará relações familiares fluidas baseadas em amor, respeito e liberdade.

No contexto da evolução constante para o alcance de uma vida plena, a constelação familiar, quando aliada ao Coaching, maximiza significativamente os resultados do desenvolvimento pessoal. Isso porque um dos principais objetivos do Coaching é gerar o autoconhecimento no indivíduo para que ele consiga compreender de forma clara os comportamentos e atitudes que o levarão a conquistar o estado almejado.

Visando um processo de autodesenvolvimento ainda mais efetivo, a constelação ajuda o indivíduo a compreender as origens de seus comportamentos e quais deles são favoráveis ou são prejudiciais nesse processo evolutivo.

Ainda caminhando no processo evolutivo, o sétimo nível das necessidades básicas do ser humano e sua expansão estão ligados a sentimentos como: compaixão, empatia e simpatia, e todas as virtudes que nos foram ensinadas.

Desta forma, tais sentimentos e virtudes só podem ser alcançados uma vez que estamos verdadeiramente satisfazendo todas as nossas outras necessidades.

Na sublimação, estamos em contato com consciência universal, uma conexão universal entre cada um de nós e com a terra na qual vivemos, sentimos que realmente existe uma fraternidade universal: “Sou filho, logo existo!” A parir do momento em que satisfazemos nossas necessidades básicas de saber lidar com o outro, sentimos uma gratificação imediata, mas que é efêmera, e processada no nível consciente.

Quando passamos para o atendimento de necessidades superiores nós lidamos com a plenitude, uma sensação duradoura de gratidão, pois é processada e absorvida pelo Self 2. Podemos concluir que a felicidade vem da satisfação dessas necessidades de ordem superior.

Fruir a estética das artes, ou simplesmente admirar a beleza das coisas ao nosso redor, aprender é entender os mecanismos do mundo, da tecnologia, os mistérios das ciências os diversos modos de vida, são algumas dessas coisas que realmente nos satisfazem como humanos.

É isso que ganhamos ao olhar para essa hierarquia das necessidades e usando-as para o nosso benefício e dos outros. Podemos, ao exemplo de Maslow, entender melhor as pessoas através de suas necessidades, suspendendo todo tipo de julgamento, mesmo em situações que valores morais e sociais estão em jogo.

Isso nos ajuda a compreender melhor o comportamento das pessoas, sobretudo, quando se trata de situações em que a maioria condenaria o indivíduo.

“Sou filho logo existo!” um convite, um chamado à aventura de viver uma nova realidade, passar para uma nova fase no modo como você ama, respeita, honra e compreende sua história e a história de sua família.