Também conhecido como Síndrome de Heller, o Transtorno Desintegrativo da Infância é uma condição bastante rara, já que acomete, em média, duas a cada cem mil crianças. É caracterizado pela perda de habilidades linguísticas e sociais, gerando um atraso no desenvolvimento dessas áreas. Assim, uma criança que já formava frases com cerca de duas ou três palavras, perde gradualmente ou subitamente a capacidade de se comunicar.

O desenvolvimento social e emocional também regride, fazendo surgir obstáculos para se relacionar com outras pessoas. Uma criança que anteriormente tinha laços de confiança com seus pais e familiares, por exemplo, que se manifestava através de abraços e outros gestos de carinho, começa a evitar esse tipo de contato e se afastar. Continue acompanhando para saber mais a respeito do transtorno, seus sintomas e as formas de tratamento.

O Transtorno Desintegrativo da Infância e a Relação Com o Autismo

Os sintomas do Transtorno Desintegrativo da Infância possuem algumas semelhanças com os do autismo, porém, é preciso deixar claro que são condições diferentes. Embora ambos façam parte da mesma categoria, chamada Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, no TDI ocorre uma regressão severa após vários anos de desenvolvimento normal e uma perda de habilidades mais intensa do que uma criança com autismo costuma apresentar. Além disso, o Transtorno Desintegrativo da Infância pode se desenvolver mais tardiamente do que o autismo.

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A Descoberta do Transtorno Desintegrativo da Infância

O nome Síndrome de Heller, como também é conhecido, surgiu através do nome do educador austríaco Thomas Heller, que foi o primeiro a identificar e a falar a respeito do assunto, em 1908. No entanto, por se tratar de uma condição rara, com pouquíssimos casos para serem analisados, não foi reconhecido como um distúrbio do desenvolvimento até a década de 90.

Hoje, o Transtorno Desintegrativo da Infância é classificado como um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, uma classificação que também engloba os Transtornos do Espectro Autista e a Síndrome de Rett. Assim como outros transtornos do espectro do autismo, o TDI afeta os meninos com uma maior frequência do que as meninas, por conta de mutações genéticas.

Possíveis Causas do Transtorno Desintegrativo da Infância

A causa exata desse transtorno ainda não foi identificada, porém, existem suposições a respeito de determinadas condições que teriam alguma relação, como: acúmulo de gordura no cérebro e no sistema nervoso, infecções ou tumores cerebrais, questões genéticas ou desequilíbrios químicos no corpo.

Uma criança com o Transtorno Desintegrativo também é mais propensa a apresentar tipos diferentes de alergias alimentares, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou epilepsia. Contudo, não existem informações concretas em relação à ligação desses problemas com o TDI.

Sintomas do Transtorno Desintegrativo da Infância

O sinal mais marcante do Transtorno Desintegrativo da Infância é a perda de habilidades que já haviam sido adquiridas anteriormente pela criança. Em grande parte dos casos ela começa a apresentar problemas em pelo menos dois dos aspectos a seguir.

  • Capacidade de compreender o que escuta ou lê;
  • Capacidade de se expressar;
  • Habilidades sociais e de autocuidado;
  • Controle do intestino ou da bexiga;
  • Habilidades motoras.

A criança pode apresentar esses sintomas após cerca de dois anos de desenvolvimento normal. Geralmente, o transtorno se inicia na faixa entre os três e quatro anos de idade, mas também pode ocorrer um pouco mais tarde, antes de se completar dez anos. Veja algumas informações a respeito desses sinais iniciais.

  • A apresentação de sintomas pode iniciar tanto de modo repentino quanto gradual;
  • Nos casos em que os sinais se apresentam abruptamente, a própria criança pode notar que há algo diferente e questionar os pais;
  • Existem casos em que a descrição feita pela criança do que está sentindo ou mesmo o seu comportamento se assemelha com um estado de alucinações.

Diagnóstico e Tratamento do Transtorno Desintegrativo da Infância

O Transtorno Desintegrativo da Infância é comumente identificado quando os pais notam alguma diferença no comportamento da criança e relatam ao pediatra. Então, o profissional costuma realizar exames para descartar um quadro de epilepsia, faz radiografia da cabeça para verificar a existência de um tumor ou traumatismo, ou outras condições médicas. Se nenhuma das hipóteses anteriores for confirmada, é provável que o caso seja encaminhado para um psiquiatra, que poderá confirmar o diagnóstico de TDI.

Após o diagnóstico definido, o tratamento começa a ser realizado e, apesar de não haver cura para o transtorno, através dele torna-se possível amenizar a gravidade dos sintomas. Um dos tipos de intervenção inclui a realização de terapias para a recuperação das habilidades que foram perdidas. Nesta etapa, algumas crianças respondem melhor do que outras, contudo, toda evolução conta e deve ser valorizada.

As ações costumam ser as mesmas usadas para o tratamento do autismo. Apesar de não haver uma medicação específica para o Transtorno Desintegrativo da Infância, são usadas opções para auxiliar o controle de sintomas como as convulsões, nos casos em que elas ocorrem, e certos problemas comportamentais, como agressividade e padrões de comportamento repetitivos.

A Importância do Apoio da Família

Um ponto de extrema importância no tratamento das crianças com Transtorno Desintegrativo da Infância é a família, que tem um papel fundamental durante todo o processo. Por se tratar de uma condição bastante nova e desafiadora, é importante que os familiares busquem ajuda psicológica e também grupos de apoio, presenciais e online, assim, poderão aprender a lidar com a criança de modo mais positivo e se fortalecer através da troca de experiência com outros pais.

É uma situação em que todos os envolvidos precisam de apoio, tanto a criança, que está passando por tantas mudanças, quanto aqueles que são responsáveis pelos cuidados com ela. Afinal, é algo novo na vida da família, que precisará reaprender a se relacionar e se comunicar, porém, com amor, paciência e a busca por informação, tudo poderá se encaixar.

Você tem algum caso de Transtorno Desintegrativo da Infância na sua família ou já conviveu com uma criança que o apresenta? Compartilhe a sua experiência nos comentários e ajude outras pessoas que estejam passando pela mesma situação, afinal, essa troca é sempre muito valiosa e reconfortante.