O conhecimento é sem dúvidas a carta na manga capaz de transformar um cenário empresarial, sendo capaz de modificar culturas empresariais já obsoletas que não acompanharam as mudanças do mercado. A aquisição e aprimoramento dos conhecimentos interdisciplinares e também as rotinas da empresa são práticas que garantem a excelência no mundo do trabalho.

É pensando nisso que vem a necessidade de apresentar para vocês, meus leitores, a importância do treinamento inicial e da formação continuada nas empresas. Segundo o pesquisador Chiavianato (2003) o departamento de Recursos Humanos é a área interdisciplinar das instituições, cabe a ela o papel de envolver diferentes conceitos e conhecimentos de várias áreas com a finalidade de tratar diretamente o ser humano, ou seja, todas as pessoas envolvidas no processo empresarial.

É necessário que o profissional de recursos humanos tenha um domínio básico de diferentes áreas para conseguir lidar com pessoas não só de áreas de atuação diferentes, mas também com personalidades singulares. Em várias empresas a área de recursos humanos acabam assumindo o papel burocrático e operacional desfocando do que compreende-se como papel principal que é o de desenvolver e reter talentos nas empresas.

Na maioria das vezes o setor de recursos humanos é apenas informado da contratação de um novo colaborador e ele fica limitado a arrumar toda a documentação de contratação, isso faz com que a maioria dos colaboradores acharem que o RH é apenas a porta de entrada e saída da empresa.

Ribeiro (2006) aponta que parte de muitas empresas o comportamento de achar que a área de Recursos Humanos é um Departamento Pessoal, distante dos objetivos das empresas, sendo estritamente burocrático. O RH deve estar preparado para exercer funções para além da seleção, contratação e desligamento, pois para reter e desenvolver grandes talentos é necessário que sejam estabelecidos planos de ação que visam estimular e desenvolver os potenciais de seus profissionais.

A política de treinamento dos funcionários começou a ser desenvolvida desde o início do século XX, esse treinamento visava apenas um aprimoramento dos aspectos operacionais para realização da atividade a qual foi designado, sem levar em conta os fatores psicossociais dos indivíduos e sua integração à organização e à equipe.

Certamente você já participou, ou conhece alguém já tenha participado, daquelas reuniões chatas e cansativas, onde são apresentadas novos sistemas e o gestor ou palestrante de treinamento para os colaboradores iniciantes e para dar novas instruções aos colaboradores que já fazem parte da empresa a algum tempo. Essa cena é muito comum em grande parte das empresas, pois, muitas delas enxergam esse como o único objetivo das reuniões é instruir os colaboradores para novos procedimentos.

Herança da Escola Clássica de Administração, embora ainda seja realizado nos dias de hoje por algumas organizações, esse tipo de capacitação mostrou-se ineficaz, devido à complexidade dos indivíduos e de suas relações interpessoais e com a organização.

Com isso, o treinamento de integração na empresa passou a incorporar fatores como dificuldade de aprendizagem, necessidades e aspirações do novo colaborador, entre outros elementos. A nova abordagem do treinamento de integração na empresa vê o colaborador ser humano complexo e que quando satisfeito e motivado consegue colaborar com mais eficácia, tornando-se uma peça insubstituível para a engrenagem que move a empresa, provou-se essencial para o sucesso da organização.

A professora de Administração de Empresas da Harvard Business School, centro de ensino mais conceituado do mundo no setor, Cyntia Montgomery realizou uma extensa pesquisa na qual constatou que investir em pessoas é uma das fontes de investimento mais importantes para que uma empresa seja bem-sucedida. Segundo a docente, esse tipo de investimento deve ser priorizado até mesmo aos gastos com publicidade e propaganda e melhora do preço do produto ofertado.

Um dos fatores mais importantes para o sucesso da empresa é contar com funcionários motivados, pois isso faz com que eles estejam sempre dispostos a dar o melhor de si para atingir as metas. Dessa forma, os colaboradores usarão o tempo com mais qualidade para realizar tarefas e estarão dispostos a contribuir com ideias criativas para resolver os problemas enfrentados pela organização.

Ao contrário, o profissional desmotivado, além de não realizar nada do que foi citado acima, poderá começar chegar atrasado, faltar, e, até mesmo, sair da empresa. Por isso, é importante que os líderes criem um ambiente que seja propício a interação entre os colaboradores e em que cada um possa se sentir feliz em chegar todos os dias para trabalhar. Criada por Frederick Irving Herzberg na metade do século XX, a teoria da motivação foi um estudo realizado pelo psicólogo, no qual ele estabeleceu dois fatores como responsáveis por manter os colaboradores motivados. São eles: Fatores Motivadores: São ações ligadas ao cargo e as atividades do colaborador.

Aqui entram questões como perspectiva de crescimento, plano de carreira e reconhecimento do trabalho bem feito. A presença desses fatores motiva os funcionários e a ausência deixa-os insatisfeitos. Fatores Higiênicos: São questões relacionadas ao ambiente empresarial, como relações com outros colaboradores e com os superiores, salários e benefícios sociais.

Diferente dos fatores motivadores, esses não conseguem causar motivação, mas sua ausência provoca desmotivação. Com o decorrer do tempo, mesmo tomando todos os cuidados para criar o melhor ambiente possível, muitos profissionais acabam engessando-se para novas perspectivas, deixando de lado o aperfeiçoamento pessoal e desmotivando-se aos poucos.

O treinamento motivacional é de suma importância para manter todas as pessoas em perfeita harmonia, sendo um agente regulador das relações institucionais. Dessa forma, ele é responsável por manter em equilíbrio a saúde da organização. Se não ocorrerem treinamentos e capacitações, a tendência é que todos fiquem “robotizados” e fechados para novas possibilidades. É importante deixar claro que reuniões não são treinamentos motivacionais, são ações bem diferentes. Em uma reunião os sujeitos são passivos, não há uma interação direta com o instrutor ou chefe da reunião.

Os treinamentos motivacionais ocorrem de forma diferente, o propósito é que haja uma sinergia entre os participantes e o instrutor. Cada um possui um papel fundamental na construção do conhecimento. A área de Recursos Humanos deve preparar um treinamento que seja condizente com as necessidades diárias da organização, mais do que repassar teoria a prática deve ser muito bem pensada.

Nos casos de treinamentos iniciais de integração é preciso que o conteúdo do treinamento seja completo, abordando todos os aspectos necessários para que o novo funcionário se sinta bem ambientado. Abaixo listei alguns pontos necessários para esse tipo de treinamento.

Apresente ao novo colaborador os seus colegas de trabalho;

Apresente a estrutura, departamentos, organograma e fluxograma;

Apresente a Missão, Visão e os Valores;

Apresente o manual do colaborador e como ter acesso a ele;

Explique quais são os cargos e funções de líderes e colegas; Mostre qual é a hierarquia e a conduta que deve ser adotada na empresa;

Explique benefícios e direitos que possui por fazer parte da organização;

Deixe claro que o setor de RH está aberto para novas sugestões e projetos;

Crie canais de comunicação direta entre os gestores e os colaboradores.

O primeiro passo e o mais importante na hora de desenvolver um treinamento é fazer um plano de ação. Este será um roteiro no qual consta o planejamento de todas as atividades que são necessárias para atingir o objetivo desejado. Por meio deste planejamento, o setor de RH e o líder devem guiar o novo colaborador, para que ele seja treinado adequadamente.

É importante ressaltar ainda que, para cada setor da empresa tenha-se um plano de ação próprio, pois este documento será produzido com base na realidade diária do departamento, visando preparar o profissional com base em vivências.

Desta forma, será possível aliar teoria à prática. Um treinamento para imersão de um profissional na empresa pode durar apenas algumas horas, dias ou várias semanas. Tudo vai depender do nível de complexidade do cargo, bem como das exigências técnicas, práticas e intelectuais exigidas para a função. Portanto, faça um treinamento que se adapte as reais necessidades da empresa e crie um forte senso de pertencimento para que o novo colaborador seja comprometido e engajado.

No caso de colaboradores que já estão integrados a empresa há vários outros tipos de treinamento, um muito utilizado e que julgo ter consequências positivas é o treinamento On The Job. O treinamento On The Job é um trabalho que acontece exatamente no local de trabalho do colaborador. Esse tipo de treinamento é aplicado por um gestor ou líder da empresa em que o colaborador está prestando seus serviços. O On The Job oferece a possibilidade do profissional melhorar suas habilidades, suas técnicas e também de adquirir novas experiências e conhecimentos.

Tudo isso é feito com a ajuda de outro profissional que possui as estratégias e instruções certas para que o treinamento seja maravilhoso para a empresa e o colaborador. Vale lembrar que o modelo de treinamento On The Job é uma cultura de aprendizagem contínua que acaba transformando um colaborador comum em um grande líder ou, quem sabe, em um futuro empreendedor.

Trabalhando dessa forma, o colaborador consegue realizar suas tarefas diárias aprendendo e somando aos resultados da empresa. Esse treinamento apresenta algumas vantagens muito importantes para o bom funcionamento e desenvolvimento contínuo da empresa, são elas: Padronização de metodologias em áreas de vendas; Alinhamento de processos comerciais; Renovação na gestão de pessoas; Implantação de aprendizagem contínua; Aplicação de práticas que transformam gestores em líder treinador de equipe; Presença de líderes que conseguem desenvolver transformações contínuas em suas equipes. Vale destacar, entretanto, que é fundamental que o treinamento On The Job seja feito de forma planejada e estruturada. Não vale a pena economizar tempo e dinheiro quando o assunto é evolução.

Grandes empresas como Vivo, Mercedes-Benz, Itaú e Natura têm inovado cada vez mais na hora de treinar e ensinar seus colaboradores. Um excelente exemplo de treinamento diferente e divertido foi realizado pela Vivo, que reuniu um grupo de 40 líderes e propôs que eles preparassem seu próprio jantar com ingredientes limitados. A ideia era abordar as competências essenciais de um bom chef de cozinha e como elas também poderiam ser importantes para a rotina de cada um dos executivos participantes do treinamento.

Segundo Daniela Dantas, gerente de capacitação comercial da Vivo, “algumas das características comuns às duas realidades são: foco em resultados, planejamento, trabalho em equipe, inovação, entusiasmo e relacionamento interpessoal”. O papel do treinador é importantíssimo para que a formação e capacitação contínua dos colaboradores seja eficaz. Esse tipo de treinamento apresentado acima mostra como os saberes interdisciplinares são importantes para o desenvolvimento dos profissionais.

É importantíssimo que rompamos com a ideia de saberes específicos que criam barreiras entre as diversas áreas de uma empresa e até mesmo de campos de conhecimentos distintos. Para além dos diversos tipos de treinamento que uma empresa pode oferecer aos seus colaboradores é importante também que haja um interesse por parte dos mesmos para buscar conhecimento.

As formações iniciais de capacitação e aprimoramento empresariais são muito importantes, mas há também os cursos de formação continuada. Muitas empresas oferecem uma parceria com seus colaboradores para que sejam feitos cursos de formação continuada. No Brasil, existem mais de 2.300 instituições de ensino que oferecem cursos de pós-graduação, extensão e aprimoramento.

Esses cursos de formação continuadas são verdadeiras chances para aprimorar conhecimentos em diversas áreas de atuação oportunizando a empresa e também ao funcionário que sejam mantidos um quadro de profissionais atualizados, capacitados e motivados proporcionando o melhor resultado em suas práticas diárias.

 

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