Você conhece alguém que parece não ter saído da infância? Alguma pessoa que simplesmente não se adapta à vida adulta? Que tem dificuldades em lidar com responsabilidades e compromissos? Que tem interesses e comportamentos típicos das crianças? Esse quadro não é assim tão raro e foi batizado pelos psicólogos de “Síndrome de Peter Pan”.

Neste artigo, você compreenderá o que é esse problema, quais são os principais sinais e características da síndrome, as consequências desse comportamento infantilizado, além das possibilidades de tratamento. Ficou curioso? Então, siga em frente e boa leitura!

Síndrome de Peter Pan

Continuar a agir como criança mesmo depois de já estar na vida adulta: essa é a principal característica dos homens e, mais raramente, das mulheres que sofrem da Síndrome de Peter Pan. O termo tornou-se conhecido em 1983, a partir da publicação do livro do psicólogo americano Dan Kiley, intitulado — Peter Pan Syndrome: Men Who Have Never Grown Up, ou “Síndrome de Peter Pan — Os Homens que nunca crescem”.

Dr. Kiley trabalhou por anos com crianças e jovens delinquentes e, em seus atendimentos frequentes, percebeu que muitos tinham uma dificuldade em comum: a de crescer e assumir as responsabilidades de adultos.  Foi daí que nasceu a ideia para criar seu best-seller, abordando esse assunto. O nome foi inspirado no personagem principal das histórias de James M. Barrie, o menino Peter Pan, aquele que nunca cresce.

A síndrome costuma surgir por volta dos 20 anos e caracteriza-se por imaturidade e dificuldade em aceitar a chegada da idade adulta, podendo vir acompanhada de um comportamento narcisista. É importante ressaltar, porém, que a síndrome de Peter Pan não tem indícios de ser uma doença psicológica real e, portanto, não está registrada nos manuais de transtornos mentais.

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Sinais e características da síndrome

Segundo Dr. Kiley, a Síndrome de Peter Pan caracteriza-se pela grande dificuldade da pessoa em ver-se como um adulto e desvencilhar-se totalmente de seu papel de criança para crescer. Isso a faz agir constantemente de forma infantil, imatura, rebelde e inconsequente e, ainda assim, querer ser compreendida e aceita em sua forma de ser e agir.

A síndrome, contudo, não possui nenhuma relação com o desenvolvimento intelectual do indivíduo, mas apenas com sua maturidade e com suas emoções.

Ao invés de seguir o curso normal da vida e deixar para trás sua fase dependente como filho, a pessoa que sofre com essa síndrome rejeita veementemente assumir seu papel de pai, marido, profissional etc. e fica imersa num universo particularmente cheio de comportamentos infantilizados. Na prática, isso quer dizer que ela quer manter-se criança.

Segundo o Dr. Kiley, há sete características principais da síndrome de Peter Pan:

  • Dificuldade em expressar emoções e sentimentos;
  • Procrastinação (deixar as responsabilidades e problemas para depois);
  • Incapacidade de construir vínculos profundos em relacionamentos (inclusive em amizades);
  • Negação de culpa(a culpa é sempre de outra pessoa);
  • Sentimento de raiva e culpa em relação à mãe;
  • Desejo de estar perto do pai em busca de proteção;
  • Distúrbios sexuais (baixo desejo pelo desenvolvimento da vida sexual).

O comportamento narcisista, em que o indivíduo quer sempre ser o centro das atenções, também é outro aspecto percebido nos “Peter Pans”. Além disso, a pessoa sente medo de levar seus relacionamentos a um estágio de compromisso mais sério. Por fora, podem parecer pessoas inteligentes e engraçadas, mas também podem ser bastante manipuladoras. Mesmo que façam algo por alguém, constantemente esperam algo em troca, como costumam fazer as crianças.

Em decorrência desse perfil interesseiro, mimado, infantil e até um pouco egoísta, esse indivíduo cresce fisicamente, mas sua mente continua a morar em sua infância. Por isso, seus hábitos (hobbies, brincadeiras, preferências alimentares) ainda são associados a essa época, pois ele se nega a crescer.

Possíveis causas

Analisando a síndrome de Peter Pan, os psicólogos observam que é como se esses indivíduos “pulassem” a adolescência. Vivenciam uma infância prolongada, sem sentirem os amadurecimentos psicológicos da adolescência (apenas o amadurecimento físico ocorre). Então, já se dão conta de que são adultos, sem que tenham passado pelas transformações emocionais típicas do adolescente.

Segundo os psicólogos, isso pode acontecer por conta de traumas ligados à primeira infância, ou por situações em que a pessoa teve que lidar com grandes responsabilidades muito jovens. Crianças que se tornam responsáveis pelo sustento financeiro de uma casa, que perdem os pais muito cedo, ou que não receberam amor e carinho nessa fase estão mais suscetíveis ao desenvolvimento do problema.

Consequências

Alimentar esses comportamentos leva o indivíduo a problemas emocionais, o que impacta diretamente sua capacidade de amadurecer, crescer e honrar seus compromissos pessoais e profissionais. Além disso, quem vivencia essa síndrome sofre de sérios bloqueios no que tange a assumir e manter relacionamentos amorosos duradouros, ou mesmo amizades.

Nesse sentido, são observados na vida adulta problemas de ordem sexual, psicológica, financeira e social, além de forte dependência emocional dos pais.

Dessa forma, existe uma grande contradição: ao mesmo tempo em que teme ser abandonado e ficar sozinho ou isolado, como uma criança de castigo; o indivíduo também tem bastante dificuldade de criar um vínculo afetivo mais profundo com outra pessoa e firmar uma relação positiva. Por isso, vive saindo e entrando de amizades e relacionamentos amorosos, sem construir laços profundos.

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Tratamento

Para resolver essa questão, o primeiro passo é que o indivíduo admita que tem um problema. Ele precisa encarar a realidade e reconhecer que seus hábitos não condizem com o estágio atual de sua vida. Permanecer assim é prejudicial a si mesmo.

Adquirir a maturidade significa entender que não podemos fazer apenas o que queremos e quando queremos. Ser adulto implica cumprir obrigações e, sem elas, fica impossível viver. Pais não são eternos, e, um dia, todos nós precisamos ser responsáveis por nós mesmos. Por isso, é importante estabelecer limites de conduta.

Na síndrome de Peter Pan, a pessoa também precisa compreender que não é perfeita, que comete erros e que precisa assumir a responsabilidade sobre eles. Culpar sempre o outro é um típico comportamento infantil a ser evitado. Acertando ou errando, o indivíduo deve acostumar-se à ideia de que todos os seus atos têm consequências.

Se a pessoa apresentar dificuldades ou relutância em modificar esses comportamentos, é sempre importante procurar ajuda especializada. Psicólogos são profissionais que possuem os conhecimentos e técnicas necessárias para ajudar a pessoa a compreender o que se passa com ela e a adotar novos hábitos — mais condizentes com sua idade, ou seja, comportamentos adultos. A psicoterapia é muito importante nesse processo de transformação e superação da infância.

Que as informações acima tenham sido bastante relevantes e permitam que você ajude a si mesmo ou a outras pessoas que possam estar vivenciando a síndrome de Peter Pan. Se você gostou deste artigo, deixe seu comentário no espaço abaixo e não se esqueça de compartilhá-lo com quem mais possa se beneficiar deste conteúdo.