Durante o processo de Coaching é normal que o cliente, (coachee), viva suas emoções com mais intensidade do que o habitual e, em alguns momentos, sinta vontade de chorar. Embora muitos pensam que isso seja negativo, saiba que o choro tem grande significado durante uma sessão, pois além de demonstrar vulnerabilidade, está relacionado com sentir uma emoção com intensidade suficiente para causar uma mudança de padrão de pensamento e assim, criar uma nova crença fortalecedora e duradoura na pessoa.
Também por isso, no processo de autoconhecimento é importante que o coachee conheça as Cinco Emoções Básicas do Ser Humano, teoria do psiquiatra Eric Berne, para que ele possa entender qual a causa de um sentimento que ele experimentou, assim como a consequência de expressá-lo ao mundo. Sentir raiva, medo, tristeza, afeto ou alegria faz parte da vida de qualquer pessoa e cada emoção tem sua importância.
Por exemplo: a alegria que é causada por uma conquista, conduz à aproximação interpessoal, gerando vínculo e conexão. Por outro lado, a tristeza causada por uma perda, nos paralisa e faz com que nos sintamos deprimidos. No entanto, traz uma conduta de recuperação e, muitas vezes, também gera vínculo e conexão pela necessidade da pessoa em estar em contato com outras pessoas e ser apoiada.
Também é evidente a importância das emoções no processo de Coaching quando citamos as três Leis da Sugestão, do psicólogo Emile Coué, na qual a terceira lei, a do Sentimento Dominante, diz que uma forte sugestão emocional sempre prevalecerá sobre uma sugestão mais fraca, ou seja, uma ideia que gere uma emoção mais intensa prevalecerá sempre sobre uma ideia que gere uma emoção menos intensa, causando uma mudança de padrão de pensamento definitiva. Portanto, qualquer uma das nossas emoções básicas pode definir nosso padrão de pensamento.
Não Tenha Vergonha de Chorar!
Contudo, em nossa cultura atual, a tristeza é taxada como uma “emoção negativa”, onde, inclusive, devemos ter vergonha de demonstrá-la, pois é considerada sinal de fraqueza, insegurança e desequilíbrio emocional. Porém, nós nos entristecemos com frequência, não é mesmo? Logo, classificar a tristeza como “negativa” só nos faz sentirmos ainda pior, acabamos nos criticando e nos colocando mais para baixo, nos fazendo acreditar que não somos capazes e bons o suficiente.
Com isso, essa enxurrada de sentimentos nos fazer chorar e, então, algumas vezes preferimos chorar às escondidas a expor a necessidade de pedir ajuda. Todavia, as lágrimas são as responsáveis pela limpeza, proteção e oxigenação de todo o sistema lacrimal. Quando choramos pela emoção, causamos uma série de benefícios sociais, emocionais, psicológicos e até mesmo bioquímicos em nosso corpo e mente.
Primeiramente, quando choramos não reprimimos nossas emoções e não permitimos que os sentimentos permaneçam “presos” em nossa mente. Ainda sim, externalizar as emoções, além de demonstrar segurança de si mesmo, afirmar o controle emocional de reconhecer o que sente e manifestar a competência de se expressar com clareza, evita uma série de doenças físicas causadas pela psicossomatização.
Tal como a frase – “O choro é a água que limpa os olhos e a alma”, o choro favorece a reflexão para uma mudança de perspectiva. Quando o nosso corpo externaliza toda a tristeza e o choro cessam, pois é possível clarear a mente e analisar a situação de outro ponto de vista. Isso ocorre porque há o equilíbrio entre as emoções e o poder de elaboração da mente cognitiva para a tomada de decisão.
Tipos de Lágrimas, Choro e Restauração Emocional!
Do ponto de vista bioquímico, existem três tipos de lágrimas: as lágrimas basais, que são produzidas para lubrificar os olhos; as lágrimas reflexivas, produzidas quando os olhos precisam ser limpos, por exemplo, quando da presença de poeira ou fumaça; e as lágrimas emocionais, que são estimuladas pelas emoções.
Quando choramos por emoção são liberados alguns hormônios como a prolactina (responsável pela produção de leite materno e controle de ansiedade e estresse em lactantes), além d os hormônios adrenocorticotróficos (relacionados à secreção de cortisol, o “hormônio do estresse”) e a encefalina-leucina (hormônio correlacionado à redução da dor e à mudança de humor).
No âmbito social, aquelas pessoas que choram não possuem medo em demonstrar sua fraqueza, são mais verdadeiras e não escondem o que sentem pela crença de imaginar o que os outros vão pensar delas, sem receio da expectativa social e aceitam a sua própria vulnerabilidade.
Segundo Brené Brown, pesquisadora e autora do best-seller – “A Coragem de Ser Imperfeito”, “Ser ‘perfeito’ e ‘à prova de bala’ são conceitos bastante sedutores, mas não existem na realidade humana”. Portanto você não pode ser a pessoa “boazinha”, submissa à opinião alheia. Pelo contrário, você deve agir além do medo, aceitar a sua imperfeição, honrar e respeitar a sua história, não se submeter à repreensão social e não ficar preso ao convencionalismo.
Por fim, quando choramos na frente de alguém estamos “despindo a nossa alma”, pedindo ajuda e criando uma conexão fortíssima com quem nos vê. Quando o outro recebe a nossa tristeza, ao invés de fugir ou dizer palavras de simpatia, somente nos apoia e permanece ao nosso lado; com essa troca é criada uma conexão, um vínculo que gera sensibilização e empatia, que precede a compaixão.
Portanto, durante o processo de Coaching, construir junto com o coachee a crença de que se demonstrar fraco é um poder para poucos e cocriar que a maestria da autoaceitação está em aceitar a sua vulnerabilidade é um nível transcendental de autoconhecimento, além disso, o conhecimento de suas próprias emoções o tornará autoridade em si mesmo. Não existe somatização de pensamentos e emoções, há mudança de ponto de vista sobre o assunto, assim como a diminuição do estresse e alívio da dor.
Quando sentimos a tristeza e choramos, somos mais fortes, pois chorar mostra o quão vivo estamos e que não estamos preocupados em esconder nossos sentimentos ou mesmo a tristeza. Não mostra fraqueza e debilidade, mas sim fortaleza interna e liberdade. Com isso, não se sinta mal ou envergonhado em estar chorar de vez em quando, pois até mesmo chorar faz bem!