Você já parou para pensar em como funciona o estresse? Todos seres vivos, seu gato, seu chefe, seus filhos, o cachorro da vizinha, quando são expostos a uma situação de estresse, veem seu sistema nervoso respondendo a tal estímulo aumentando a adrenalina, que se manifesta corporalmente através de aceleração do batimento cardíaco, aumento do fluxo de sangue no cérebro e nos músculos, crescimento dos níveis de açúcar e aparecimento de suor nas palmas das mãos. Essa reação prepara o corpo para lutar ou fugir.

A pesquisadora da Universidade de Stanford Kelly McGonigal afirma, em palestra dada ao TED e em seu livro “O lado bom do estresse”, que passou 10 anos de sua vida profissional como psicóloga de saúde ensinando às pessoas que o estresse precisava ser combatido porque ele causava doenças. Contudo, ela se deparou com um estudo da Universidade de Wisconsin que acompanhou 30 mil americanos adultos por oitos anos e que associou a quantidade de estresse pela qual eles tinham passado com a percepção do estresse como uma coisa perigosa. O estudo constatou que 43% das pessoas que declararam que tinham passado por um estresse muito grande tinham maior risco de morte, mas apenas quando elas acreditavam que o estresse é algo ruim. As pessoas que passavam pela mesma quantidade de estresse, mas não o viam como algo que fosse perigoso para a saúde, não corriam o risco de morte, tendo até mesmo o menor risco dentre todos os pesquisados, incluindo as pessoas que passavam por pouco estresse.

Durante os oito anos da pesquisa, os pesquisadores verificaram nos registros de óbito que ocorreram 182.000 mortes, mas não em decorrência do estresse, e sim em consequência da ideia de que o estresse é ruim para a saúde.

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O estudo fez com que ela percebesse que tudo depende da forma como as pessoas lidam com o estresse. Se nós mudarmos a forma de pensarmos o estresse, nós mudamos a forma como o corpo responde às situações estressantes. O estresse passa a ser uma questão de perspectiva.

Muitas situações na vida cotidiana provocam essa resposta fisiológica, como, por exemplo, algum problema no trabalho difícil de resolver, a indisciplina dos filhos na escola, algum ente querido passando por dificuldades. Elas podem acarretar em sentimentos bons, chamados de Eustresse, ou podem provocar sentimentos ruins, que receberam o nome de Distresse. O Eustresse é o lado bom do estresse, aquele que te faz caminhar o caminho da felicidade, que estimula você a tomar uma decisão rápida, a ousar ir além. O Distresse, o lado ruim, provoca um sofrimento mental, físico e espiritual, causando tristeza, infelicidade, ansiedade, desvalorização, medo, cansaço.

Ambos os lados do estresse são dependentes de uma visão de mundo. Quando percebemos o estresse como uma coisa boa, ou seja, quando depositamos um pensamento positivo sobre um estímulo externo, nossa mente ganha o efeito de ampliação, expandindo seu campo de visão, tornando-se mais flexível e adaptável a todas as situações. O estresse, nesse caso, não está mais conectado a algo ruim, ele é motivador. É no veneno que está o antídoto.

É importante citar que boa parte do sentimento ruim que se tem com relação ao estresse é causado pelas sensações que o corpo experimenta, pois a adrenalina acelera os batimentos do coração, aumentando o fluxo de sangue e causando a contração dos vasos sanguíneos, o que, em situação de estresse crônico, pode provocar doenças cardiovasculares. No entanto, um estudo da Universidade de Harvard propôs a seus participantes que pensassem nessas reações do corpo como algo útil, importante, como se seu corpo estivesse se energizando e se preparando para a batalha. Quando a mente foi reprogramada para pensar dessa forma, o corpo respondeu não contraindo os vasos, mantendo-se tranquilo.

Esse relaxamento acontece também porque, junto com a adrenalina, o corpo libera oxitocina em resposta a momentos estressantes. Para você que não sabe o que é esse neuro-hormônio, ele é conhecido também como hormônio do amor. Ele é essencial para as relações humanas e está associado com as sensações de prazer e bem-estar que o ser humano sente quando está se relacionando com outro. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Freibung, na Alemanha, realizada com dois grupos de jovens, aqueles que tiveram de executar tarefas cansativas, mais expostas a situações de estresse, apresentaram mais disposição a fazer novas amizades. Isso porque, quando a oxitocina é liberada em momento de estresse, ela faz com que você queira buscar apoio daqueles que ama e queira ajudar aqueles que estão passando por dificuldades. E quando você se vê rodeado por pessoas que ama e querem seu bem, o hormônio é liberado em maior quantidade. Ele ajuda o corpo a se recuperar dos efeitos do estresse.

Qual é a primeira coisa que veem a sua cabeça quando você presencia uma situação de estresse? Você já percebeu que, quando você se vê diante dela, sua primeira ação é contar para alguém o que aconteceu?

Tudo isso mostra que, ao ressignificar o estresse para algo positivo, ele não mais vai atrapalhar em uma tomada uma decisão, ele vai ser o combustível, contribuindo para o aumento da resiliência, porque você se tornará mais capacitado a superar as adversidades e os problemas, antes vistos como negativos.

O estresse pode ser sombra, mas para toda escuridão há luz. Tudo o que você precisa fazer é encontrar o equilíbrio e tudo poderá ser visto com mais clareza. Na caverna mais profunda que existe dentro de nós, sempre estará o melhor tesouro escondido, basta ousar acessá-lo !