A expressão jeitinho brasileiro tem dois significados bastante diferentes, o primeiro é uma referência à postura amistosa de nosso povo, que com leveza e força enfrenta situações de desigualdade. Já o segundo envolve algo mais delicado, como atitudes vistas como banais, mas que ferem a ética e que são realizadas com o objetivo de obter algum tipo de vantagem. O que muitos não percebem é que um deslize é sempre um deslize, independente do tamanho da reação que irá gerar.
Utilizar aplicativos de mensagens para avisar outros motoristas os locais em que há blitz é tão errado quanto desviar a verba de uma obra do governo. Ambas atitudes podem trazer consequências graves. Além disso, se queremos viver em um país justo e ter nossos direitos assegurados, devemos nos comportar como tal, cumprindo nossos deveres como cidadãos. É preciso ter coerência entre aquilo que se exige dos outros e o que se faz, pois apenas assim conseguiremos construir um Brasil melhor.
Jeitinho Brasileiro: 10 Exemplos de Pequenas Corrupções e Suas Consequências
A CGU – Controladoria Geral da União, órgão responsável pela gestão do patrimônio público brasileiro, lançou há alguns anos uma campanha para combater as chamadas pequenas corrupções. Trata-se de uma iniciativa que visa mostrar para a população que mesmo ações consideradas banais por muitos ferem a ética e são, sim, uma forma de corrupção. Confira, a seguir, os principais exemplos de atitudes a serem evitadas.
1 – Aceitar troco a mais: você vai até um estabelecimento comercial, faz uma compra e, após pagar, percebe que recebeu como troco um valor a mais do que deveria. Considerar isso como um golpe de sorte e ficar com o dinheiro é agir de maneira antiética. Afinal, aquilo não lhe pertence e possivelmente o funcionário precisará arcar com o prejuízo, pagando o valor que faltar no caixa do seu próprio bolso.
2 – Apresentar atestado médico falso: poder se ausentar do trabalho por motivos de saúde sem ter o dia descontado do seu salário é um direito adquirido pelo trabalhador que deve ser usado com responsabilidade. Ao falsificar um atestado para ficar em casa descansando, gozando de plena saúde, o indivíduo está enganando o seu empregador e recebendo por um dia em que ele não ofereceu o seu trabalho.
3 – Bater ponto pelo colega de trabalho: neste item também se aplica assinar a lista de chamada do professor pelo colega que não foi à aula. No caso do trabalho, assim como no item anterior, é uma atitude que leva o empregador a pagar por algo que não foi oferecido a ele. É como se um consumidor entrasse em uma loja, pagasse pelo produto e saísse de mãos abanando.
4 – Colar na prova: como o próprio nome diz, a prova é uma maneira de o professor comprovar se os seus alunos realmente aprenderam o conteúdo ensinado em sala de aula. Colar é o mesmo que mentir e colocar as aparências na frente do conhecimento. Vale ressaltar que é ainda mais grave quando realizado em graduações, pois um indivíduo que se forma colando em todas as provas irá receber o diploma sem merecê-lo.
5 – Comprar produtos falsificados: para que uma empresa comercialize os seus produtos, ela precisa arcar com uma série de custos, que vão desde o desenvolvimento até o marketing. Produzir itens falsificados é como pegar uma carona em todo esse trabalho prévio realizado e ficar apenas com a parte dos lucros. Adquiri-los é concordar com esse tipo de atitude e prejudicar não apenas a organização, mas também todos os seus funcionários.
6 – Falsificar carteirinha de estudante: a cobrança de meia entrada em shows, cinemas e teatros é um direito dos estudantes. Porém, algumas pessoas abusam disso falsificando carteirinhas para obter o desconto mesmo sem ter direito a ele.
7 – Furar fila: as filas são uma maneira de atender pessoas obedecendo a ordem de chegada, ao furá-las, se está desrespeitando todos aqueles que chegaram antes. E não há nenhuma desculpa para agir dessa maneira, pois todos têm inúmeras obrigações a cumprir e nenhum indivíduo é melhor do que os demais para ter preferência, com exceção daqueles que têm direito ao atendimento prioritário, como idosos, deficientes, gestantes, lactantes, obesos e pessoas com criança de colo.
8 – Não fornecer nota fiscal: a nota fiscal é um documento que comprova a realização de uma venda e é por meio dela que o governo consegue monitorar o recolhimento de tributos. Comercializar produtos e serviços sem nota é sonegar impostos, um crime previsto na lei.
9 – Tentar subornar o guarda para evitar multas: quando um condutor recebe uma multa é porque realizou alguma infração e, por isso, deve arcar com as consequências dela. Tentar oferecer dinheiro ao guarda para que ele releve o ocorrido é uma atitude extremamente grave, que fere os valores da ética e da honestidade.
10 – Usar TV a cabo pirata: diversas empresas oferecem serviços de assinatura de TV a cabo com canais que não são exibidos na rede aberta. Para não terem que pagar um valor mensal, algumas pessoas adquirem um aparelho que rouba sinal dos satélites oficiais. Ao contribuir com isso, estão prejudicando empresas que arcam com inúmeros custos para se manterem operantes e, consequentemente, os seus colaboradores.
A Importância da Coerência Entre Ações e Exigências
Se queremos viver em um país justo, devemos começar por praticar tudo aquilo que exigimos de nossos governantes. Afinal, de nada adianta apontar atos de desonestidade de terceiros se praticamos as chamadas pequenas corrupções do dia a dia. É preciso ter ética para poder exigi-la e isso envolve, também, não se calar ao presenciar uma injustiça acontecendo e relatar o caso para que as autoridades competentes tomem as medidas cabíveis.
É preciso que cada um de nós faça a sua parte, agindo de maneira honesta e optando pelo caminho correto ao invés de seguir por aquele que ofereça algum tipo de vantagem. Assim, conseguiremos fazer com que a expressão jeitinho brasileiro seja apenas sinônimo de alegria e descontração, de um povo receptivo, acolhedor e batalhador. Lembre-se sempre que devemos começar em nós a mudança que desejamos ver no mundo.
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