Perdoar alguém que cometeu um erro em direção a nós pode ser uma tarefa bastante desafiadora, não é mesmo? Mas e quando somos nós mesmos que cometemos um erro? Você já passou por essa experiência negativa de não conseguir superar o passado e torturar-se por muito tempo por ter cometido um erro?
Perdoar a si mesmo pode ser ainda mais difícil do que perdoar aos outros. Mas por que isso acontece? Será que é possível perdoar a si mesmo e deixar o passado no passado? Para compreender por que isso ocorre e como solucionar esse problema, continue lendo este artigo.
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Todo mundo erra
Muita gente afirma que o erro é o oposto do sucesso, ou seja, um sinônimo de fracasso. No entanto, se você analisar a trajetória de vida das pessoas mais bem-sucedidas do mundo, independentemente de sua área de atuação, perceberá que todas elas cometeram erros.
Ninguém nasce sabendo. Por isso, faz parte da experiência humana arriscar-se para entender o que vai acontecer. Às vezes, as coisas dão certo, às vezes não. É assim para todo mundo.
A todo ser humano é reservado o direito ao erro, pois a perfeição não existe. Cometemos erros na escola, na faculdade, no trabalho, na vida pessoal, na vida financeira etc. É errando que aprendemos o jeito certo. Por isso, a primeira coisa que devemos entender é que o erro faz parte de nossa natureza, sem exceções.
A função positiva da culpa
A culpa é um sentimento terrível. Saber que prejudicamos alguém, ou a nós mesmos, nos traz um peso enorme, não é mesmo? No entanto, você já imaginou como seria o mundo sem culpa?
Todas as pessoas fariam o que bem entendessem. Se der certo, ok, se não deu, ok também. Não haveria arrependimentos e, consequentemente, ninguém aprenderia o jeito certo de se fazer as coisas. Sem falar que estaríamos constantemente machucando uns aos outros, sem qualquer consideração e empatia. Resumindo, seríamos todos psicopatas.
A culpa é um sentimento ruim, e é importante que assim seja, pois, infelizmente, uma dose de sofrimento é o que nos faz aprender de verdade. É ela que nos gera empatia e nos leva a pedir desculpas, restaurando o bom relacionamento com a pessoa afetada por nossos atos. No entanto, é importante que essa dose esteja dentro de padrões saudáveis, pois, quando em excesso, ela é mais prejudicial do que benéfica.
Os perigos de uma culpa excessiva
O excesso de autocrítica e uma postura perfeccionista fazem com que as pessoas se culpem mais do que o necessário. Nesses casos, psicólogos apontam que a culpa perde toda a sua função positiva, tornando-se apenas uma espécie de autoflagelo, em que a pessoa tenta sentir-se melhor por punir-se, o que não acontece.
O erro é supervalorizado, recebendo maior importância do que de fato teve. A pessoa encontra dificuldade em relevar seus deslizes. Além de não conduzir o indivíduo ao aprendizado e à evolução pessoal, essa autopunição pode trazer consequências catastróficas, como: tristeza constante, mágoa, baixa autoestima, apatia, desistência de planos futuros e até mesmo a ansiedade e a depressão.
Para evitar que quadros do tipo ocorram e para que utilizemos o delicado sentimento da culpa em nosso favor, existe uma solução importante: o autoperdão.
A importância do autoperdão
O autoperdão nada mais é do que o ato de perdoar a si mesmo. Esse processo envolve reconhecer o erro, arrepender-se, pedir perdão às pessoas prejudicadas e, independentemente da resposta obtida, perdoar a si mesmo. Pode não ser um processo fácil ou rápido, mas é muito necessário.
Quem não perdoa a si mesmo fica refém do passado e não se permite aprender com os erros para tornar-se uma pessoa melhor. Sem falar que o sentimento constante de culpa tira a paz de espírito e a qualidade de vida de qualquer pessoa. Assim, o autoperdão quebra esse ciclo autopunitivo, abrindo os caminhos para um recomeço.
Existem três passos para perdoar a si mesmo:
1. Aceitar-se como falho
Iniciamos este artigo comentando que a primeira coisa que devemos fazer é entender que todo ser humano, sem exceção, erra. Ser falho não é algo bacana, mas é algo do qual não se pode fugir. Já que cometemos erros, o jeito é extrair deles o que houver de melhor.
Às vezes, nos comparamos com pessoas que imaginamos como perfeitas, pessoas sublimes que nunca erram. Isso é pura ilusão. Ninguém é perfeito, e todo mundo erra. Portanto, deixe o perfeccionismo e a crítica excessiva de lado, entendendo que o erro é parte do processo de amadurecimento.
2. Refletir e aprender
O erro e a culpa são os mecanismos responsáveis por nossa evolução. Esse sentimento negativo que surge depois de um erro nos faz analisar o porquê de termos errado e nos faz aprender a fazer do jeito certo da próxima vez. Além disso, o erro nos humaniza e nos torna humildes, seja para pedir perdão àqueles a quem prejudicamos, seja para perdoar àqueles que erraram conosco.
Por isso, o erro, enquanto etapa de aprendizado, merece um momento de reflexão. Se você cometeu um erro, admita que errou, entenda que o arrependimento é um sinal de que você é um ser humano mentalmente saudável e extraia todos os aprendizados possíveis dessa experiência.
Se você perdeu dinheiro porque investiu em X e não em Y, agora sabe que é melhor fazer diferente da próxima vez. Se você foi muito enfático ao abordar um determinado tema com o namorado e acabou provocando uma discussão, fica a lição para entrar no assunto de uma maneira mais sutil. São exemplos assim que nos mostram a importância de reconhecer o erro e de aprender com ele.
3. Agir para superar
Por fim, depois de reconhecer o erro, refletir e aprender com ele; é hora de agir para superá-lo. Se você magoou alguém, converse com a pessoa, admita que errou, que sente-se mal por isso e peça perdão para restabelecer uma relação positiva.
Se você for perdoado pela pessoa, ótimo. Se não for, entenda que talvez ela precise de mais tempo para processar a situação. Contudo, não espere a aprovação do outro para perdoar a si mesmo. O orgulho pode até mesmo fazer com que a pessoa jamais o perdoe, mas você terá que lidar com seus sentimentos, independentemente disso.
Por fim, o último passo de perdoar a si mesmo é agir. Se você cometeu um erro, siga em frente e tente outra vez, agora fazendo diferente.
Seguindo em frente
Há uma história de um homem que sacrificou o seu cão que estava acometido por uma doença incurável. Para que conseguisse viver com um mínimo de qualidade, o animalzinho deveria ser submetido a um tratamento caro pelo resto de sua vida. Sem condições financeiras para isso, o homem sacrificou o cão.
O tempo passou, e o homem vivia, dia após dia, sentindo-se culpado e triste pela decisão que tomou. Em uma condição financeira melhor, ele então decidiu abrir um pequeno abrigo para cuidar dos cães das famílias dos bairros humildes, com a ajuda de um amigo veterinário.
O homem sabia que jamais poderia voltar ao passado para fazer modificá-lo. No entanto, ele sabia que o presente e o futuro ainda estavam em suas mãos. Ao fazer o bem aos cães daquelas famílias humildes, ele não estaria reparando a atitude que tomou no passado, mas estaria aprendendo com o erro, ressignificando o acontecimento e utilizando sua culpa de um modo construtivo. Depois disso, ele conseguiu prosseguir com sua vida de forma mais leve e feliz.
Essa é a essência do autoperdão. Agora que você já sabe como esse processo funciona, nos responda: você é uma pessoa com facilidade de perdoar a si mesmo? Quais pontos você sente que ainda precisa desenvolver? Deixe seu comentário abaixo e não se esqueça de compartilhar este artigo com quem mais possa se beneficiar das dicas.