Falar mal de alguém é uma ação que todo mundo em algum momento já cometeu. Possivelmente, esse fato é parte da experiência humana, mas definitivamente não se trata de um comportamento positivo.

Afinal de contas, por que fazemos isso? Quais são os impactos de falar mal de alguém? Por que aquilo que é mal ou errado na vida do outro é tão atraente e interessante ao nosso olhar? Questionamentos como esse revelam o lado falho da humanidade. Contudo, refletir sobre o tema não é motivo de desmotivação ou desânimo, mas sim de que nos prontifiquemos a nos tornarmos melhores a cada dia.

A tentativa de superioridade

Quando uma pessoa se junta a outra para falar mal de uma terceira, as duas que fazem a crítica estão estabelecendo entre si uma aliança e até mesmo uma amizade pautada na desaprovação desse terceiro indivíduo. Sempre que alguém julga o outro, essa pessoa está se sentindo em posição de superioridade para dar seu parecer.

O problema é que, na maioria das vezes, a pessoa fala mal para tentar estabelecer essa superioridade, que na verdade não existe. Quando dois se juntam para falar mal de um terceiro, é como se um legitimasse o discurso do outro.

As críticas podem ser construtivas, desde que sejam dirigidas diretamente à pessoa e comunicadas em tom cordial e instrutivo. Em contrapartida, o ato de falar mal por pura “diversão” pode ser resultado de uma mente insegura, invejosa ou preconceituosa. Nos três casos, o que se vê é alguém que se enxerga ou que tenta parecer superior aos demais.

O poder da internet

Criticar e até mesmo ferir emocionalmente as pessoas revela uma grande falta de respeito e de empatia. Um fenômeno que tem sido registrado nos últimos anos é a potencialização desse processo por conta da internet, sobretudo nas redes sociais.

Criticar e ofender alguém atrás da segurança de uma tela de computador ou celular é muito mais fácil do que fazê-lo cara a cara, quando o revide imediato pode acontecer. A internet dá a sensação de ser um ambiente seguro, mas sem leis, onde qualquer pessoa pode escrever ou falar o que bem entender, pois nada poderá ser feito do outro lado. A consequência é quase sempre o início de uma grande troca de ofensas. Cada um se sente em seu direito, sem haver qualquer tipo de respeito pelo direito do outro.

Além disso, a internet também tem outra característica curiosa que é a de dar voz a qualquer pessoa. Democraticamente falando, isso é ótimo. O problema é que muitas pessoas emitem opiniões sem qualquer conhecimento de causa e ainda desenvolvem uma postura inflexível para com aqueles que pensam diferentemente.

Novamente, é a sensação de superioridade e de infalibilidade que faz com que as pessoas ataquem-se umas às outras, sem compreender que a existência humana é algo muito complexo para sim e não, certo e errado, direita e esquerda. Respostas definitivas são cada vez mais raras.

A polarização política

Por falar em direita e esquerda, uma temática que ilustra muito bem esses ataques inflexíveis e ofensivos na internet é a política. Quando uma pessoa manifesta sua posição política sobre determinado assunto, automaticamente surge uma multidão de pessoas dispostas a convencê-la de que está errada, mesmo que ela jamais tenha “convidado-as a um debate”.

Além disso, quando esses “debates” têm início, dificilmente são utilizados argumentos construtivos para defender os pontos de vista. O discurso é sempre inflamado, acalorado e repleto de adjetivos e notícias nem sempre verídicas. A polarização política de uma sociedade pode evidenciar a agressividade e a intolerância das pessoas, que não acreditam na política como um instrumento de harmonização.

Falar mal de alguém sem a intenção de ajudá-la com informações e dados reais não é um debate construtivo.

A fofoca e a liberdade de expressão

Pelas razões já citadas, as pessoas costumam ser mais atraídas por falar daquilo que vai mal nas vidas dos outros do que daquilo que vai bem. A vida pessoal é quase sempre o assunto, em detrimento da vida profissional. Se um ator ou atriz é competente em seu desempenho cênico não é algo tão interessante quanto saber o mais recente escândalo de traição do mundo dos famosos.

O mesmo se aplica às pessoas comuns. As boas ações do seu vizinho jamais serão tão atraentes quanto falar de sua vida pessoal, mais especificamente de seus erros. No entanto, algo que precisamos ter em mente é que se alguém fala mal de outro para nós, muito provavelmente também fala mal de nós para as outras pessoas.

Como se diz popularmente, “Quando Pedro me fala de Paulo, sei mais sobre Pedro do que sobre Paulo”. Ou seja, se alguém fala da vida de outra pessoa para você, isso revela o quanto essa pessoa se interessa pela vida alheia e também que não tem o menor problema em repassar informações, sejam elas verdadeiras ou não.

Muitas pessoas utilizam o direito à liberdade de expressão para legitimar o ato de falar mal dos outros. No entanto, essas mesmas pessoas se esquecem de que injúria, calúnia e difamação são crimes que também aparecem nas leis de nossa sociedade.

O preconceito

Como citado anteriormente, quando uma pessoa fala mal de alguém, ela está automaticamente colocando-se numa falsa posição de superioridade que lhe daria autoridade para julgar o outro. O problema é que cada pessoa é única e tem suas próprias crenças, vivências e valores.

Por isso, não devemos julgar alguém simplesmente porque consideramos que a nossa linha de pensamento é a correta, desconsiderando que outras opiniões possam existir. Além disso, quando criticamos a atitude de alguém, nem sempre conhecemos o contexto daquela ação e o que motivou a pessoa a agir de tal maneira.

Nesse sentido, é sempre bom lembrar que julgar uma realidade que não conhecemos é a definição mais clássica e direta de preconceito. A falta de conhecimento, de tolerância e de respeito à diversidade humana é a fonte de todo preconceito — característica quase sempre presente no discurso de quem faz críticas não construtivas.

As ofensas quase sempre têm suas origens sobre aspectos como: origens, características físicas, comportamento sexual, condição socioeconômica, capacidades intelectuais etc. Isso revela um profundo comportamento preconceituoso da parte de quem fala mal do outro.

Hábitos mais saudáveis e construtivos

Por fim, fica aqui um questionamento: qual a relevância de criticar o comportamento ou a ideia de alguém se não for para ajudá-lo? Conforme você provavelmente percebeu neste artigo, a crítica pela crítica surge quando as pessoas demonstram algum tipo de preconceito, intolerância com opiniões contrárias ou uma desesperada tentativa de fazer-se parecer superior.

Críticas assim provocam debates nada construtivos e ainda podem ofender gratuitamente as pessoas. A intolerância, o preconceito e o bullying são, frequentemente, causas e gatilhos de transtornos como a ansiedade e a depressão.

Já deu para perceber que o hábito de falar mal de outras pessoas só provoca consequências negativas, além de ser inútil. A solução para esse problema é a educação. Quanto mais uma pessoa adquire conhecimento, mais ela percebe que ainda falta adquirir. Essa noção amplia os horizontes das mentes humanas e as faz notar que um fato pode ser explicado das mais diversas maneiras. Nem sempre as coisas são categóricas em preto e branco, direito e esquerdo, sim e não.

A educação, portanto, nos torna mais humildes e abertos ao novo. Quantas opiniões você já teve e modificou ao longo da vida? Isso prova que ninguém é dono da razão, de modo que cada um é livre para se expressar, mas sem julgar ou ofender quem pensa ou age de forma diferente.

Por fim, se for debater algo, debata ideias construtivas, e não a vida dos outros. Há uma frase bastante popular que costuma ser atribuída ao filósofo grego Platão e que resume bem a ideia deste artigo:

“Pessoas sábias falam sobre ideias. Pessoas comuns falam sobre coisas. Pessoas medíocres falam sobre pessoas.”

Na dúvida, fale sobre ideias!

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