A ciência já comprovou que a forma como lidamos com a vida é bastante influenciada por questões genéticas. No entanto, ela não é o único fator. É sabido que o meio também interfere muito em nosso comportamento, o que inclui o nosso relacionamento com os familiares.
Muitos de nossos comportamentos, atitudes e crenças foram desenvolvidos a partir daquilo que observamos em nossos familiares, especialmente naqueles que convivem conosco diariamente. O problema é que nem todos desses comportamentos são saudáveis ou funcionais. Para compreender melhor os efeitos das relações familiares e como torná-las cada vez mais benéficas, surgiu a constelação familiar.
Para saber mais sobre esse conceito, continue lendo este artigo.
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O que é a constelação familiar?
A constelação familiar é um método psicoterapêutico criado por Bert Hellinger, um psicoterapeuta alemão. Esse método foi desenvolvido com o objetivo de estudar padrões comportamentais nas famílias e como eles são mantidos e transmitidos de uma geração para outra. De acordo com Hellinger, as experiências de nossos antepassados (valores, traumas, doenças etc.) formam um tipo de memória que pode ser geneticamente transmitido a nós.
Essa prática tem o objetivo de identificar comportamentos ocultos que expliquem e solucionem conflitos familiares. Muitos de nossos problemas podem ter sido originados em antepassados que vivenciaram essas mesmas situações, ainda que não os tenhamos conhecido. Por isso, de acordo com Hellinger, essa repetição de padrões ocorre de forma inconsciente e precisa ser trabalhada para que os conflitos sejam solucionados.
A constelação familiar não tem o objetivo de substituir as terapias convencionais ou os tratamentos médicos, mas sim de atuar como terapia complementar. Aliás, ela foi incluída no escopo de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os 3 princípios da constelação familiar
A constelação familiar é pautada em três princípios, conhecido como leis, que apresentam influência direta sobre o indivíduo e sobre suas relações familiares. São eles:
1. Lei do Pertencimento
Todo ser humano nasce com a necessidade de pertencer a um grupo, especialmente a uma família, de modo que se sinta acolhido e valorizado. No entanto, quando um membro de uma família comete um erro grave (como um roubo, traição ou assassinato), é natural que a família, numa tentativa de resolver o problema, opte por excluir a pessoa da família, isolando-a.
Segundo Hellinger, quando um membro da família é excluído, as gerações subsequentes podem, de algum modo, manifestar um sofrimento decorrente desse problema mal resolvido, mesmo que não saibam do que se trata. A explicação do autor é de que: “quando alguma pessoa é excluída, seu destino é inconscientemente assumido por membros subsequentes da família”.
O problema só poderá ser solucionado quando a pessoa que originou o problema for reintegrada à família e resolver o conflito, de modo que as gerações futuras não carreguem essa “dívida”.
2. Lei da Hierarquia
Segundo a lei da hierarquia, cada membro de uma família ocupa uma posição específica. Nesse posicionamento, é preciso respeitar a hierarquia, ou seja, os membros mais novos devem respeitar aqueles que vieram primeiro.
Quando essa hierarquia não é respeitada, filhos ocupam uma posição hierárquica mais alta do que os pais, o que provoca graves desequilíbrios. Nesses casos, pais podem adotar comportamentos infantilizados, enquanto os filhos, por assumirem uma responsabilidade para a qual ainda não estão preparados, sofrem com nervosismo, ansiedade e fragilidade emocional.
Manter a hierarquia não significa que os mesmos comportamentos de sempre devem ser continuados, afinal de contas, muitos deles devem ser combatidos, pois são nocivos. Respeitar a hierarquia significa apenas respeitar quem veio antes.
4. Lei do Equilíbrio
Para que um relacionamento seja saudável, é preciso que haja equilíbrio entre o dar e o receber. Isso significa que numa relação em que uma das duas pessoas se doa e se sacrifica mais do que a outra, não está havendo equilíbrio. Em longo prazo, a pessoa que “recebeu demais” pode ficar dependente da outra ou sentir-se culpada por não conseguir retribuir, enquanto a pessoa que “doou demais” pode sentir-se frustrada e perder o interesse pela outra, podendo até mesmo traí-la.
Esse equilíbrio deve se fazer presente não apenas nas relações entre namorados ou esposos, mas também nos relacionamentos entre irmãos, pais e filhos, chefes e funcionários etc.
Tipos de sessão
Quando uma pessoa identifica que há alguma questão bloqueando o seu desenvolvimento, ela pode contar com a terapia de constelação familiar. Ela é feita em sessões com um terapeuta formado em constelação familiar, conhecido como constelador. O cliente expõe seus problemas ao constelador, que se propõe a ajudá-lo. A sessão pode ser individual ou em grupo.
Constelação familiar individual
As sessões individuais ocorrem numa conversa apenas entre cliente e constelador. O indivíduo relata sobre suas relações familiares ao terapeuta, que se utiliza de bonecos ou outros objetos para fazer uma representação daquela estrutura familiar.
Nessa dinâmica representativa, o constelador consegue identificar onde está o problema naquela teia familiar. Ele cria hipóteses que são confirmadas ou refutadas de acordo com a reação do cliente ao ouvi-las.
Quando ocorre esse “diagnóstico”, o constelador dá ao cliente orientações para solucionar o desequilíbrio encontrado. Essa orientação pode significar a reintegração de algum membro da família que havia sido excluído, o afastamento de uma relação desequilibrada ou a aceitação de um fato que estava sendo deixado de lado.
Constelação familiar em grupo
A constelação familiar em grupo tem o mesmo objetivo da constelação individual. A diferença é que ela conta com a participação de outras pessoas, que podem atuar na representação da estrutura familiar do cliente ou apenas assistir ao processo.
Os representantes selecionados simbolizam pessoas da família do indivíduo, podendo inclusive representar familiares já falecidos. O cliente posiciona esses indivíduos de acordo com sua sensação interna. De acordo com Hellinger, os representantes podem manifestar os mesmos sintomas da pessoa da família que estão representando, mesmo que não saibam nada sobre eles.
Com base na interação entre o cliente e os representantes, o constelador identifica o conflito em questão e propõe um desfecho para ele, levando em consideração que cada família é única e que não existem respostas prontas. Naturalmente, o constelador deve, além de ser um especialista na técnica, possuir muita sensibilidade e poder de observação das relações e representações realizadas.
Benefícios da constelação familiar
Segundo os especialistas na técnica, a constelação familiar pode trazer diversos benefícios aos clientes, como:
- Solução de problemas afetivos;
- Melhora no relacionamento entre familiares;
- Resolução de crises financeiras;
- Compreensão de questões individuais;
- Rompimento de relacionamentos nocivos;
- Melhorias na saúde dos envolvidos.
O objetivo geral da constelação familiar é identificar problemas na rede de relacionamentos familiares do indivíduo, ajudando-o a entender o lugar que cada membro ocupa nessa estrutura. Isso permite que comportamentos prejudiciais sejam abandonados e que conflitos passados sejam resolvidos.
Assim como o coaching, esse tipo de terapia pode ser muito útil para quem deseja trabalhar questões internas e traumas que podem estar engavetados lá em nosso íntimo. Resolvendo essas questões de forma produtiva, o indivíduo, dentro de seu contexto familiar, vai se sentir mais forte e emocionalmente equilibrado, pronto para dar continuidade à sua trajetória de desenvolvimento pessoal.
Se você já teve alguma experiência com a constelação familiar, relate suas impressões aqui nos comentários. Além disso, compartilhe este artigo com as pessoas que possam se beneficiar destas informações.