Falar em dinheiro é considerado um tabu. Falar em saúde mental muitas vezes também é considerado um tabu. Falar sobre a relação entre esses dois temas, então, é algo muito delicado. Contudo, por mais que falar sobre esses temas seja algo bastante complexo, é preciso falar sobre ambos.

A saúde mental e a saúde financeira são fundamentais para que qualquer pessoa viva com qualidade. Frequentemente, as crises em um desses universos afetam também o outro, de modo que, ao cortar o mal pela raiz, conseguimos consertar esses dois campos da vida.

Neste artigo, você vai compreender de que maneira um tema interfere no outro e o que podemos fazer para evitar os problemas que existem em ambos. Se você deseja uma mente em paz e uma conta bancária no azul, acompanhe-nos na reflexão a seguir. Boa leitura!

Quando as finanças impactam a mente

Não é muito prudente acreditar que o dinheiro e a felicidade sozinhos tragam felicidade. No entanto, também não há como negar que, em algum grau, ele melhora a qualidade de vida das pessoas. Por isso, a falta dele pode ser problemática — mas o excesso também!

  • Crises financeiras e ansiedade

A falta de uma reserva de emergências ou de uma fonte de renda paralela pode gerar uma ansiedade tremenda. Quando as contas continuam a chegar, mas o salário diminui ou o desemprego bate à porta, aparecem o desespero, a ansiedade, o pânico, a desconfiança, as brigas em família e a insônia. Todos esses visitantes indesejados levam o indivíduo ao adoecimento mental, especialmente os quadros de ansiedade.

A pessoa até tem boa vontade para trabalhar e pagar o que deve, mas cai em outra armadilha: os juros, que por sinal são altíssimos no Brasil. Quando ela se dá conta da bola de neve em que se enfiou, dificilmente sai dela sozinha. É nesse ponto que o desespero bate e que as possibilidades catastróficas passam pela mente: perder o carro, perder a casa, perder o emprego, perder as roupas, perder a família etc.

  • Crises financeiras e depressão

Além da ansiedade, citada acima, as finanças também alteram o próprio humor do indivíduo. As dificuldades financeiras impactam todas as demais, áreas da vida, provocando dificuldades nos relacionamentos familiares, no trabalho, nos bens materiais e na própria saúde. Mergulhada nesse problema, a pessoa começa a focar apenas no lado negativo da vida, afinal de contas, a maior parte das nossas válvulas de escape envolve dinheiro.

Assim, ela se vê sem saída, podendo sentir-se fracassada. Culpa-se pelo emprego perdido, pela má administração dos seus recursos, pela empresa que faliu e pela perda de qualidade na própria vida e nas vidas dos seus dependentes. Além do mais, envergonha-se por ter que admitir esse problema e até mesmo por ter que pedir dinheiro emprestado para resolver as situações emergenciais.

  • Excesso de dinheiro e perda de valores

Se, por um lado, a falta de dinheiro pode ser extremamente problemática, o excesso dele também pode oferecer problemas. Se não houver uma base sólida de princípios, a pessoa com situação financeira confortável pode colocar-se em uma posição de superioridade, deixando de dar valor às pessoas e achando que qualquer solução para os seus problemas pode ser comprada. Isso não quer dizer que a pessoa rica obrigatoriamente seja egoísta, mas precisa tomar cuidado para que isso não aconteça.

Além disso, especialmente as pessoas que já nasceram nessa condição de conforto podem cair na ilusão de que o dinheiro jamais se esgotará, gastando sem qualquer planejamento ou cuidado com o futuro. Se essas pessoas, por algum motivo, vierem a passar por crises financeiras, não terão a bagagem emocional e racional para lidar com o problema, já que nunca passaram por aquilo antes. Por isso, quando o dinheiro não vem acompanhando de consciência e valores, ele também pode gerar sofrimento.

Quando a mente impacta as finanças

As crises e os excessos financeiros podem modificar a forma como uma pessoa pensa e se comporta, como pudemos observar acima. Mas será que o oposto também ocorre? Sim, a mente de uma pessoa também pode interferir nas suas finanças. Entenda como isso ocorre a seguir.

  • Gasto compulsivo

Algumas pessoas desenvolvem uma relação de prazer e vício com o ato de consumir, assim como ocorre nas compulsões pela comida, pelo sexo, pelo álcool e pelas drogas. Nesse caso, o indivíduo fica viciado por conta dos neurotransmissores que despertam a sensação de prazer a cada vez que ele faz uma compra. Sedento por essa sensação, ele começa a comprar cada vez mais, o que, além de nunca o satisfazer emocionalmente, ainda provoca graves crises financeiras.

Além disso, o ato de gastar sem pensar pode revelar duas coisas: a baixa preocupação com o futuro e uma tentativa de compensar alguma outra área da vida com problemas ainda não resolvidos. Essa área pode ser amorosa, familiar, acadêmica, profissional, espiritual, social, e por aí vai. O consumo (consumismo) torna-se um meio de descontar a frustração nesses outros setores. São instabilidades emocionais já existentes que geram crises financeiras.

  • Apego material e medo de lidar com dinheiro

Se algumas pessoas têm transtornos emocionais que levam ao consumo desenfreado, o mesmo também vale para aqueles que têm um verdadeiro medo de gastar ou de tocar no assunto. Essas pessoas podem ter vivido traumas por dificuldades financeiras passadas, de modo que se apegam àquilo que têm com todo cuidado para que não seja preciso comprar outros itens. Além disso, deixam de investir e até mesmo de comprar algumas coisas, mesmo quando são realmente necessárias, como um sapato para o trabalho.

Isso quer dizer que preocupação demais e preocupação de menos podem ambas causar problemas na administração das finanças — seja por gastar mais do que deveria, seja por privar-se de uma vida minimamente confortável, por medo de gastar.

O que resolver primeiro?

É aquela velha história: quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Cada caso é um caso, de modo que é importante verificar se a relação com o dinheiro está provocando os problemas na saúde mental, ou se já há problemas na saúde mental que estão provocando crises financeiras. Investigue o que veio primeiro e corte o mal pela raiz.

Podemos recorrer aos educadores e aos consultores financeiros para planejarmos melhor o uso do nosso dinheiro, sempre com segurança e equilíbrio. Além disso, os psicólogos e os médicos psiquiatras também devem ser consultados no tratamento dos transtornos da mente, de modo que a depressão, a ansiedade e os comportamentos compulsivos ou excessivamente restritivos sejam resolvidos.

A saúde financeira e a saúde mental caminham juntas, mais do que muita gente pensa. Sendo assim, faça a sua parte e cuide de ambas. Se perceber que algo não vai bem em alguma delas, não hesite em procurar ajuda. Há solução para esses dois campos, e você pode e deve encontrar a felicidade que tanto deseja por meio do equilíbrio!

E você, querida pessoa, já passou por alguma situação que evidencia a relação entre essas duas áreas tão essenciais das nossas jornadas? Então, deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!