Circula pela internet e por muitas obras motivacionais uma frase atribuída ao filósofo chinês Confúcio, que diz: “Escolha um trabalho que você ama e você nunca terá que trabalhar sequer um dia na vida”. De fato, é muito melhor trabalhar com algo que nos dê prazer do que com atividades desagradáveis, que sirvam apenas como fonte de sustento. Até mesmo aqui no blog já defendemos essa ideia.
No entanto, sem querer tirar os méritos de Confúcio, talvez haja um exagero perigoso nesse raciocínio. Será que fazer o que amamos é assim tão maravilhoso? E mais: será que transformar um hobby em carreira é algo positivo? Neste artigo, você vai conferir uma reflexão que nos leva à descoberta de que há armadilhas nessas crenças. Continue a leitura e saiba mais sobre o tema!
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O lado positivo dos hobbies
Os hobbies são passatempos, ou seja, atividades que fazemos apenas por prazer, mais do que por utilidade. É o caso de quem ama bordar, dançar, cantar, escrever, desenhar, fazer artesanato, cuidar de plantas e animais, e por aí vai. É muito importante que tenhamos essas atividades nas nossas vidas, pois elas preenchem os nossos dias de significado e liberam sensações de prazer e bem-estar.
Algumas pessoas conseguem fazer dos seus hobbies atividades profissionais, de modo que ganham dinheiro fazendo o que lhes dá prazer. Isso de fato faz esses indivíduos muito felizes, mas não é sempre que isso acontece. Fazer de um passatempo uma profissão envolve riscos, como desperdício de dinheiro, perda de tempo e frustração, afinal de contas, fazer algo profissionalmente envolve pressões que um hobby não tem.
Os perigos de fazer do hobby uma atividade profissional
Se os hobbies são positivos por um lado, querer transformá-los em ocupação oficial, por outro, pode trazer alguns riscos. Por isso, se você cogita fazer essa transformação, confira a seguir as 4 principais armadilhas desse processo.
1. O prazer pode diminuir ou acabar
Quando as pessoas fazem do hobby um trabalho, o prazer que sentiam na atividade pode acabar. Por exemplo: se você faz artesanato por prazer, sente-se livre para começar e terminar quando quiser. Já se você faz disso uma atividade profissional, precisa lidar com a pressão de fazer bem-feito, de cumprir os prazos e de lidar com as críticas dos clientes — coisas que não existiam quando se tratava apenas de um passatempo.
Quando isso ocorre, a motivação para o trabalho deixa de ser a atividade em si para ser o dinheiro, o que não é uma motivação tão forte quanto as pessoas pensam. Além disso, os hobbies representam momentos de relaxamento. Contudo, quando pensamos em trabalho, por mais prazerosa que seja a atividade, há pressões envolvidas que diminuem esse relaxamento. Por isso, pode ser que o prazer da atividade diminua ou mesmo acabe.
2. O prazer da atividade não necessariamente significa competência profissional
Suponha que você ame desenhar. Por mais que os seus desenhos sejam fonte de prazer no seu dia a dia e que sejam até bonitos e criativos, será que eles podem ser de fato transformados em uma profissão — como o design ou a arquitetura? Paixão e talento nem sempre caminham juntos, de modo que pode ser necessário realizar muitos cursos de aperfeiçoamento para que você de fato consiga fazer do passatempo um ofício.
O esforço dos estudos e do aprendizado até pode viabilizar essa profissão. Entretanto, relembrando o item anterior, a pressão por qualidade é muito maior sobre quem é profissional do que sobre os amadores. Dessa forma, verifique se você realmente tem os talentos, conhecimentos e habilidades necessários para exercer o seu hobby profissionalmente.
3. O retorno financeiro pode não ser o que você esperava
A procura por um emprego bacana não deve ser pautada exclusivamente sobre o retorno financeiro. Todavia, também não podemos deixar esse aspecto de lado. Sendo assim, por mais que você ame uma determinada atividade, verifique se de fato é possível ser remunerado por ela.
Por exemplo: se você ama a natação, até poderia fazer dela uma profissão, tornando-se um atleta profissional. Mas quantas pessoas que amam nadar de fato conseguem abrir mão de um emprego para dedicar-se apenas a isso? Quantas delas conseguem ser contratadas por clubes, participar de competições oficiais e ser bem remuneradas por essa atividade?
Infelizmente, nem todo hobby consegue gerar dinheiro. Contudo, se você realmente acredita que essa possibilidade exista, converse com quem já vive da atividade pela qual você se interessa e trace um plano de negócios.
4. Pode ser difícil “vender a si mesmo”
Imagine que você ame preparar alimentos, cozinhe muito bem e esteja pensando em vender doces, como bolos e tortas, profissionalmente. A habilidade principal você já tem, mas há muitas competências secundárias que você precisará desenvolver para vender o seu talento. De que forma você vai divulgar os seus doces? Em jornais de bairro? Nas redes sociais? Em sites? Quais preços você vai cobrar? Que diferenciais estabelecerá diante da concorrência? Qual público será priorizado?
Essas questões são estratégicas e revelam que, na verdade, a transformação de um hobby em uma atividade profissional frequentemente demanda o desenvolvimento de características típicas do empreendedorismo. Por isso, é importante que você verifique se está disposto a aprender essas habilidades e a adotá-las no seu estilo de vida.
Então não tem jeito?
Não é bem assim. O propósito deste artigo não é trazer uma visão pessimista, mas apenas mostrar que nem tudo são flores na vida de quem faz do hobby o seu trabalho. Pode ser que a pessoa consiga superar essas armadilhas e que de fato encontre felicidade no seu caminho.
No entanto, isso nem sempre ocorre. Nesse caso, você pode “adaptar” a sua trajetória. Por exemplo: se você ama passatempos que envolvem números, como o sudoku, pode ser feliz em uma profissão que demande esse raciocínio lógico-matemático, como a ciência da computação ou as engenharias. Aí sim, quem sabe, a frase de Confúcio possa fazer sentido na sua realidade!
E você, querida pessoa, acredita que é possível transformar um hobby em carreira? O que pensa sobre o assunto? Contribua deixando o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!