Você se identifica como uma pessoa mais extrovertida ou introvertida? Por quê? Nós vivemos em uma sociedade em que os extrovertidos constantemente são beneficiados pelas instituições atuais, enquanto os introvertidos sofrem mais para provar o seu valor. Mas por que isso acontece?

Será que a introversão é mesmo um defeito? Como a sociedade pode lidar melhor com as pessoas com essa característica? “O poder dos quietos” é o título de um livro da autora estadunidense Susan Cain, que afirma que a cultura ocidental atual subestima as capacidades de quem não é extrovertido.

Neste artigo, vamos entender melhor por que isso acontece e por que devemos ficar mais atentos aos nossos amigos introvertidos. Confira!

Introversão e extroversão: dois extremos de um espectro

Introversão e extroversão são dois conceitos popularizados pelo psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Jung, cujas definições são as seguintes:

  • Introversão: estado mental de foco em si mesmo, característico dos indivíduos que recuperam as suas energias e que alcançam a sua máxima produtividade quando estão sozinhos ou em grupos pequenos, com poucos estímulos externos. Os introvertidos são mais reflexivos, analíticos, calmos e organizados. Gostam de momentos de solitude.
  • Extroversão: estado mental voltado a obter gratificação fora de si mesmo. Os extrovertidos recuperam as suas energias e alcançam picos de produtividade quando envolvidos em atividades de interação com outras pessoas. São entusiasmados, falantes, proativos, enérgicos e sociáveis. Trabalham bem em grupo e gostam de grandes encontros sociais.

Segundo Jung, a introversão e a extroversão são dois extremos de um espectro, ao longo do qual a humanidade se espalha. Assim, não existe alguém que seja 100% introvertido ou 100% extrovertido. Todos carregamos dentro de nós um pouco desses dois lados, embora um deles predomine.

A introversão é muito confundida com a timidez, mas são conceitos distintos. A timidez é o medo do julgamento da sociedade, enquanto a introversão é apenas a preferência em interagir com grupos menores de pessoas.

O termo ambivertido (que vem de ambiversão) é um nome atribuído mais recentemente àqueles indivíduos que se veem mais próximos do centro do espectro introversão-extroversão.

Uma sociedade que beneficia os extrovertidos

Por muito tempo, imperou na sociedade um modelo agrícola, em que as pessoas trabalhavam no campo e faziam atividades individuais, no máximo interagindo com os membros da sua família e com os vizinhos. Contudo, a Revolução Industrial mudou os locais de moradia e de trabalho das pessoas.

Os habitantes de pequenas aldeias foram morar em grandes cidades, convivendo com muito mais pessoas do que no passado. O trabalho foi para as fábricas e empresas, onde é preciso interagir com frequência com completos desconhecidos. A partir desse momento, o carisma e as capacidades comunicativas foram mais valorizados, pois facilitam a demonstração de inteligência e competência.

É por isso que, na sociedade atual, tudo parece beneficiar os extrovertidos. Os modelos de organização das escolas e das empresas parecem sempre favorecer quem fala em público com facilidade e tem muitos amigos, em detrimento de quem prefere pensar sozinho e dividir o que sabe com poucas pessoas de confiança.

O erro de forçar-se à extroversão

Nesse contexto, ganha força a ideia de que “não basta ser, é preciso parecer”, de modo que o introvertido passa a ser visto como antissocial, o que não é verdade. Isso tem levado muitos introvertidos a forçarem-se à extroversão, interagindo com cada vez mais pessoas e envolvendo-se em atividades de maior exposição.

Isso não resolve o problema. Pelo contrário: só faz com que o introvertido sinta-se cada vez mais desconfortável, pois está fora da sua zona de produtividade e capacidades intelectuais e mentais.

Segundo Susan Cain, algo entre 1/3 e metade da população está no time dos introvertidos. Seriam quase 50% de pessoas forçando-se a serem algo que não são, o que não contribui com a felicidade de ninguém. Além disso, a sociedade inteira precisa tanto dos introvertidos como dos extrovertidos. Se todos agirem como extrovertidos, quem perde é a humanidade de maneira geral.

Os poderes dos introvertidos

Mas então, por que devemos valorizar os introvertidos? Na sequência, você vai conferir 3 características que fazem esse grupo ser muito poderoso e necessário para a sociedade!

1. Capacidade analítica

Você sabia que, mesmo “aparecendo menos” nas escolas e nos ambientes de trabalho, os introvertidos costumam apresentar melhores notas e índices de produtividade? Isso se deve à sua capacidade analítica. Por serem mais reflexivos e atentos, os introspectivos podem detectar detalhes que passam batido aos demais.

Além disso, essas pessoas são menos propensas às distrações. A calma e a concentração favorecem que o indivíduo execute o seu trabalho com menos erros e mais qualidade. Analíticos, esses profissionais conseguem manter a racionalidade e tomar decisões mais eficazes, sendo essenciais às empresas.

2. Criatividade

A criatividade depende de momentos de introspecção e solitude. Ela é fruto do nosso repertório mental e da nossa capacidade de articular ideias para resolver os problemas que se apresentam. Assim, é comum que muitos artistas, escritores e empresários sejam introvertidos. Os momentos de reflexão individual favorecem o surgimento de insights valiosos.

Por isso, é importante ter em mente que nem sempre o mais falante do grupo é o que tem as melhores ideias. Susan Cain alerta que os mais comunicativos costumam ser os mais seguidos, mas nem sempre são os mais inteligentes. O melhor, portanto, seria que cada pessoa tivesse os seus momentos de introspecção e ideias, para depois apresentá-las ao grupo. Isso torna mais justa a relação entre extrovertidos e introvertidos.

3. Liderança

Muita gente pensa que introvertidos não são bons líderes, o que não é verdade. A liderança depende, sim, de comunicação, mas também de clareza, de empatia, de organização, de tomadas de decisão eficazes e de senso democrático. Nesses quesitos, os introvertidos são muito bem-sucedidos.

Segundo a autora, os líderes introvertidos permitem que os seus liderados mais proativos exponham as suas ideias e explorem o seu potencial criativo. Líderes extrovertidos, porém, podem ser mais autocráticos e restritivos quanto às ideias que podem receber dos demais colaboradores, o que pode prejudicar a equipe.

Como você pode notar, o mundo precisa tanto dos extrovertidos como dos introvertidos. É preciso, então, que a nossa sociedade pare de enxergar a introversão como um defeito e aprenda a lidar com ela. Quanto mais liberdade pudermos conceder aos introvertidos para refletirem na solitude, mais eles trarão ao grupo boas ideias, capazes de solucionar os principais problemas da atualidade!

E você, querida pessoa, como lida com os introvertidos que conhece, ou com a própria introversão? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!