Olhe para sua vida. Feche os olhos por alguns instantes e pense sobre o que verdadeiramente falta nela. Você tem ideia da falta que a falta faz? Como preencher a falta que sentimos? O que falta em você? O que falta na sua vida? Às vezes, parece que o que nos falta, são palavras para explicar o que falta em nós.
E se eu te disser que é natural, que como Seres Humanos, a gente busque sempre Ter, Fazer ou Ser algo. Faz parte de nosso Processo Evolutivo. Faz parte da nossa vida sonhar e buscar completar a parte que nos falta.
Desde que nascemos e o cordão umbilical é cortado, o Ser Humano começa um ciclo, uma busca por algo que nos preencha, algo para suprir algo que nos falta.
O que você busca nesse momento? O que te falta? Talvez você acredite que te falta um relacionamento estável, ou amigos, ou dinheiro no banco, ou paz interior, ou um emprego… talvez te faltem roupas e sapatos, ou falte o carro do ano, ou o celular mais moderno, mas, o que realmente e verdadeiramente te falta?
Estamos constantemente sentindo falta de algo, queremos preencher vazios. É a vida. Ela é como um caminho cheio de buraquinhos que tentamos o tempo todo preencher. Mas se ficarmos parados, buscando sempre preencher os mesmos buraquinhos, ficaremos engessados no tempo, e a vida perderá o sentido.
Existem buraquinhos que jamais serão preenchidos novamente. A perda de um ente querido por exemplo, jamais será um buraquinho fechado, mas pode ser uma marca especial, o registro de que aquele alguém especial e tão amado esteve em nossa vida e sempre nos lembraremos dele com todo o amor do mundo.
“Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas nunca vai só, nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós e deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas não há os que não levam nada” (Khalil Gibran)
Pessoas entrarão em nossa vida, e muitas delas irão embora, porque o próprio ciclo da vida poderá nos afastar delas. De todos os amigos que tivemos na infância, apenas alguns, um ou nenhum permanecerá fisicamente em nossa vida. Mas teremos sempre a oportunidade de conhecer pessoas novas, que nos completarão de formas diferentes.
Existe uma falta especificamente que acomete grande parte das pessoas: a falta emocional, que nos leva a querer encontrar alguém, uma outra parte que se encaixe com a parte que somos, na esperança de nos sentirmos mais completos e felizes.
Costumamos pensar “Para ser feliz, eu necessito ter alguém para mim, pois se eu sou uma metade, onde está a parte que me falta? Onde eu me encaixo? Com quem me encaixo?”.
Nessa busca pela parte que nos falta, muitas vezes deixamos de lado até mesmo a nossa essência para nos adaptarmos ao outro. Afinal de contas, “vai que encaixa”, não é mesmo? Não! Antes de amarmos alguém, precisamos aprender a nos amar. Temos que entender a parte que somos. O quanto você verdadeiramente conhece de si mesmo? Acredita que seria capaz de ficar sozinho? Você iria ao cinema ou faria uma viagem sozinho?
Quantas vezes você para, para prestar atenção nas coisas simples da vida? Você tem se permitido olhar para o céu e admirar a beleza das nuvens? Tem aproveitado para pisar na grama molhada depois da chuva e sentir as gotinhas geladas de água tocando a sola de seus pés? Tem admirado a beleza de uma flor?
Nos esquecemos de nós e deixamos de lado nossa verdade. Vivemos em busca de tapar buraquinhos em nossa Alma, e ignoramos o fato de que nós nos bastamos. Podemos ser inteiros, e quem vier, terá de vir inteiro também. Assim seremos dois inteiros vivendo uma vida inteiramente plena.
Há pessoas que se preocupam tanto com o “Ter”, e o “Fazer”, que se esquecem que para que sejamos completos, precisamos apenas “Ser”.
Nos caminhos da vida existirão sempre montanhas a subir, montanhas a descer, enfrentaremos dias de chuva, dias de sol, cairemos em buracos profundos e teremos que encontrar maneiras de sair dele e seguir em frente. Haverá momentos em que poderemos contar com ajuda de outras pessoas, outros momentos em que teremos que caminhar sozinhos.
Encontraremos pessoas que acreditamos ser a parte que falta em nós, e até poderemos encontrar alguém que se encaixe em nossa vida, mas se não soubermos segurar da maneira correta, equilibrando nossa força, poderemos perde-las.
Seja como for, a vida é feita de idas e vindas, de perdas e ganhos, momentos incríveis e momentos não tão incríveis assim, altos e baixos. É essencial que saibamos lidar com os diversos buraquinhos em nosso caminho, encarando cada um deles como desafios, mas também como oportunidades de crescer.
O Universo é maravilhoso! Todos os dias temos a chance de acordar e agradecer por estarmos aqui, tendo a oportunidade de evoluir. Podemos ser parte de alguém, mas devemos também ser parte de nós. Ninguém pertence mais a você do que você mesmo.
Somos seres falhos por natureza, temos nossos defeitos, nossos “buraquinhos”, nossas dores e está tudo bem, porque eles nos fazem ser quem somos. Uma vida para aquele que procura somente um alguém que o preencha, torna-se vazia.
Saber que tudo na vida tem um tempo certo para acontecer, e ter em mente que apesar de sermos nós quem construímos nossa história, não cabe a nós o controle do tempo, é fundamental para entender que talvez, aquilo que nos falta ainda não se concretizou porque podemos ainda não estar prontos o suficiente para o que vem pela frente.
Devemos ter calma e paciência e buscar compreender que na vida, só acontece o que tem que acontecer, porque tudo na vida passa, seja um momento de dor ou de alegria, e a cada movimento que fazemos, estamos construindo nossa história, trilhando o nosso caminho cheio de desafios e com a alma cheia de buraquinhos.
Tenha calma. Lembre-se de respirar sempre, porque mais importante do que o lugar onde queremos chegar, ou o que desejamos conquistar, é a jornada que trilharemos, e o que carregaremos em nossa bagagem emocional.
Viver com alegria é essencial, porque sempre nos faltará alguma coisa, sempre estaremos em busca de nos sentirmos mais completos e realizados. Sonhar é essencial para a vida, é o que faz nossos dias valerem a pena.
Viver é fazer parte de um ciclo continuo de achar e perder, encontrar e reencontrar, soltar e pegar de volta, chegar e ir embora, segurar e quebrar, afundar e emergir, cair e levantar, refazer, remendar, ressignificar, aprender, agradecer e amar.
Ame a vida, ame a si mesmo. Ame seu corpo, ame as marcas em seu rosto, ame seu cabelo, sua pele, sua sabedoria, suas falhas, seus acertos, ame a sua vulnerabilidade, ame a sua história… sinta-se completo e grato pela vida que tem.
Viver, é trilhar um caminho inconstante, repleto de acontecimentos que não podemos controlar. E sabe de uma coisa? É normal sentir falta, aliás compartilhar a vida é algo divino, mas talvez, o que idealizamos pode não ser o que o Universo está preparando para nós. E ainda que agora não sejamos capazes de compreender, sem dúvida alguma, o melhor ainda está por vir…
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