90 segundos. 1 minuto e meio. Esse é o tempo que a raiva permanece no seu organismo quando você vivencia algo que desencadeia essa emoção. Achou que era mais? Bem, a maioria das pessoas pensa que esse sentimento fica dias ou semanas conosco, mas isso não é verdade.
Essa descoberta é surpreendente e reveladora, pois nos mostra que, embora não possamos controlar as nossas emoções, podemos administrá-las com mais sabedoria. Quer saber como isso é possível? Então, continue a leitura deste artigo e saiba como a raiva mal administrada pode prejudicar a sua vida por muitos e muitos anos. Confira!
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A existência da raiva: uma questão importante e complicada
A raiva é uma emoção humana. Se ela existe até hoje, é sinal de que, do ponto de vista biológico, ela foi, de alguma maneira, repassada de geração para geração ao longo da história, sendo benéfica para a sobrevivência da nossa espécie.
Trata-se de uma emoção humana bastante complexa, que ocorre em resposta à identificação de alguma ameaça, provocação ou frustração. Ela é caracterizada por determinados sentimentos, como irritação, indignação, revolta e até necessidade de tomar alguma atitude.
A raiva desempenhou um importante papel na evolução da espécie humana. Em situações de perigo, por exemplo, o nosso ancestral passou a defender-se mais rapidamente, em reações de luta ou fuga, contra algum inimigo, gerando vantagem adaptativa. Acredita-se que esse sentimento também seja útil até hoje para que os seres humanos possam lutar contra as injustiças das quais se tenham percebido como vítimas.
Esse sentimento é bastante intenso e, mesmo que por pouco tempo, pode se sobrepor à razão. Quando isso ocorre, podemos falar ou agir de uma maneira precipitada e sem medir as consequências, o que gera arrependimentos futuros. É assim que surgem agressões verbais e até físicas, como vemos nas discussões familiares, nos ambientes de trabalho ou mesmo no trânsito. Por isso é tão importante compreendermos e identificarmos rapidamente esse sentimento, evitando tais reações.
A raiva em 90 segundos (que podem se renovar!)
De acordo com a neurociência, existe um princípio conhecido como “Lei dos 90 segundos”. Essa lei é baseada em estudos que mostram que determinados estímulos do dia a dia liberam na corrente sanguínea algumas substâncias, como a noradrenalina. Essas substâncias são absorvidas pelo organismo 90 segundos depois da sua liberação, o que, em tese, significa que as emoções desencadeadas por elas acabariam depois desse tempo.
Mas então, por que uma emoção como a raiva não desaparece após 90 segundos? A explicação é simples: porque a cada vez que a pessoa se lembra do que aconteceu, ela libera novamente a noradrenalina na sua corrente sanguínea, despertando o sentimento por mais alguns segundos (90, no máximo, até a absorção da substância).
Dessa forma, se alguém lhe dá uma resposta grosseira no trabalho, por exemplo, você provavelmente ficará com raiva por cerca de 90 segundos. No entanto, a cada vez que você se lembrar do que aconteceu ou relatar o caso a outras pessoas, essa emoção vai voltar por mais tempo.
Agora, pense em todas as situações que geram raiva que podem aparecer no seu dia a dia: trânsito congestionado, conflitos familiares, pressão no trabalho, notícias que causam indignação, e por aí vai. Depois de tantos estímulos negativos, como estará a sua mente ao fim do dia? Quanto mais você se lembrar desses momentos ruins, por mais tempo a raiva estará presente no seu corpo e na sua mente.
O cérebro não difere o pensamento da realidade
Você sabia que o cérebro não difere o pensamento da realidade? Isso significa que viver algo e pensar nessa vivência gera basicamente as mesmas respostas fisiológicas e emocionais. Quando você bate o carro, há uma reação natural de raiva. Todavia, quando você se lembra do ocorrido, as mesmas substâncias são liberadas na sua corrente sanguínea, o que o leva a reviver essa mesma emoção.
Em outras palavras, o seu cérebro “acredita” que você está de fato batendo o carro no trânsito a cada vez que você se lembra desse ocorrido. Então, novos ciclos de 90 segundos de raiva e de noradrenalina na sua corrente sanguínea ocorrem.
Neste artigo, falamos especificamente da raiva, mas os estudos da neurociência revelam que esse mecanismo é o mesmo para qualquer emoção. O medo e a ansiedade agem dessa forma também. Para alguém que tem muito medo de falar em público, por exemplo, pensar nisso e efetivamente fazê-lo podem trazer as mesmas sensações.
Reviver uma mágoa por muito tempo pode trazer consequências terríveis
Pensar várias vezes no mesmo dia em algo que lhe despertou raiva, de acordo com as descobertas da neurociência descritas acima, pode ser algo muito negativo, já que faz com que essa emoção seja revivida diversas e diversas vezes.
Agora pense nas pessoas que carregam consigo mágoas e raivas por semanas, meses, ou até anos. Você consegue imaginar quantos ciclos de 90 segundos de raiva essas pessoas vivenciam por todo esse tempo? São muitas as consequências de “cultivar” uma raiva em longo prazo, como as que você verá a seguir.
- Saúde física: hipertensão, problemas cardiovasculares, distúrbios gastrintestinais e enfraquecimento da imunidade.
- Saúde mental: agressividade, impulsividade, transtornos de ansiedade e depressão.
- Relações interpessoais: conflitos constantes, ausência de soluções racionais, brigas e afastamento de outras pessoas (colegas, amigos, familiares etc.).
- Comportamento destrutivo: agressões verbais e físicas que podem gerar arrependimentos mais tarde.
- Trabalho e produtividade: conflitos constantes com colegas e supervisores, reduzindo a produtividade e podendo gerar demissões.
- Isolamento social: dificuldade de interação com outras pessoas em geral, até por medo de gerar novos conflitos ou reações explosivas.
Como você pode notar, a raiva dura apenas 90 segundos. Tudo o que vem depois disso é a sua escolha de manter aquele pensamento vivo na sua mente. Assim, evite as recordações negativas. Às vezes, elas vão aparecer, mas não dê a elas mais tempo e atenção do que merecem. Foque em novas e melhores experiências. O seu corpo e a sua mente agradecem!
E você, querida pessoa, como lida com as suas raivas? Contribua deixando o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!