Na paisagem complexa da psique humana, o conceito do “falso self” tem emergido como um mecanismo de defesa poderoso, ainda que potencialmente destrutivo, utilizado por aqueles que experimentam a dor penetrante da humilhação. Essa “máscara de proteção” — “um falso self” — é habilmente esculpida como uma barreira para nos proteger contra mais sofrimento, mas pode nos levar a um caminho sombrio de autossabotagem e autodestruição.
Em seu livro de 2020, Lise Bourbeau pinta um retrato vívido do masoquista — uma pessoa que, dominada pela humilhação, aprendeu a zombar de si mesma para se proteger da zombaria dos outros. Com um olhar perspicaz, a autora descreve essas pessoas como indivíduos que sentem vergonha de si mesmos e desejam ser diferentes do que são. Para elas, a automutilação, as piadas autodepreciativas e outros comportamentos destrutivos são vistos como proteção contra a dor emocional de ser humilhado pelos outros.
De uma perspectiva superficial, tais indivíduos podem parecer comunicativos, engraçados e piadistas. No entanto, olhando mais de perto, vemos uma máscara — um “falso self” — destinada a ocultar a dor da humilhação. Essas pessoas tornam-se peritos na autocrítica, prontas para degradar a si mesmas antes que outros possam fazê-lo. O resultado é uma vida marcada pela dor autoinfligida, um ciclo constante de humilhação e autossabotagem.
Essa luta interna é ainda mais evidenciada quando consideramos o comportamento autodestrutivo que muitas vezes acompanha o “falso self” do masoquista. Esse comportamento, que pode variar de atitudes autodepreciativas a autoflagelação física, é uma tentativa desesperada de aliviar a dor psíquica.
Na verdade, essa automutilação pode ter origens profundas e complexas, mas a psicologia é unânime ao afirmar que ela serve para aliviar o intenso sofrimento mental do indivíduo.
Não podemos esquecer que, apesar de todos terem a capacidade de desenvolver mecanismos de defesa para proteger a si mesmos da dor emocional, o “falso self” do masoquista é apenas uma das muitas formas que esses mecanismos podem tomar. Enquanto alguns podem escolher rir de si mesmos para evitar a dor da humilhação, outros podem se voltar para comportamentos mais perigosos e destrutivos, como a autoflagelação.
Assim, torna-se fundamental identificar e tratar esses casos de automutilação e, mais importante, abordar a causa raiz — a dor da humilhação. Isso pode ser alcançado por meio de uma série de métodos, incluindo terapia cognitivo-comportamental, terapia de aceitação e compromisso e uma variedade de outras abordagens psicoterapêuticas.
Ao desmascarar o “falso self” e confrontar a dor da humilhação, podemos iniciar o processo de cura. Acreditamos que, ao abordar a dor da humilhação e as suas manifestações, podemos não apenas ajudar as pessoas a entenderem e gerenciarem as suas emoções, como também a viverem vidas mais saudáveis, autênticas e gratificantes.
A dor da humilhação não precisa ser uma sentença perpétua. Compreender o seu papel na formação do “falso self” e nas ações autodestrutivas é o primeiro passo para a cura. Assim, ao enfrentar essa dor e desmascarar o “falso self”, temos a oportunidade de construir uma vida mais autêntica e satisfatória.
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