A infância é uma fase importante e delicada do desenvolvimento humano. É nela que desenvolvemos as nossas habilidades motoras e comunicacionais, por exemplo. Também é nesse período que compreendemos o mundo em que vivemos, que conhecemos as regras que devem orientar a nossa conduta e que desenvolvemos a capacidade de expressar aquilo que sentimos.
O cérebro infantil é muito maleável, ou seja, capaz de absorver as experiências da vida e internalizá-las com facilidade. No entanto, nem sempre essas experiências são positivas. A exposição a determinados acontecimentos pode provocar impactos negativos sobre o aspecto emocional dos pequenos e provocar limitações que se perpetuam pela vida adulta.
Esses impactos negativos são conhecidos como dores emocionais. Na psicologia, são particularmente comuns os casos de problemas de pacientes adultos que, na verdade, são desdobramentos de questões mal resolvidas da infância. Neste artigo, vamos compreender melhor as 7 dores emocionais mais frequentes da infância e os seus impactos posteriores. Confira!
Contents
1. Medo do abandono
Qualquer criança enxerga nos adultos com os quais convive um porto seguro. No entanto, aos poucos, a criança percebe que não conseguirá ter adultos ao seu lado em todos os momentos da vida. Por mais apegada que ela seja aos pais, ela precisa compreender que eles não podem estar sempre juntos.
Quando a criança passa por alguma dificuldade, ela recorre aos pais ou responsáveis para que seja acolhida e amparada. Se isso não acontece, a criança se sente abandonada, como se já não fosse mais uma prioridade daqueles que têm a responsabilidade de cuidar dela. O caso se torna ainda mais complexo quando um dos pais simplesmente abandona a família ou, mesmo estando presente, não dedica à criança a atenção, o afeto e o carinho tão necessários nessa fase.
Na idade adulta, o indivíduo carrega consigo essa insegurança, o que se vê, sobretudo, nas amizades e nas relações amorosas. Sempre há aquele medo de ser abandonado e de ficar sozinho. Por isso, pode haver muita desconfiança e dificuldade de se abrir e de confiar nas outras pessoas.
2. Rejeição
A rejeição é um dos processos mais dolorosos pelos quais uma pessoa pode passar. Ela ocorre quando outra pessoa ou grupo de pessoas não aprovam um indivíduo para participar daquele meio. Trata-se de um processo que se vê em todas as idades, mas que é particularmente doloroso na infância e na adolescência, quando há uma necessidade grande de pertencimento e aceitação, tentando encontrar o “seu lugar no mundo”.
O indivíduo que passa por situações constantes de rejeição começa a desconfiar das suas próprias capacidades, acreditando que não é bom ou interessante o bastante. Começa também a crer também que não existe no mundo um lugar para ele. Isso gera uma autocobrança e um perfeccionismo cada vez maiores, pois a pessoa nunca se considera boa o bastante para conviver com os outros.
Na idade adulta, essa dor emocional se converte em baixa autoestima, em isolamento e no medo de sair da zona de conforto. O indivíduo tem dificuldade de perceber as suas próprias qualidades e de alegrar-se pelas suas conquistas, como se não fossem boas o suficiente. Há uma tendência a comparar-se com os outros, o que agrava o seu estado emocional.
3. Violência dentro da família
A família é o primeiro grupo social ao qual somos chamados a fazer parte. Portanto, muito daquilo que somos é fruto desse primeiro meio em que convivemos. É na família que aprendemos regras, que adquirimos conhecimentos e que imitamos o comportamento dos adultos ao nosso redor.
Um meio familiar violento pode traumatizar uma criança. Se ela cresce em um ambiente marcado por gritos, ofensas, castigos rigorosos, ataques de raiva e até mesmo agressões físicas, ela crescerá com medo das pessoas, tendo dificuldade de confiar nelas.
Seja a criança a vítima desses atos, seja testemunha, o fato é que, aos poucos, ela vai começar a acreditar que “é assim que o mundo funciona”, tendendo a reproduzir esses comportamentos na idade adulta. Isso perpetua o ciclo da violência familiar. Além do mais, sem estabilidade emocional, o adulto não consegue resolver os seus conflitos por meio do diálogo.
4. Injustiça
Ainda na infância, todos nós aprendemos o que é justo e o que é injusto. Assim, se uma criança percebe que o irmão recebe um tratamento especial dos pais ou que um colega de classe é o preferido dos professores, sem que haja uma justificativa para isso, ele se sente preterido.
Essas manifestações de injustiça levam a criança a acreditar que, não importa o quanto ela se esforce, nada vai adiantar, pois ela não receberá a recompensa esperada pelo bom comportamento. Ela também acreditará que os outros são sempre melhores do que ela, desenvolvendo problemas de autoestima.
Pessimista, a criança torna-se um adolescente rebelde, que acredita que o mundo é injusto, então, o melhor a fazer é agir do jeito que ela quiser. Torna-se também um adulto acostumado a não esperar nada de ninguém, ou a esperar sempre o pior. Com o tempo, a pessoa pode até mesmo desistir dos seus objetivos, pois acredita que a justiça não existe e que ela nunca será capaz de alcançá-los, pois sempre haverá alguém melhor do que ela.
5. Humilhação
A humilhação é a rejeição levada ao extremo, por meio da ofensa e do desrespeito aos sentimentos alheios. É o que ocorre quando os pais criticam excessivamente os filhos, quando os professores ofendem os alunos e quando os próprios colegas de escola tratam-se uns aos outros com desprezo e críticas a determinadas características do indivíduo — o chamado bullying.
A criança submetida a situações de humilhação por suas características físicas, intelectuais ou emocionais tende a reprimir cada vez mais o seu comportamento e a deixar de ser quem ela é para encaixar-se naquilo que a sociedade espera dela. Novamente, temos como consequências a autoestima prejudicada, bem como os seus desdobramentos, que podem incluir transtornos ansiosos, depressão e pouca ambição em relação ao futuro.
Também é comum que, como um “mecanismo de defesa”, a própria pessoa que foi humilhada comece a humilhar os outros, em uma desesperada tentativa de demonstrar poder e superioridade.
6. Traição
A traição é a quebra de confiança que se vê quando alguém faz uma promessa e não a cumpre. Muitas vezes, as promessas que são feitas às crianças não são levadas a sério pelos adultos, mas são muito consideradas por elas. Por isso, se um pai promete ao pequeno levá-lo à sorveteria no sábado, mas não o faz (sem uma justificativa séria), o filho não apenas se frustra, como também se sente traído.
Se isso ocorre com alguma frequência, ocorre algo muito grave: a criança deixa de acreditar naquilo que os adultos dizem, perdendo a sua referência de confiança no mundo. Mais do que isso, começa a acreditar que as palavras não têm valor, de modo que ela mesma começa a quebrar as promessas que faz, seguindo o exemplo negativo dos adultos.
Isso faz da criança um adulto que tem dificuldade em assumir compromissos, o que se vê na família, nos relacionamentos amorosos e no trabalho. O indivíduo torna-se desconfiado de tudo e todos e prefere não se envolver com as diferentes situações para não sofrer.
7. Medo do desconhecido
O medo do desconhecido é algo que todo indivíduo tem, em maior ou menor grau. Isso se vê com mais clareza nas crianças, afinal de contas, elas ainda estão compreendendo como o mundo funciona, e tudo é novidade para elas. Além disso, elas ainda estão aprendendo a separar a imaginação da realidade.
Por isso, é comum que as crianças tenham medo do escuro, dos fantasmas, de altura, de trovões, de animais e de ambientes em que nunca estiveram antes. Isso precisa ser compreendido e acolhido pelos adultos, que devem ter paciência para explicar esses contextos aos pequenos, em vez de ridicularizar os seus sentimentos. Taxá-las de covardes ou medrosas fragiliza as suas capacidades emocionais, o que as leva a sentir ainda mais medo e vergonha.
Na idade adulta, essas pessoas terão medo de enfrentar as dificuldades ou não serão capazes de expressar adequadamente aquilo que sentem, pois foram incentivadas a reprimir as suas emoções. Tornam-se adultos frios ou incapazes de demonstrar qualquer sinal de fraqueza, com medo da humilhação. Desenvolver a inteligência emocional é um desafio para esses indivíduos.
Conclusão
As 7 dores emocionais acima são mecanismos que evidenciam como acontecimentos negativos na infância, geralmente por imprudência dos pais e responsáveis, podem prejudicar a evolução do indivíduo enquanto adulto.
Traumas e crenças limitantes podem ser desenvolvidos ainda nas crianças, o que torna mais complexa a superação dessas ideias na idade adulta. Por isso, é comum que os processos de psicoterapia encontrem as origens dos problemas das pessoas em acontecimentos de um passado distante, aparentemente sem importância, mas que moldou uma série de crenças do indivíduo acerca do mundo, do outro e de si mesmo.
Que as suas dores emocionais sejam cicatrizadas e que você seja um adulto cada vez mais responsável pelas crianças ao seu redor!
Gostou deste conteúdo? Então, deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!
Nossa que maravilha de mensagem. Confesso que tenho alguns desses traumas.