Quando uma pessoa tem um problema de saúde física, como uma infecção no fígado, por exemplo, ela procura o médico especialista na área (no caso, o hepatologista), explica o problema, realiza exames, recebe um diagnóstico e faz o tratamento proposto.

Assim como o corpo, a mente também pode adoecer. No entanto, quando nos deparamos com alguma questão de saúde mental, a busca pela solução não é assim tão objetiva. Ainda hoje, os transtornos dessa área são vistos como “loucura”, “fraqueza”, “frescura” e “motivo de vergonha”, o que não é verdade. A realidade é que só quem passa ou passou por um transtorno do tipo sabe o quanto os problemas de saúde mental são sérios e precisam ser tratados, como qualquer problema físico.

Foi pensando nesses preconceitos e na própria falta de informação que a Federação Mundial para a Saúde Mental, com o apoio da OMS (Organização Mundial da Saúde), institucionalizou a data de 10 de outubro como sendo o dia mundial da saúde mental.

O dia mundial da saúde mental

A ideia da data é promover educação, conscientização e defesa da saúde mental em todo o planeta. É fundamental explicar a todos que qualquer pessoa pode sofrer de algum tipo de adoecimento mental, assim como o adoecimento físico. Portanto, qualquer preconceito em direção àqueles que passam por transtornos do tipo não pode ser tolerado.

A data é lembrada desde 1992 e desde 1994 traz um tema específico para cada ano. A OMS se utiliza dos seus sólidos relacionamentos com os ministérios da saúde e demais órgãos da sociedade civil espalhados pelos diversos países do mundo para fortalecer esse trabalho de conscientização ao longo do mês.

Afinal, o que é saúde mental?

A saúde mental é definida não apenas como a ausência de doenças na mente do indivíduo, mas também como uma sensação de bem-estar e de qualidade de vida no que diz respeito às capacidades cognitivas e emocionais das pessoas. A área é composta essencialmente por médicos psiquiatras, médicos neurologistas e psicólogos, embora existam outros profissionais envolvidos nela.

PSC

O objetivo desses profissionais é atuar na prevenção, no diagnóstico e no tratamento dos transtornos da mente, preferencialmente de forma humanizada. Esse atendimento é um direito do cidadão, de modo que o trabalho desses profissionais está disponível tanto na rede particular como na rede pública de saúde.

O diagnóstico dos transtornos da mente não é tão fácil como o das doenças físicas. O corpo dá sinais mais claros de doenças, que podem ser identificados por meio de exames, o que não ocorre com as doenças mentais. Sendo assim, os transtornos da mente são resultados de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e socioculturais. Assim, os profissionais da área precisam analisar o paciente em todas essas vertentes para diagnosticar o problema e identificar a melhor maneira de tratá-lo.

O que são doenças da mente?

As doenças da mente são bastante complexas e incluem uma diversidade de transtornos. Entre eles, podemos citar a esquizofrenia, as psicoses, os transtornos do humor (como a depressão), os transtornos de ansiedade (como o transtorno de ansiedade generalizada, as fobias, o transtorno obsessivo-compulsivo e o transtorno do pânico), os transtornos de personalidade, o transtorno do espectro do autismo, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e por aí vai.

Há muitos outros transtornos da mente, além dos citados acima. Alguns envolvem a psiquiatria, outros a neurologia, havendo ainda alguns cujo diagnóstico e tratamento envolve as duas especialidades médicas. O apoio psicológico também se faz presente para que os pacientes e para que as pessoas que convivem com eles possam lidar da melhor maneira possível com a situação.

No Brasil, há um cenário bastante preocupante no que diz respeito às doenças da mente — de duas, mais especificamente. De acordo com a OMS, o país foi considerado em 2020 o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. Isso significa que a nossa população tem sofrido muito com os transtornos da mente, mais especificamente, com a depressão e com os transtornos ansiosos.

Quais são os desafios da área da saúde mental?

Infelizmente, ainda há muitas ideias distorcidas que circulam pela sociedade e que prejudicam o diagnóstico e o tratamento dos transtornos da mente. Ideias como “psiquiatra é médico de louco”, “ansiedade é frescura” e “depressão é falta do que fazer” ainda são muito ouvidas pelas ruas e lidas nas redes sociais.

O grande desafio da área da saúde mental hoje em dia é conscientizar as pessoas de que a mente pode adoecer, assim como qualquer órgão do corpo. Isso pode acontecer com qualquer pessoa, independentemente da sua raça, da sua idade, do seu gênero, da sua profissão e da sua condição socioeconômica. A história de cada indivíduo é única, bem como a sua personalidade, as suas emoções e a predisposição que ele possa ter para um transtorno da mente.

Pela falta de conscientização, muitas pessoas sofrem com esses transtornos sem nem saber o nome da doença que têm e sem sequer saber que existem profissionais capacitados para tratá-lo. Quando tudo é visto como “loucura” ou “frescura”, as pessoas não se informam ou têm vergonha de procurar ajuda. Isso prejudica a qualidade de vida das pessoas e aumenta o número de suicídios.

Além disso, muitas pessoas se automedicam, sobretudo com medicamentos ansiolíticos, mas sem um acompanhamento médico. Esse processo é extremamente grave, tendo em vista que esses medicamentos podem gerar efeitos colaterais e dependência em longo prazo. Sem falar que esse tipo de medicação apenas ameniza os sintomas, mas não trata efetivamente as causas do problema. Como você pode perceber, não são poucos os desafios da área da saúde mental no Brasil e no mundo.

Como ter uma saúde mental melhor?

Há algumas dicas básicas que as pessoas podem colocar em prática para prevenir e/ou facilitar o tratamento dos transtornos da mente, em um processo conhecido como “higiene mental”. Confira as principais recomendações:

  • Satisfaça as suas necessidades básicas (alimentação balanceada, sono, segurança e saúde física);
  • Cuide da sua autoestima (não queira ser perfeito e ame-se do jeito que você é);
  • Ouça as suas emoções, extraia aprendizados delas, mas não permita que elas o controlem;
  • Seja realista na criação de expectativas;
  • Faça o possível para manter um relacionamento saudável com os seus amigos, colegas de trabalho e familiares;
  • Organize o seu tempo e saiba dizer “não” para as atividades que estiverem fora do seu alcance ou que não sejam interessantes para você;
  • Não acredite no “mundo mágico da televisão e das redes sociais”, pois ele não é real;
  • Tenha momentos de lazer e descanso;
  • Pratique atividade física regularmente;
  • Inclua atividades relaxantes em seu dia a dia, como: meditação, oração, contato com a natureza etc.

Além disso, lembre-se de que você pode e deve procurar ajuda especializada sempre que sentir algum tipo de sofrimento mental que prejudica a sua qualidade de vida e o seu bem-estar. Nesse caso, entenda que amigos e familiares, por mais bem-intencionados que sejam, não têm o conhecimento adequado para ajudá-lo. Por isso, é essencial recorrer à ajuda médica e ao apoio dos psicólogos, que têm a sabedoria necessária para diagnosticar e tratar os transtornos da mente.

Por fim, lembre-se de fazer a sua parte na divulgação da ideia de que os transtornos da mente não são “frescura” ou “loucura” e que ninguém deve ter vergonha de procurar o auxílio dos profissionais da saúde mental. Muito pelo contrário: isso indica que a pessoa está assumindo consigo mesma um compromisso de ser mais saudável e feliz. Assim, faça a sua parte nessa conscientização, não apenas no dia mundial da saúde mental (10 de outubro), mas em todos os dias do ano!

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