Todos os nossos comportamentos partem antes de um pensamento e de um sentimento. Compramos uma casa porque precisamos de um abrigo. Trabalhamos porque precisamos sustentar nossas famílias.
Com a alimentação não é diferente. Comemos porque precisamos extrair dos alimentos os nutrientes necessários para manter a vida e a saúde de nosso organismo. No entanto, os pensamentos sobre a alimentação nem sempre são racionais dessa forma.
Quando nos deparamos com um pedaço de pizza, por exemplo, todos os nossos sentidos são ativados para nos estimular a comê-lo:
- Visão: só de abrir a caixa da pizza, já salivamos
- Audição: a sensação de felicidade ao ouvir a buzina do entregador da pizza
- Olfato: os aromas dos ingredientes da pizza nos fazem imaginar o gosto
- Tato: a textura da pizza, da massa quentinha e macia, do queijo derretido
- Paladar: por fim, o prazer de saborear o alimento.
Antes mesmo de colocarmos o alimento na boca, uma série de mecanismos cerebrais é disparada, pois recebemos todos esses estímulos e nos preparamos para uma sensação prazerosa.
O lado ruim
Realmente, comer um pedaço de pizza é maravilhoso. O problema é que algumas pessoas utilizam o prazer da alimentação como uma forma de amenizar diversas sensações negativas que estejam vivenciando, como medo, preocupação, raiva, tristeza e ansiedade.
Nesses casos, frequentemente há uma falta de controle sobre a quantidade consumida, mas que a pessoa muitas vezes não percebe. Assim, ela consegue amenizar as sensações ruins que sentia.
O problema é que, posteriormente, pode surgir uma sensação de culpa por ter comido alimentos calóricos de forma exagerada; um medo de engordar ou de ter problemas de saúde que gera ansiedade e que faz a pessoa alimentar-se descontroladamente novamente. Assim, completa-se um círculo vicioso bastante problemático.
Como quebrar esse círculo?
As terapias da nutrição comportamental promovem uma análise sobre os hábitos alimentares do paciente. Se ele relata que devorar uma pizza ameniza sua ansiedade, isso indica que foi criada uma conexão emocional com o alimento. Por conta disso, é provável que ele esteja passando por diversas alterações fisiológicas, hormonais e de neurotransmissores que precisam ser reequilibradas.
Comer a pizza não vai resolver os problemas que desencadearam a ansiedade no paciente. Por isso, antes de iniciar qualquer dieta, é preciso trabalhar no sentido de que o paciente consiga resolver suas pendências de ordem emocional.
Para quebrar esse círculo, há práticas terapêuticas que visam a um treinamento emocional para desfazer essas associações inconscientes. Assim, ele conseguirá fazer escolhas alimentares mais racionais e menos impulsionadas pela emocionalidade.