Quando falamos em “ouvir na essência” sabedoria popular é pródiga em nos dar lições que em geral ouvimos um feedback com displicência, mas que em momentos de apuro fazem todo sentido e ajudam a explicar a realidade à nossa volta. Todo mundo já ouviu o ditado segundo o qual o ser humano possui uma boca e dois ouvidos justamente para que falemos a metade e escutemos o dobro.
Não é preciso ser muito sábio nem ter tantos anos de matriculado na escola da vida para perceber que essa frase faz muito sentido. Em todos os contextos. E é justamente dessa boa capacidade de ouvir que estamos falando quando o assunto é feedback.
A comunicação é um processo a dois, uma típica via de mão dupla, e o feedback, claro, só existe nessas condições. Mas podemos suspeitar com muita propriedade de quem tem dificuldade de fazê-lo, pois é quase certo que essa mesma pessoa não é um ouvinte ideal. Em matéria de feedback o princípio é simples: quem não se sente à vontade para falar dificilmente assim estará quando for a sua vez de ouvir.
Como ouvir na essência um feedback
É por isso que a competência da escuta é algo tão crucial se o assunto é melhorar as relações interpessoais, aparar arestas no campo afetivo, sintonizar os objetivos ou mesmo aprimorar o rendimento profissional. Como bons seres humanos, todos somos criaturas crivadas de erros por todos os lados e o esforço para corrigi-los começa fazendo a identificação de onde eles se encontram. Quem não está preparado para ouvi-los, tampouco está disposto a apertar os parafusos frouxos.
Feedback verdadeiro só existe quando a audição ampla se faz presente de maneira muito clara, dando ao interlocutor o espaço necessário para ele se fazer ouvido. É nesse ponto, portanto, que novamente vemos o Coaching sendo uma ferramenta que faz toda a diferença na hora de um feedback.
Isso porque, como você bem se recorda das suas sessões de Coaching, o ouvir na essência é um aliado incondicional de qualquer coach. Assim como não pode haver feedback sem diálogo, é inconcebível que uma sessão de Coaching se dê fora do ouvir na essência, que na prática é uma postura de peito e mente abertos àquilo que o coachee tem a dizer.
Ser Coach é saber ouvir além das palavras!
Um coach bem treinado – e aqueles formados pelo IBC são bastante escolados nessa prática! – tem como missão e vocação dar máxima atenção às falas, queixas, expressões e aos sentimentos do seu coachee. O ouvir na essência não se resume apenas a ouvir em silêncio aquilo que nos é relatado, mas é também a arte de escutar sem fazer julgamentos, sem rotular, criticar ou pretender categorizar a fala do outro. É a capacidade de acolher o que nos é contado com a máxima discrição, mantendo uma confidencialidade semelhante àquela de um confessionário, e sabendo que antes de qualquer coisa é preciso honrar e respeitar a história de quem se coloca na nossa frente.
Quando alguém decide ouvir na essência ele está na prática se despindo de uma série de preconceitos, deixando de lado o olhar julgador e exercitando sua capacidade de compreensão, sabendo que nunca temos condição de nos colocar totalmente no lugar do outro. Essa postura, que exige certa dose de prática e abnegação, parte da ideia de que é impossível recriar por completo o contexto e a singularidade dos eventos, cabendo a nós tão somente acolher o que o outro nos relata.
Ouvir na essência é ainda uma tarefa na qual deixamos as portas dos nossos ouvidos bastante abertas, com uma via direta para nossa mente, o que na prática significa não apenas ouvir bem, mas processar e armazenar aquelas informações com o cuidado que requer toda e qualquer carga preciosa. E você, tem se permitido ouvir na essência?