Você sabia que o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo? De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 18 milhões de pessoas em nosso país convivem com esse problema. Os dados foram divulgados em 2019.

Mas por que a ansiedade existe? Será que a ansiedade é sempre um problema? Existem meios para que essa emoção surja em níveis mais saudáveis e funcionais? As respostas para esses e outros questionamentos você confere neste artigo.

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A ansiedade que faz bem

A ansiedade é uma projeção que a mente realiza sobre possíveis ameaças futuras. Essa emoção é extremamente necessária para a manutenção de nossas vidas, de modo que consigamos nos precaver e nos preparar para essas possíveis ameaças.

Quando o homem das cavernas se aventurava em meio à natureza para encontrar alimento, frequentemente se deparava com animais muito mais fortes e agressivos. Nesse momento, ele tinha frações de segundos para decidir entre lutar ou fugir. O coração disparava, os músculos se contraíam, a respiração acelerava, as pupilas se dilatavam, e ele adquiria uma força que não imaginava que tinha.

Esse mecanismo nada mais era do que a adrenalina caindo na corrente sanguínea. Sem esse conjunto de reações, nossos ancestrais teriam morrido, e nossa espécie jamais teria chegado até aqui.

PSC

Hoje em dia, não precisamos mais enfrentar animais ferozes, mas a ansiedade continua importante, mas por outros desafios.  É essa emoção que nos faz estudar para não sermos reprovados, trabalhar para não ficarmos sem dinheiro, e até mesmo nos prepararmos antes de um encontro amoroso.

Muita gente acredita que a vida seria melhor sem ansiedade, mas a verdade é que, sem ela, ninguém sairia do lugar para conquistar seus objetivos, sejam eles pessoais ou profissionais. Aliás, segundo os psicólogos, a ausência total de ansiedade é, na verdade, um sintoma de um quadro depressivo grave, pois o indivíduo deixou de se preocupar e de cuidar de si mesmo perante as ameaças do mundo.

Portanto, todos nós precisamos de um pouco de ansiedade. A questão crucial é a dosagem.

A ansiedade que faz mal

Os níveis de ansiedade variam entre as pessoas, ou seja, algumas são naturalmente mais ansiosas; outras, menos. No entanto, é importante que qualquer pessoa saiba identificar quando a ansiedade está ultrapassando o limite do que é saudável e funcional para si. Nesse caso, a ansiedade torna-se um problema, conhecido como “transtorno de ansiedade”.

Nesse transtorno, as regiões cerebrais que ativam os mecanismos da ansiedade ficam superestimuladas. Quando isso acontece, as pessoas acabam manifestando sinais de ansiedade de forma desproporcional aos acontecimentos, ou até mesmo quando nenhuma ameaça é detectada.

Nesses casos, o indivíduo pode estar 100% seguro, dentro de sua própria casa, e simplesmente manifestar sintomas como: coração acelerado, respiração ofegante, suor intenso, tensão muscular, distúrbios gástricos, insônia, pensamentos trágicos, tremores, sensação de fraqueza/desmaio, entre outros.

Quando esses sintomas se fazem presentes, configura-se um quadro de transtorno de ansiedade. No entanto, antes de chegar nesse quadro, é importante que o indivíduo fique atento para perceber se sua ansiedade está ou não proporcional aos acontecimentos. Quando a ansiedade é saudável, ela nos impulsiona a agir para reduzir a possibilidade de que a ameaça identificada se concretize. Em contrapartida, quando a ansiedade está fora do normal, ela nos paralisa e nos impede de agir.

Por exemplo: quando um aluno tem uma prova difícil no dia seguinte e consegue estudar bem o conteúdo, apesar do nervosismo, ele está em um nível saudável de ansiedade. Em compensação, quando o aluno está tão tenso a ponto de não conseguir concentrar-se nos estudos, ou até mesmo de enfrentar crises de choro, ele está com a ansiedade acima do nível funcional.

Por que estamos tão ansiosos?

A vida urbana contemporânea não é fácil. Hoje em dia, temos acesso a informações do mundo inteiro em tempo real. Crianças de 7 anos têm mais conhecimento do que um imperador romano no auge de seu poder. Acumulamos tarefas domésticas, fazemos horas extras no trabalho, enfrentamos trânsito e meios de transporte público caóticos, vivemos com medo da violência nas grandes cidades e, quando lemos as notícias, nos deparamos com um mar de negatividade.

Além disso, somos vítimas da propaganda, pois precisamos sempre do melhor carro, da melhor casa, da melhor roupa e do celular de última geração para que nos sintamos pertencentes à sociedade. Por fim, somos escravos da academia, das dietas, dos produtos químicos e de tudo aquilo que nos deixe mais magros, mais fortes e mais jovens, como se o envelhecimento fosse um mal a ser combatido.

Essa pressão parte de todas as áreas: pessoal, profissional, física, amorosa, financeira. O cérebro está sempre acelerado, pois, na sociedade contemporânea, qualquer momento de descanso é visto como ócio e perda de tempo. Além disso, estamos tão viciados nas luzes artificiais dos computadores, televisores e aparelhos celulares que as nossas mentes já não sabem mais quando é dia e quando é noite. As consequências são: ansiedade exorbitante, insônia e um cansaço extremo.

3 dicas de gestão emocional para lidar com a ansiedade

O cenário não é dos mais fáceis, mas é perfeitamente reversível, desde que nos comprometamos a fazer algumas mudanças.

1. Mudanças nos padrões de pensamento

O primeiro passo para lidar com a ansiedade é entender que ela faz parte de nossas vidas e que precisamos administrá-la, e não combatê-la. A ansiedade está profundamente associada a um medo de errar e a uma vontade de ser perfeito. Portanto, permita-se errar e entenda que a perfeição não existe.

Você não precisa tirar 10 em todas as provas, ser o funcionário preferido do chefe, ter um salário de pop star, vestir a roupa mais cara do shopping ou ter o corpo da atriz da novela. Esse universo de perfeição só existe nas redes sociais e na televisão, mas, nos dois casos, ninguém vê o que acontece nos bastidores. Comparar-se com outras pessoas é um fator muito decisivo para desencadear quadros de depressão e/ou ansiedade. Evite.

Além disso, entenda que todos nós temos nossas forças e fraquezas. Identificar as fraquezas não significa que temos que nos sacrificar para impedir que alguém as veja. Precisamos, sim, fazer um esforço diário para melhorarmos, mas temos a vida inteira para que isso aconteça; ninguém precisa resolver todos os problemas em 2 horas. Tudo tem seu tempo. E se alguma pessoa que faz parte de sua vida não for capaz de entender isso, talvez seja melhor afastar-se um pouco dela, se possível.

2. Mudanças no estilo de vida

Quando os níveis de ansiedade estão muito acima do que é saudável e funcional, o indivíduo pode estar com um desequilíbrio em alguns neurotransmissores, sobretudo a serotonina. Além da mudança no padrão de pensamentos que citamos no item anterior, também é importante ter algumas mudanças de atitude, como:

  • Definir o horário de trabalho e o horário de descanso;
  • Saber dizer “não” para as atividades em que não sentir-se preparado;
  • Aceitar os próprios erros como instrumentos de aprendizado;
  • Deixar de comparar-se com as outras pessoas;
  • Não acreditar em tudo o que te dizem (sempre apurar as fontes, inclusive das informações que receber pela internet);
  • Controlar o uso das redes sociais;
  • Selecionar bem as fontes jornalísticas (evitar o sensacionalismo trágico);
  • Diminuir o uso de dispositivos eletrônicos à noite para favorecer o sono na hora certa;
  • Dormir por um tempo suficiente para acordar bem disposto;
  • Ter atividades de lazer;
  • Ter uma vida social ativa, com o parceiro, com os amigos e com os familiares;
  • Praticar alguma atividade física prazerosa regularmente;
  • Manter momentos de contato com a natureza;
  • Ouvir músicas que te deixem feliz;
  • Ter momentos de relaxamento para desacelerar o corpo e a mente;
  • Fazer respirações profundas e longas;
  • Meditar diariamente, mesmo que por apenas 5 minutinhos;
  • Manter sua fé e sua espiritualidade ativas;
  • Não utilizar itens como alimentação, sexo, jogos e consumo como “válvulas de escape” para as frustrações diárias, pois esses hábitos podem se tornar compulsões.

Se a ansiedade aparecer em algum momento do dia, lembre-se de que ela é uma emoção, e não um estado definitivo. Entenda que uma hora ela vai embora. Apenas tente relaxar, faça respirações mais profundas e longas e tente encontrar um novo foco para seus pensamentos.

3. Ajuda especializada quando necessário

Em alguns casos, o indivíduo pode apresentar uma dificuldade maior em modificar seus padrões de pensamento e seus estilos de vida. Quando isso acontecer, vale a pena contar com a ajuda de um psicólogo, pois ele tem técnicas terapêuticas para ajudar a pessoa a identificar emoções e comportamentos que não estão lhe fazendo bem, além de auxiliar nas técnicas de relaxamento e na adoção de atitudes e pensamentos mais construtivos.

Em alguns casos, pode haver um desequilíbrio mais intenso nos níveis de neurotransmissores, havendo a necessidade de um tratamento medicamentoso, sempre receitado e supervisionado por um médico psiquiatra. Lembre-se de que pedir ajuda quando sentir-se emocionalmente instável não é um sinal de fraqueza. Muito pelo contrário, é um ato de coragem e de amor próprio, que revela o quanto você está disposto a passar por uma transformação íntima que te faça mais feliz.

E você, sente-se ansioso? O que tem feito para encontrar o caminho da gestão das emoções? Compartilhe sua experiência nos comentários aqui embaixo. Por fim, não se esqueça também de compartilhar este artigo e levar estas informações a todos os seus amigos, familiares e a quem mais possa beneficiar-se deste conteúdo.