Perante a lei, todo cidadão brasileiro é igual. Entretanto, é sabido que a sociedade brasileira é uma das mais desiguais do mundo. Dessa forma, fica o questionamento: tratar todo mundo de maneira igual, sabendo que as pessoas não têm as mesmas oportunidades na vida, ainda faz sentido?

Isso nos leva à descoberta de que existe uma diferença entre “igualdade” e “equidade”. É importante que as pessoas conheçam os significados e as distinções que devem ser feitas entre essas palavras, de modo que possamos construir, finalmente, uma sociedade mais justa.

Se você ainda confunde esses termos, acompanhe-nos na reflexão a seguir para aprender a distingui-los. Boa leitura!

O que é a igualdade?

Ao consultarmos um dicionário, encontraremos as seguintes definições para o conceito de igualdade: “Qualidade de igual. Relação entre coisas ou pessoas iguais. Correspondência perfeita entre as partes de um todo. Equação. Qualidade daquilo que não apresenta diferenças”.

Dessa forma, podemos compreender que o conceito de igualdade se refere a uma condição teórica e ideal, em que não há distinções entre determinados itens. Se duas garrafas, por exemplo, têm o mesmo tamanho, o mesmo formato, a mesma cor, o mesmo estilo de tampa, a mesma capacidade de armazenamento e os mesmos materiais na sua composição, podemos dizer que elas são iguais.

O que é a equidade?

Já ao procurarmos pelo conceito de equidade no dicionário, podemos compreender que ele até inclui um sinônimo de igualdade, mas também apresenta outras definições: “Retidão na maneira de agir. Imparcialidade. Reconhecimento dos direitos de cada um. Justiça reta e natural”. Aqui, temos uma definição mais complexa, que consiste não em tratar todo mundo da mesma forma, mas em tratar as pessoas de uma maneira que o resultado final seja justo, considerando que elas são diferentes entre si.

PSC

Dessa forma, a igualdade tenta nivelar a todos, enquanto a equidade consiste em corrigir a desigualdade. Por exemplo: um professor que aplica a mesma prova para os alunos do 3º e do 4º ano está os tratando com igualdade. Já um professor que aplica provas diferentes aos alunos do 3º e do 4º ano, respeitando as diferenças de conhecimento existentes entre as duas classes, está agindo com equidade.

Isso nos leva à conclusão de que a equidade está muito mais próxima da justiça do que a igualdade. Há uma frase atribuída a Albert Einstein que traduz bem a importância da equidade, e não da igualdade, no tratamento concedido às pessoas: “Todos são geniais em algo. Mas se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir em árvores, ele viverá o resto da vida acreditando que é um imbecil”.

Por que devemos promover a equidade, e não a igualdade?

Se você analisar as definições acima, perceberá, por exemplo, que a luta do movimento feminista não é por igualdade, mas sim por equidade. Ao longo da história, os homens tiveram muito mais direitos e acesso ao estudo e ao trabalho do que as mulheres. Sendo assim, não é justo que, hoje em dia, os coloquemos para competir uns com os outros em igualdade de condições.

É por isso que têm surgido vagas de emprego específicas para mulheres. Não se trata de uma discriminação ao sexo masculino, mas de uma reparação histórica sobre a desigualdade existente entre os gêneros no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, a diferença entre as médias salariais de homens e mulheres supera os 20% em favor deles. Além disso, apenas 16% das mulheres do mundo ocupam cargos de liderança. Ora, se há essa desigualdade, é natural que haja iniciativas especificamente voltadas para as mulheres, não é mesmo?

No Brasil, além das mulheres, há outros grupos sociais que também foram historicamente prejudicados e excluídos de muitos direitos e oportunidades. A população negra, a população indígena, a população LGBTQIA+, as pessoas idosas, as pessoas com deficiência e a população de baixa renda em geral enfrentam dificuldades maiores do que outros grupos.

Dessa forma, respondendo ao questionamento que realizamos no início do artigo, não faz sentido tratar de forma igual as pessoas que fazem parte de uma sociedade completamente desigual. Algumas delas têm muito mais dificuldades e muito menos oportunidades de crescer, o que naturalmente demanda uma ajuda a mais. Isso não significa privilegiar um grupo em detrimento do outro, mas sim reparar historicamente o fato de o outro grupo já ter sido muito beneficiado no passado.

Equidade nas empresas: o exemplo da Coca-Cola

Em 2021, a Coca-Cola FEMSA Brasil identificou nas suas pesquisas que o número de mulheres trabalhando na indústria de bebidas no país era inferior ao número de homens. Por isso, a empresa construiu um programa de monitoria, com 300 vagas de emprego exclusivas para mulheres, a fim de capacitar e encorajar a participação das pessoas do sexo feminino nesse segmento de mercado.

O processo ficou sob responsabilidade da startup “Se candidate, mulher!”. A organização tem o objetivo de incluir mais mulheres no mercado de trabalho, ampliando a representatividade feminina no ambiente corporativo. Em consequência disso, a instituição promove a equidade de gênero nas empresas, por meio dos processos de recrutamento, seleção e capacitação profissional em eventos e mentorias.

Conclusão

Para concluir, podemos afirmar que a igualdade consiste em tratar todos da mesma forma. A equidade, por sua vez, consiste em tratar as pessoas de forma proporcional às suas características, equilibrando as forças da sociedade. Não se trata de criar uma desigualdade nova, mas sim de corrigir as desigualdades já existentes. Portanto, o conceito de equidade está muito mais próximo da justiça do que o conceito de igualdade.

A igualdade é o estado ideal, ainda muito distante da realidade. Nos dias atuais, ainda precisamos de medidas de equidade para a reparação das injustiças presentes na sociedade — no Brasil e no mundo. Aos poucos, as noções de respeito e diversidade ganham força entre os valores sociais, mas sabemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido.

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