A definição de limite está diretamente ligada à condição de estarmos bem ou não estamos bem. Quando não impomos limites para as coisas em nossas vidas, nos sentimos esgotados. Baseado em estudos, posso afirmar que a grande maioria das pessoas compassivas vivem suas vidas dessa maneira – esgotadas, simplesmente por não saberem impor limites no momento em que eles são necessários.
Para mim era muito difícil aceitar que as pessoas vivessem suas vidas dessa forma, dizendo “sim” para tudo, se sobrecarregando em função do outro, ultrapassando o seu próprio limite físico e mental e consequentemente, se sentido frustradas e doentes, até que um dia, em uma reflexão profunda, me peguei pensando: “E se essas pessoas estiverem fazendo o melhor que podem?”.
Bem, nunca saberemos se as pessoas estão fazendo o que podem ou não, mas se tivermos a capacidade de aceitá-las como são, seremos muito mais felizes. Antes de termos generosidade para aceitar as pessoas como elas são, ao invés de julgá-las ou tentar mudá-las, primeiramente devemos mudar a nós mesmos, mudar a nossa forma de enxergar o outro. É isso que fará a diferença no que somos e como agimos em nosso dia-a-dia, diante de diversas situações.
Que limites precisam ser colocados para que eu seja capaz de manter minha integridade e faça mais suposições generosas a respeito do meu próximo? Que limites precisam ser impostos para que eu não seja tão crítico?
Apesar de não nos sentirmos confortáveis, apesar de nos preocuparmos com o que o outro pode vir a pensar ou sentir, apesar de querer que todos gostem da pessoa que somos, devemos impor limites, mesmo que essa não seja uma tarefa muito fácil a princípio, puramente porque estamos habituados a fazer o que a grande maioria das pessoas fazem.
É claro que existirão algumas coisas, situações e pessoas que desafiarão nossos limites e farão as coisas serem um pouco mais complicadas em alguns momentos. Ninguém está livre de ter problemas de saúde, crises financeiras, ou algum problema familiar.
Todos nós lutamos para vencer batalhas todos os dias, então para fortalecer e apoiar sua bússola interior a fim de que você consiga impor os limites necessários em sua vida, existem 3 coisas que você pode fazer:
3 Formas de Usar sua Bússola Interior como Limite
A primeira delas é melhorar a sua qualidade de vida. Não se esqueça de cuidar de você, mesmo que tenha que cuidar de outras pessoas que estejam passando por situações mais difíceis do que as suas.
A segunda coisa a fazer é construir uma rede de pesquisas. Se sua bússola interior não tiver informações suficientes para ajudar você a tomar uma decisão, busque recursos e pessoas que tenham expertise no assunto que você precisa resolver.
A terceira coisa a fazer é manter-se verdadeiramente focado nas coisas que você toma como sendo suas responsabilidades e limitar um tempo para trabalhar em cima dessas responsabilidades de modo a não se sentir esgotado ou sobrecarregado por algo ou alguém que não te levará a alcançar seus objetivos.
Os limites são a chave para o amor próprio, e também para que sejamos complacentes uns com os outros, no entanto, compaixão e empatia não são a mesma coisa que limite.
Compaixão são crenças que estão intimamente ligadas uma à outra através de raízes de amorosidade e bondade. Se fizer sentido para você, compaixão talvez possa estar relacionada a Deus, ou ao Universo, ou a uma força maior. É a conexão entre almas, sendo maior que a conexão física.
Já a empatia, está relacionada ao conjunto de habilidades que temos para trazer a compaixão para nossas vidas. Empatia é algo que aprendemos desde crianças: como comunicar o nosso amor às pessoas de modo que elas tenham a certeza de que não estão sozinhas.
Ser empático é ter sabedoria o suficiente para não nos envolvermos profundamente com os sentimentos alheios, de modo a nos sentirmos esgotados. A empatia não está em sentir por alguém, mas sim em sentir com alguém. É como se uma parte de mim soubesse pelo que o outro passou, e então pudesse dizer “eu também irmão. Você não está sozinho nisso.”
Em qualquer situação, limites são extremamente importantes. Nada em nossas vidas é sustentável sem limites. Em nossos relacionamentos, no trabalho, em família, em uma roda de amigos, e até mesmo com desconhecidos, devemos sempre nos questionar: Quais são os limites aqui?
Quando aprendemos a impor limites, quando aceitamos as pessoas como elas são e quando entendemos a diferença entre compaixão e empatia, temos a chave para o amor próprio.
Limites não são separações, não são paredes, não são barreiras nem divisões. Limites são respeito, por si mesmo e pelo outro.
Refletindo sobre o que está bem e o que não está bem em sua vida, convido você a pensar: Que limites você precisa que sejam impostos para que você tenha uma maior capacidade de suspender julgamentos e ser menos crítico? Que limites precisam ser colocados para que você seja mais generoso em suas suposições a respeito das pessoas? Pense sobre isso e comece a impor limites em sua própria vida!
Texto adaptado do Vídeo Limites, Empatia e Compaixão de Brene Brown