Você se considera um buscador espiritual? Será que você sabe o que é ser um buscador espiritual?
O filósofo e guru indiano Osho já fez uma reflexão sobre a busca espiritual e, com ajuda dela, vamos tentar explicar o que significa ser um buscador espiritual.
Costuma-se empreender na busca pela espiritualidade quando a vida, tal como é conhecida exteriormente, não está completa, ou porque a vida, como é conhecida de fora, tem ausência de sentido, propósito, significado.
A partir do momento em que algo dentro de nós desperta para o fato de que toda essa vida material e carnal é uma coisa sem sentido, começa-se a busca. Podemos dizer que essa é a parte negativa da busca espiritual, pois ela começa quando entendemos que não há sentido na própria existência, que todo processo nos leva à morte, ao fim.
Isso pode gerar uma angústia tão grande, um inferno interno de agiganta, a dor parece não cessar, tudo parte um caminho sem destino certo. Assim, a busca espiritual nasce de algo negativo.
Diante desse quadro, entendemos que existe um espaço infinito entre nosso próprio Eu e tudo que a vida realmente é. O desamparo se torna presente, aquilo que te sustentava na existência já não existe mais.
Quando a insignificância da vida se torna cada vez mais forte dentro de nós, começamos a jornada que fará a dor sumir. Uma busca em direção ao fim daquilo que comprime o peito, que nos impede de ver a verdadeira harmonia da vida, que está entre nós e a paz que desejamos alcançar. É uma busca por algo que seja significativo, concreto, feliz.
Inicia-se a segunda parte, a parte positiva. A busca espiritual se torna o caminho que não tem um destino, pois a vida acontece quando estamos percorrendo a estrada em direção a algo que projetamos como o mais importante, a conquista essencial de nossas vidas.
Esse percurso é caracterizado por entender que a vida real acontece no presente e não apenas em nossas projeções e sonhos.
Muitos de nós fazem da vida uma busca incessante pela satisfação dos próprios desejos. A existência deixa de ter valor em si para se tornar algo que só tem valor quando conquistamos aquilo que desejamos tanto. Deixamos de lado a procura pelo que realmente somos para empreender da procura pelo que é desejado.
Para você parece tudo bem esse quadro? Aparentemente, realmente está tudo bem ir em direção à satisfação dos desejos, mas quando continuamos desejando, a vida continua sendo frustrante porque ela é como é e não como gostaríamos que fosse.
Isso nos causa uma desilusão imensa, não porque a realidade se torna algo estranho a nós, mas porque ela parece dançar uma música diferente da nossa, estar em outra sintonia, existindo apenas em nossos sonhos. Enquanto estamos sonhando, tudo parece perfeito e possível. Quando ele é transportado para a realidade, a desilusão se torna latente e real.
O buscador espiritual, quando começar a caminhar o caminho da verdade interna, entenderá essa parte negativa da vida, que esse sonhar almejar ou desejar é a causa de todo o mal, gerando toda a frustração que faz da vida algo sem sentido, sem motivo para continuar existindo.
Desejar é mergulhar na tristeza e no estado de sofrimento, é perceber que qualquer desejo só nos leva a uma permanência da frustração. O desejo é aquele que sempre promete e nunca dá, prometem felicidade, êxtase, mas isso nunca vem da forma como sonhamos. Cada desejo é a fonte de cada vez mais desejos, de cada vez mais insatisfação e tristeza.
Uma vez que nos tornamos consciente disso, passamos a desejar apenas uma coisa: o verdadeiro conhecimento sobre quem realmente somos. Nesse instante, passamos a não projetar um Eu que será feliz quando os desejos se tornarem realidade, e sim quando se conhecer profundamente. Isso é se encontrar com vida do jeito que ela verdadeiramente é.
Um buscador espiritual é aquele que compreende como o desejo pode tomar conta da nossa realidade, tem compaixão e gentileza suficientes consigo mesmo e está pronto para conhecer o que é.
Quando nos sentimos prontos para conhecer nossa verdadeira essência, afastamos o Ego que insiste em desejar, em projetar a vida para um momento ilusório, e a realidade se faz presente em todos os cantos, em todos os lados, no único momento e no único espaço possível: aqui e agora.
Ocorre o renascimento para o presente e chegamos ao êxtase, à satisfação, a tudo o que sempre foi o objetivo, mas nunca foi realmente alcançado. O buscador para de buscar no exterior a realização dos desejos e passa a olhar para dentro de si. Quando isso acontece, entendemos a realidade e a felicidade nasce do que ela é em sua essência.
Agora, reflita se você sente que sua vida não tem sentido. Será que não está na hora de buscar a cura para os desejos não realizados? Será que não está na hora de entender que os desejos só trazem desilusões e que a realidade não é o que projetamos?
 
Copyright: 581648917 – https://www.shutterstock.com/pt/g/nivens