“Deixe o seu ego de lado um pouco”. “Você é muito egocêntrico”. “Não seja egoísta”. Em todas essas expressões, tão comumente ouvidas desde a infância, aparece uma palavra: “ego”. A julgar pelos contextos em que ela costuma aparecer, é natural começar a acreditar que se trata de algo ruim, que precisa ser combatido, não é mesmo?

A verdade, porém, é que o ego faz parte da personalidade de todo e qualquer indivíduo e ele é, sim, importante e necessário para o nosso desenvolvimento mental. A questão é que devemos equilibrá-lo para que não haja excessos. Neste artigo, você vai compreender exatamente o que é o ego e como podemos balancear as forças desse elemento, a fim de conquistar uma vida saudável e feliz. Boa leitura!

Afinal, o que é o ego?

De acordo com Sigmund Freud, o ego é uma das três partes que compõem o aparelho psíquico de uma pessoa (o ego, o id e o superego). O id é o lado inconsciente, composto pelas pulsões, instintos, impulsos e desejos. O ego, por sua vez, faz o meio de campo entre essas pulsões inconscientes e o mundo exterior.

Sendo assim, o ego é, de acordo com um dos exemplos mais clássicos, a estrutura que nos impede de ir atrás de um motorista que nos fechou no trânsito para agredi-lo, que seria a vontade do id. Portanto, o ego, apesar de carregar um significado muitas vezes pesado, não pode ser considerado algo extremamente ruim, tendo em vista que ele protege o indivíduo, fazendo com que pense nas consequências dos seus atos. Isso preserva a sua saúde, segurança e sanidade mental.

Faz bem ou faz mal?

Se o ego é uma estrutura importante para frear os nossos impulsos inconscientes, de onde vem a sua “fama de mau”? Bem, na verdade, o ego só será algo ruim nos indivíduos que se preocupam excessivamente consigo mesmos e desconsideram as necessidades dos outros.

Algumas pessoas podem carregar em seu id (inconsciente) diversas inseguranças em relação a si mesmas. Como um mecanismo de defesa, elas inflam o ego, acreditando que sempre é preciso vencer os outros e ser melhor do que eles para ser feliz.

Do ponto de vista da Psicanálise, algum egoísmo é até saudável (pois, de fato, precisamos cuidar de nós mesmos). No entanto, quando isso gera uma competição e uma necessidade enorme de superar os outros a todo custo, o ego “saiu do controle”. Nesse caso, o amor-próprio torna-se orgulho e egoísmo.

As pessoas orgulhosas ou egoístas têm um ego exacerbado, ou seja, pensam demais em si mesmas e na própria imagem, desconsiderando o sentimento alheio. Consideram-se merecedoras de tudo e levam toda questão para o lado pessoal. Além disso, tendem a ser intolerantes com quem é ou pensa diferente.

Resumidamente, o ego sozinho não faz mal, tendo em vista que ele nos leva a nos proteger das ameaças do mundo e nos impulsiona a lutar pelos nossos interesses e desejos. No entanto, o problema ocorre quando o ego de uma pessoa a domina, levando-a a desconsiderar os desejos e necessidades do outro. Nesse caso, problemas de relacionamento podem surgir, o que demanda inteligência emocional para reencontrar o equilíbrio.

O ego e a autoestima

Como é o ego é a ponte entre o nosso interior e o mundo que nos cerca, ele naturalmente está associado ao conceito de vaidade, ou seja, às preocupações que temos com a própria imagem e com a opinião alheia a nosso respeito. O ego é o mecanismo que nos faz perceber que estamos ofendidos com a fala de uma pessoa, mas que, ao mesmo tempo, nos impede de agredi-la, pois somos seres civilizados.

Dessa forma, o delicado equilíbrio do ego tem o objetivo de fazer com que nós saibamos nos defender da ofensa e da rejeição, mas sem que, para isso, seja necessário atacar o outro. Podemos nos preocupar com a nossa imagem diante da sociedade, mas isso não necessariamente significa querer ser melhor do que o outro.

A autoestima consiste em gostar de si mesmo e é resultado dos estímulos que recebemos, desde a infância, dos familiares, dos amigos, dos colegas etc. Um indivíduo que não se sente aceito pela sociedade começa a crer que há algo de errado consigo, deixando também de gostar de si mesmo. Quando isso acontece, algumas pessoas ativam o mecanismo de defesa que citamos acima, de inflar o próprio ego, em uma tentativa de mostrar-se superior aos outros, agindo com egoísmo.

Em qualquer indivíduo saudável, a autoestima sofre oscilações, dependendo das circunstâncias. No entanto, naqueles que sofrem com baixa autoestima e insegurança, pode surgir uma necessidade de mostrar-se como superior, e é aí que o ego assume a “fama de vilão”, pois gera egoísmo.

O ego e as redes sociais

Na atualidade, a forma como nos mostramos ao mundo passa por dois meios: o físico e o digital. Nesse último, o ego é ativado quando filtramos as partes da vida que queremos mostrar nas redes sociais e aquelas que é melhor guardar apenas para nós mesmos.

A aceitação social é um fenômeno particularmente interessante nas redes sociais, tendo em vista que ela é expressa por meio de curtidas, comentários e elogios. Isso reflete a maneira como o indivíduo é visto pelos grupos dos quais faz parte, o que tende a elevar a autoestima, citada no item acima, ou apenas a mostrar uma tentativa de ser aceito, disfarçando, na verdade, um profundo sentimento de insegurança.

O ego até pode sentir-se feliz ao perceber que uma foto ou opinião foi aceita pelo grupo, mas é importante ressaltar que essas redes criam um universo ilusório que não corresponde à vida real. Nelas, tudo é perfeito, lindo e feliz, de modo que as pessoas que tentam se encaixar nesse padrão sentem-se frustradas, pelo simples fato de que a vida não é 100% feliz. Portanto, é preciso utilizar essas redes com essa consciência crítica, de modo que o ego não sofra com a frustração.

Conclusão

Para concluir, consideramos que o ego é a parte do nosso aparelho psíquico que faz a ponte entre o nosso inconsciente e o mundo que nos cerca. Ele nos ajuda a “filtrar” aquilo que queremos expor à sociedade e aquilo que guardamos apenas para nós mesmos, o que de fato nos ajuda a manter um bom relacionamento com as pessoas, de forma civilizada.

No entanto, quando reprimimos inseguranças, podemos ativar o ego excessivamente, como um mecanismo de defesa, em que o indivíduo começa a considerar as suas necessidades superiores às dos outros, despertando o egoísmo e o orgulho. Portanto, o ego, por si só, não é ruim, mas depende da forma como o administramos. Com inteligência emocional e com altruísmo, seremos capazes de defender os nossos interesses e de desenvolver a autoestima, sem que isso prejudique as outras pessoas.

E você, querida pessoa, sabia que o ego faz parte do seu aparelho psíquico e é fundamental para uma vida saudável? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!