Em determinadas situações da vida, sentimos tantas coisas ao mesmo tempo que nem sequer conseguimos dar nomes às nossas emoções. Sentimos tudo de forma tão intensa que até mesmo perdemos a capacidade de avaliar se aquilo que sentimos é proporcional aos acontecimentos da vida. Além disso, podemos encontrar uma grande dificuldade também em compreender as emoções das pessoas que convivem e interagem conosco.

Os problemas acima descritos refletem a complexidade do aspecto emocional humano. Lidar com as emoções não é algo simples, mas também não é nada impossível. Tudo é uma questão de inteligência emocional.

A importância das emoções e da inteligência emocional

Você já parou para pensar em como seria o mundo sem emoções? Algumas pessoas acham que a vida seria mais fácil, mas será que isso é verdade?

Se você não sentisse medo, colocaria sua vida em risco constantemente. Se você não sentisse ansiedade, jamais faria planos, e sua vida não sairia do lugar. Se você não sentisse nojo, comeria algum alimento sem sequer perceber que ele está estragado. Além disso, como imaginar a vida sem risadas, amizades, paixões? Como você pode perceber, todas as nossas emoções têm uma razão de existirem. As negativas nos protegem, e as positivas nos motivam.

Toda emoção é uma resposta bioquímica de nossa mente a algum estímulo externo. Em níveis adequados, nós conseguimos identificar essas emoções, senti-las em intensidade proporcional e agir de acordo com elas. Isso significa ter inteligência emocional, ou seja, a capacidade humana de identificar as emoções, administrar a sua intensidade e agir de forma construtiva.

No entanto, quando não conseguimos identificar nossos sentimentos ou administrar sua força, estamos em desequilíbrio, o que deve ser corrigido em nome da qualidade de vida.

Os 5 pilares da inteligência emocional

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O conceito de inteligência emocional foi desenvolvido e popularizado pelo psicólogo estadunidense Daniel Goleman nos anos 1990. Para que saibamos desenvolver essa capacidade, há 5 pilares básicos que norteiam uma vida emocionalmente inteligente. São eles:

1. Identificar as próprias emoções

Existem seis emoções básicas que podem ser identificadas em qualquer ser humano, independentemente de sua cultura: alegria, tristeza, nojo, raiva, medo e surpresa. Essas emoções são consideradas universais e facilmente reconhecidas por expressões faciais e gestos. No entanto, há outras emoções humanas — como a paixão, a inveja e a culpa — que variam de acordo com a cultura do indivíduo, já que estão associadas aos valores de uma sociedade.

O rol de emoções humanas pode ser bastante complexo. Em determinadas situações, podemos sentir diversas emoções ao mesmo tempo. Ao flagrar uma traição, por exemplo, é possível sentir raiva, tristeza, surpresa e medo simultaneamente.

Por conta disso, o primeiro passo para desenvolver a inteligência emocional é avaliar as emoções que sentimos e dar nomes a elas. Ao contrário do que alguns pensam, ignorar as emoções ou reprimi-las não é nada saudável. Permita-se senti-las e entender o que elas querem lhe dizer.

2. Administrar os sentimentos

É importante identificar as emoções e senti-las dentro do contexto em que surgem. No entanto, é preciso que avaliemos constantemente se a emoção sentida está dentro de um nível saudável e proporcional ao acontecimento que a desencadeou. Por exemplo: a tristeza que sentimos quando o nosso time de futebol perde é muito diferente e bem menos intensa do que aquela que sentimos ao perder um ente querido. É inconcebível comparar uma situação com a outra.

Os psicólogos em geral não gostam de utilizar a palavra “controlar” para se referir às emoções, já que ela pode transmitir a sensação de repressão, o que não é saudável de maneira alguma. Por isso, o ideal é que saibamos “administrar” nossas emoções, sempre avaliando sua intensidade e proporcionalidade às suas causas.

A raiva, por exemplo, é uma emoção considerada bastante intensa e que, quando não está bem administrada, pode levar as pessoas a fazer o que não devem e a agravar a situação em que se encontram. É o que acontece em agressões no trânsito, por exemplo. A consequência (agressão) acaba sendo pior do que a causa (erro no trânsito, ou batida).

3. Desenvolver a automotivação

Como citamos no início do artigo, toda emoção é despertada em nós com o objetivo de nos levar a alguma ação. Se estivermos tristes com alguém, precisamos conversar com essa pessoa para tentar resolver a questão. Se estivermos felizes, devemos continuar a fazer aquilo que nos causou essa sensação de alegria.

Por isso, o conceito de automotivação consiste em direcionar as nossas emoções para que saibamos agir positivamente de acordo com elas, alcançando nossos objetivos.

Quando visualizamos a casa dos nossos sonhos, por exemplo, sentimos uma alegria e um desejo intenso, que devem ser canalizados em nossos planos para que realizemos esse sonho. Em contrapartida, quando nos sentimos muito tristes ou decepcionados com algum relacionamento, por exemplo, a motivação dessa emoção pode ocorrer no sentido oposto: identificar que é melhor terminar a relação.

De um jeito ou de outro, quanto mais soubermos identificar e compreender nossas emoções, mais sábias serão as nossas decisões, o que nos conduzirá a uma realidade de mais satisfação e felicidade.

4. Agir com empatia

A inteligência emocional não envolve apenas a nossa relação com nossas próprias emoções, mas também com as emoções das outras pessoas. Ter empatia significa conseguir colocar-se no lugar do outro, tentando imaginar o que ele possa estar sentindo na situação que estiver vivenciando.

A empatia é alcançada quando identificamos e respeitamos a emoção do outro. Ela nos ajuda a sermos mais sensíveis e cooperativos com aqueles que dividem os espaços conosco — seja em casa na escola, no trabalho etc. Dessa forma, conseguimos nos expressar sem ofender ou magoar ninguém. Consequentemente, isso nos ajuda a construir relações mais saudáveis e duradouras, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional.

A falta de empatia, por outro lado, é uma expressão de egoísmo que, muitas vezes, resulta em conflitos. Não compreender ou não se importar com as opiniões do outro é um gesto de insensibilidade que prejudica relações familiares, casamentos, amizades e muitas relações de trabalho.

5. Relacionar-se bem com as pessoas

Por fim, o último item é o bom relacionamento interpessoal. Se você observar com atenção, perceberá que ele é uma consequência de todos os itens anteriores. Quando conseguimos identificar nossas emoções, administrar sua intensidade, motivar nossas ações e agir com empatia, naturalmente somos capazes de desenvolver boas relações.

A inteligência emocional nos permite expressar nossas ideias com clareza, sem sair do tom e sem “forçar a barra”, respeitando também aquilo que o outro sente. Por meio do diálogo respeitoso e da sensibilidade para com os sentimentos da outra pessoa, a harmonia impera, e os conflitos diminuem drasticamente.

Como um positivo círculo vicioso, quanto mais agimos dessa forma, mais estimulamos o mesmo comportamento equilibrado nas pessoas que convivem conosco.

A inteligência emocional é, portanto, uma atividade de reflexão e de ação decorrente de todas as nossas emoções. Quando observamos cada situação em equilíbrio, fica mais fácil solucionar conflitos e tomar decisões mais sábias — que nos aproximam de nossos ideais de felicidade.

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Por fim, não se esqueça de compartilhar estas informações com seus amigos, colegas e familiares. Vamos criar uma corrente de inteligência emocional para que sejamos capazes de despertar as melhores versões de nós mesmos.