A abordagem de Milton Erickson aplicada ao Coaching, tanto no nível epistemológico quanto metodológico, ficou conhecida como Coaching Ericksoniano. Essa junção foi possível porque, mesmo vindo de uma área médica, o Coaching Ericksoniano não utiliza um modelo médico, em que o cliente tem um problema ou uma doença e o coach tenta curá-la.
Na medida em que os princípios Ericksonianos são integrados na maneira do coach trabalhar o valor do uso destas técnicas se tornará cada vez mais e mais evidente. O resumo dos sete princípios ericksonianos seria dizer que existe um poder no intercâmbio da vulnerabilidade. Uma pessoa que não tem uma resposta a partir da simbiose de um encontro poderoso com outras pessoas elas encontram uma resposta.
O contexto que Erickson criava em seus trabalhos era uma experiência relacional profunda. Ele se comprometia com a qualidade de ser único de cada indivíduo; ele tomava cuidado no sentido de ver com uma percepção inicial de cada paciente que entrava em seu consultório.
Ele se recusava absolutamente a ficar entediado e seu espírito brincalhão e vulnerabilidade ao riso sempre se mostravam por trás de seus olhos, assim como a sua compaixão, a qual era absolutamente consistente. Toda pessoa é única e cria a suas próprias metáforas – de si mesma, dos outros, do mundo, de seus problemas.
O Papel do Coach
O Coach não subestima ou ignora, mas se alia a essa metáfora, se movimenta com ela e a guia. Ou seja, no ambiente, que é o primeiro nível do processo evolutivo, temos sempre a escolha de, diante dos fatos que acontecem em nossa vida, podermos transcender em aprendizados e empoderamento e não focar em limitações.
O coachee tem dentro de seu próprio sistema tem a capacidade de resolver o problema; o cliente faz e é capaz de fazer todo o trabalho. Considerar qual é a causa externa para essa metodologia é irrelevante. O problema está dentro e não fora. Assumir essa responsabilidade é o primeiro passo no processo de autocura.
Fazendo uma alusão ao segundo nível, que é o do comportamento, basta nos permitirmos dentro de quem verdadeiramente somos, a acessar nossos potenciais inconscientes que nos darão a forte e efetiva capacidade de ressignificar nossos problemas.
Os Níveis da Pirâmide Aplicados na Mudança Estratégica
Tudo o que é necessário é criar uma “mudança estratégica”, é a menor mudança possível, e permitir que ela se generalize. Um grau de mudança dentro do cliente é tudo que é necessário, pois cria uma mudança em todos os sistemas relacionados ao cliente.
No nível das capacidades e habilidades, terceiro nível do processo evolutivo, é onde está nossa capacidade de termos o norte, a direção, o mundo da competência técnica para gerarmos uma “mudança estratégica”. O tempo é atemporal e não tem significado.
A cada momento há um novo relacionamento sendo criado. A linguagem natural e os processos mentais estão perpetuamente em um estado de fluxo criativo. Somos o que acreditamos, ousamos fazer e decidimos a cada momento, existem milhares de conexões acontecendo a cada momento, no nível das “crenças e valores,” lembramos-nos da capacidade associativa do nosso sistema nervoso, o que acreditamos é o que realizamos e conseguimos.
O tempo é uma metáfora a ser transcendida e transcender o tempo é uma crença efetiva para resultados extraordinários! Todo o problema tem uma solução e é possível trabalhar com qualquer coisa. Se algo não está funcionando, tente alguma outra coisa até funcionar. Erickson dizia que “toda a fechadura tem sua chave”.
Numa alusão ao processo evolutivo, o quinto nível é o da identidade e com certeza, na essência de quem somos utilizando nossa missão e sabendo quem nós somos, certamente viveremos acreditando e realizando ações para transcender os problemas, criando soluções. Mais do que isso, a essência do problema traz em si mesmo a solução, não existe problema sem solução, pois jamais saberíamos de nossos problemas se antes disso não conhecêssemos a solução para eles.
Não existe a tal “resistência”, pois essa resistência também é uma criação nossa, ela não existe por si mesma. A mente inconsciente reúne as peças do quebra-cabeça, e então ele vem e relata a você. Sempre fique em sintonia fina com os movimentos do cliente.
Existe um poder na aglutinação das energias das pessoas, na afiliação das ideias e quando realmente estamos conectados e afiliados consciente e inconscientemente, coach e coachee transcendem qualquer resistência, e lembre-se, quando a solução vier do coachee, ele certamente não se oporá à própria solução.
Vale compartilhar e ressaltar a frase de Jung: “quando for tocar a alma de uma pessoa, o único caminho é usar sua própria alma”. Há poder no intercâmbio da vulnerabilidade, desde que ambas as humanidades estejam evidentes e acessíveis.
O sétimo nível do processo evolutivo, que tem relação com espiritualidade, legado, pensamento sistêmico, visão de mundo, cocriação e compartilhamento da humanidade, tem total relação com o sétimo princípio de Milton Erickson, pois é totalmente congruente acreditarmos e vivermos que existe um poder na ausência de saber de duas pessoas.
Assim, quando unidas, e levando em consideração a criação do campo relacional, do rapport de alma, da interação das mentes inconscientes e finalmente da multiplicidade de conexões do sistema nervoso compartilhado entre coach e coachee. Certamente o não saber isolado será sempre um Saber Conjunto!
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