Você já ouviu falar em dores emocionais? Também conhecidas como feridas emocionais, elas são sentimentos negativos que são tão intensos que demoram a amenizar os seus efeitos. Por esse motivo, a psicologia nos revela que muitas dores emocionais cujas consequências são sentidas na vida adulta têm, na verdade, uma origem muito mais distante, ainda na infância.

Isso quer dizer que aquilo que dói hoje em dia pode ser um desdobramento de diversos acontecimentos do passado. Como a criança não foi capaz de compreender e de superar esses acontecimentos, eles se arrastam para a vida adulta do indivíduo, o que gera sofrimento e demanda a necessidade de buscar auxílio para superá-los.

São diversas as dores emocionais que têm essa característica de perpetuar as consequências por diferentes fases da vida. Uma delas é a humilhação. Neste artigo, você vai compreender melhor o que são as humilhações, como elas são vivenciadas na infância, como interferem na vida adulta e o que é possível fazer para lidar melhor com elas. Siga em frente e tenha uma ótima leitura!

Humilhações: o que são?

A necessidade de pertencer a um grupo e de ser aceito por ele é típica de qualquer ser humano. Na verdade, é uma herança do nosso processo evolutivo, que permitiu que sobrevivessem ao longo do tempo os que viviam em grupo, e não os que viviam sozinhos. Por isso, essa sensação de pertencimento gera prazer e segurança. No entanto, quando somos rejeitados e humilhados por alguém, isso fere o mais íntimo dos nossos sentimentos.

De acordo com o dicionário, humilhar alguém significa rebaixar uma pessoa, atribuir a ela uma fama negativa, considerá-la inferior aos demais em algum aspecto, menosprezá-la e tratá-la com desdém devido a alguma das suas características. Podemos entender uma humilhação como uma ofensa ou como uma rejeição levada ao extremo, desrespeitando as emoções e os sentimentos das pessoas.

Como as humilhações ocorrem ainda durante a infância?

As crianças e os adolescentes ainda são seres em formação. Por isso, ainda estão desenvolvendo noções como altruísmo e empatia, isto é, a capacidade de compreender o outro e de colocar-se no lugar dele, a fim de não magoá-lo de alguma maneira.

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Enquanto essas noções não são adequadamente desenvolvidas, as rejeições e humilhações podem ocorrer entre esses indivíduos, o que ocorre com mais frequência entre os colegas de escola. Uma criança ou adolescente pode ser humilhada pelos seus pares por diversos motivos: características físicas, traços de personalidade, classe social, jeito de se vestir, gostos e preferências, orientação sexual, e por aí vai. Estamos falando dos casos de um termo que se popularizou bastante: o bullying.

As pessoas humilham os outros porque os consideram inferiores, o que não é verdade. Diferenças não são sinais de inferioridade, mas apenas diferenças. No entanto, não pense que as humilhações sofridas pelas crianças partem sempre de outras crianças. Também pode ocorrer de algum adulto as humilhar, o que torna o processo ainda mais grave.

É o que ocorre quando os pais criticam excessivamente os filhos. Em vez de educá-los, os humilham, com frases do tipo: “Você nunca vai ser ninguém na vida”, “Tudo o que você faz está errado”, “Você é muito burro”, “Você não vale nada”, e por aí vai. Até mesmo professores acabam por utilizar termos inadequados ao corrigir os seus alunos durante as aulas ou na correção de avaliações. É importante corrigir a criança e o adolescente, mas não de uma maneira que cause humilhação e desmotivação.

Quais são os desdobramentos das humilhações sofridas na infância pela idade adulta?

Quando uma criança é constantemente exposta a situações de humilhação devido a alguma das suas características, ela começa a acreditar que realmente há algo de errado com ela. Ela internaliza a informação de que essas características a tornam de fato inferior às demais pessoas, o que não é verdade. Isso gera problemas de autoestima que, em longo prazo, podem torná-la um adulto ansioso ou deprimido, sendo que esses transtornos são sérios e demandam tratamentos específicos.

Outra consequência bastante negativa é que a criança queira reprimir ou modificar o seu comportamento, a fim de diminuir as humilhações sofridas. Ela faz isso em uma tentativa de encaixar-se naquilo que a sociedade espera dela, mas paga um preço muito alto por isso: deixar de ser quem ela é. Ao agirmos dessa forma, levamos uma vida inautêntica, em que nos preocupamos em agradar os outros, mas colocamos a nossa felicidade em segundo plano, desencadeando os transtornos citados.

Se a pessoa foi humilhada com frequência e teve a sua autoestima muito afetada, ela perde a coragem de viver, considerando-se sempre inferior aos demais. Isso pode levá-la até mesmo a desistir dos seus objetivos, demonstrando pouca ambição em relação ao futuro. Por fim, também é relativamente comum que as vítimas das humilhações comecem também a humilhar outras pessoas, como um mecanismo de defesa. Trata-se de um meio desesperado de demonstrar superioridade e poder.

Como lidar com situações de humilhação?

É importante que as pessoas, tanto na infância e na adolescência como na idade adulta, aprendam a se defender diante de situações de humilhação, de modo que isso não se torne um trauma. Para isso, há alguns comportamentos sugeridos. Confira-os na sequência.

  • Deixe claro para a pessoa que você está desconfortável: pode ser que nem a própria pessoa tenha percebido que os comentários dela estão sendo humilhantes para você. Sem dar o troco na mesma moeda, informe a pessoa de que você não está gostando das atitudes dela;
  • Vá embora: se você começar a se sentir envergonhado pelas palavras de alguma pessoa, retire-se. Deixe-a falando sozinha, pois você não é obrigado a ouvir críticas destrutivas;
  • Inverta a situação sem humilhar a pessoa: você pode fazer com que a própria pessoa se envergonhe da conduta dela. Basta utilizar frases, do tipo: “Você está tendo um dia ruim?”, “Falar essas coisas a meu respeito faz com que você se sinta melhor consigo mesmo?”, “Falar essas coisas resolve o problema?”. Assim, você transfere o foco para o agressor, mas sem agir como ele;
  • Ignore o indivíduo: uma das melhores maneiras de fazer com que uma pessoa que o está humilhando pare é simplesmente não dar atenção. Continue fazendo as suas atividades até que ela se canse;
  • Ria junto com a pessoa: essa dica é particularmente útil para crianças e adolescentes. Se alguém começar a fazer piadinhas e rir de alguma característica da pessoa (desde que não seja algo cruel), vale a pena rir de si mesmo junto com a pessoa. Isso suaviza a situação e revela que você não está se importando muito consigo mesmo, o que enfraquece a tentativa de humilhá-lo;
  • Conviva com pessoas gentis: por fim, uma dica importante é lembrá-lo de que você tem todo o direito de simplesmente cortar do seu convívio quem o trata mal. Por isso, selecione melhor quem faz parte do seu meio e cerque-se de pessoas gentis, que você sabe que jamais fariam comentários humilhantes.

Conclusão

Como você pode notar, a humilhação é sempre um processo cruel e difícil para a vítima. É completamente diferente de uma crítica construtiva, em que aquilo que a pessoa diz faz sentido e tem o propósito de ajudar o outro. No caso da humilhação, a crítica é feita com desrespeito, com o objetivo real de inferiorizar a pessoa e fazer com que ela se sinta mal devido a alguma das suas características.

Trata-se de um processo comum entre as crianças, mas que também pode ocorrer entre adultos, ou de um adulto para uma criança. Na infância, a humilhação é particularmente complexa, pois as capacidades intelectuais e emocionais ainda não estão desenvolvidas para lidar adequadamente com uma situação tão difícil. Isso pode desencadear problemas psicológicos que se prolongam pela vida adulta, além de uma série de crenças limitantes sobre si e sobre a vida de maneira geral.

Para evitar que tudo isso ocorra, é essencial que as pessoas aprendam, desde cedo, a comunicar-se de forma não violenta. Mesmo que seja necessário fazer uma correção ou crítica, há meios adequados e respeitosos para isso. As pessoas precisam aprender a tratarem-se umas às outras com mais cordialidade e gentileza, afinal de contas, as ofensas e humilhações, como pudemos observar ao longo do artigo, podem gerar graves desdobramentos ao longo de toda a vida de uma pessoa.

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