Uma maioria expressiva das empresas no Brasil e no mundo é formada por membros de uma mesma família. Pessoas que já se conhecem e que estão unidas por laços de sangue são uma possibilidade mais fácil de edificar uma instituição. Ou ao menos é o que os donos dessas organizações parecem acreditar.

Infelizmente, o fato é que a maior parte das empresas familiares morre ao passar de uma geração para a outra. Organizações perpetuadas de pai para filhos, netos e bisnetos são exceções, de acordo com as estatísticas. A questão é: por que isso ocorre? Quais erros são cometidos nas empresas familiares que comprometem a longevidade do empreendimento? Neste artigo, você conhecerá as principais razões para isso. Boa leitura!

Informalidade

Nas empresas não-familiares, é comum que a alta administração determine regras e as imponha aos seus funcionários. No entanto, quando parentes trabalham em conjunto, determinar regras e implantá-las pode ser algo delicado. Por isso, é comum que impere uma atmosfera de informalidade nesses ambientes, sem que os processos internos sejam adequadamente definidos e oficializados.

No entanto, regras de convivência, de tomadas de decisão e de como proceder nas circunstâncias em geral precisam ser determinadas, em nome da boa relação estabelecida entre os envolvidos. É preciso ressaltar que, por serem membros da mesma família, os conflitos envolvendo essas pessoas é duplamente grave, pois envolve a vida profissional e a vida pessoal.

Por isso, antes de decidir trabalhar com parentes, verifique se as pessoas em questão têm objetivos em comum e se são fáceis de lidar no dia a dia. Pessoas extremamente amáveis e flexíveis na vida pessoal podem demonstrar uma conduta completamente diferente na vida profissional. Portanto, atente-se a essas questões.

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Confusão financeira

Pessoas físicas e pessoas jurídicas recebem essas classificações diferenciadas por motivos importantes. Elas não podem se misturar. Quando uma pessoa pega dinheiro da empresa que comanda para utilizar na vida pessoal, e vice-versa, ela perderá completamente a noção da sua realidade financeira nas duas frentes.

A situação fica ainda mais grave quando a empresa em questão é familiar. Se os membros da família investem e retiram o seu próprio dinheiro pessoal na empresa a todo instante, podem surgir conflitos do tipo “eu investi muito mais nesta empresa do que você!”.

O dinheiro já é um assunto delicado por natureza. Quando ele aparece misturado a outros universos que podem gerar conflitos, como o trabalho e a família, ele precisa ser administrado com cautela ainda maior. Portanto, mantenha contas bancárias separadas do dinheiro individual e do dinheiro empresarial. Assim, fica mais fácil administrar as finanças e prestar contas quando necessário.

Conflitos nos benefícios empregatícios

Nas empresas construídas por famílias, é comum que os filhos sejam beneficiados com promoções, sem que precisem competir de igual para igual com os funcionários comuns. Esse processo é duplamente nocivo.

Em primeiro lugar, sempre que um membro da família é escolhido para uma promoção, isso tende a gerar uma sensação de injustiça nos demais colaboradores. Assim, diversos problemas de relacionamento podem ocorrer. Além disso, se a genealogia for o único critério de promoção, a empresa corre o risco de perder funcionários competentes e com mais conhecimento, já que o fato de ser membro da família pesa mais do que a experiência profissional.

Resumidamente, nada impede que um membro da família participe de um processo de seleção ou de promoção na empresa. Contudo, é necessário que ele esteja sujeito aos mesmos critérios avaliativos do que os demais colaboradores e que esses critérios sejam exclusivamente relativos às competências profissionais.

Falta de planejamento para o futuro

Muitas empresas nascem do sonho de um indivíduo de ser bem-sucedido naquele ramo. Ele tem talento, estudo, vocação e faz de tudo para construir e edificar a instituição. Todavia, para que essa empresa se perpetue entre as gerações subsequentes, é preciso que esse fundador cuide da sucessão.

Não adianta criar uma empresa sólida para deixar um legado aos filhos se eles não forem adequadamente preparados para tocar o barco quando o fundador não estiver mais presente. Por isso, é preciso mostrar-lhes, desde cedo, como a empresa funciona, quais filosofias orientam o seu funcionamento, como ela deve ser administrada e quais valores devem ser perpetuados.

Planejar a sucessão envolve compartilhar com os herdeiros o conhecimento técnico da área e também as competências gerais que todo líder deve desenvolver: escuta ativa, disciplina, responsabilidade, organização, criatividade, pensamento estratégico, habilidade de tomar decisões, entre outros. Além disso, é fundamental que, nessa transição de uma geração para a outra, a organização não sofra mudanças radicais. Isso pode comprometer a sua imagem, a sua identidade e os seus resultados.

Conservadorismo excessivo

No último item, citamos que as empresas familiares não devem perder a sua identidade ao passar de geração para geração. Entretanto, isso não significa que algumas alterações não possam ser realizadas. Com o passar do tempo, é natural que mudanças ocorram. O comportamento do consumidor se altera, novas tecnologias surgem, novos concorrentes aparecem, e, portanto, a empresa deve responder adequadamente a essas novas configurações.

A criatividade e a inovação são elementos importantes no desenvolvimento de produtos e serviços, no relacionamento com o cliente, na comunicação e até mesmo na gestão dos processos internos. Por isso, saiba que o conservadorismo excessivo pode manter as empresas familiares presas a estruturas que, hoje em dia, já não reproduzem os resultados de antigamente.

Dessa forma, é essencial preservar a essência e os valores da organização. Contudo, isso não quer dizer que ela deve parar no tempo e se recusar a atualizar os seus processos, com base nas mudanças que se registram com o passar dos anos. Por isso, planos de curto, médio e longo prazo devem ser realizados.

Centralização do poder

Uma das causas para esse conservadorismo excessivo é a centralização do poder. No início, as empresas são pequenas e modestas, tendo em seu fundador a figura de um líder. No entanto, à medida que elas crescem e se desenvolvem, é natural que um único indivíduo não seja mais capaz de dar conta de tudo.

Dessa maneira, é importante que esse poder seja descentralizado, tornando a hierarquia corporativa mais complexa. Assim, é preciso contratar diretores para as áreas específicas da empresa, como o marketing, as finanças e os recursos humanos. Isso possibilita que pessoas de diferentes especializações dividam entre si o peso das decisões que devem ser tomadas.

A empresa pode continuar tendo um grande líder, ou seja, um presidente, mas ele deve saber delegar o poder e distribuir funções conforme os conhecimentos dos colaboradores. Nesse sistema, ninguém fica sobrecarregado, e a gestão assume características mais democráticas e menos autoritárias.

Como é possível perceber, a gestão das empresas familiares é um tema delicado. A vida profissional já é sujeita a conflitos e problemas, e tudo se agrava quando os colegas envolvidos são também membros de uma mesma família. Nesse cenário, separar as questões de trabalho das questões pessoais pode ser difícil, o que exige regras e diretrizes de conduta ainda mais claras e específicas.

E você, já teve alguma experiência de trabalho com familiares? O que pensa sobre o tema? Deixe um comentário no espaço abaixo com a sua opinião. Por fim, lembre-se de compartilhar este artigo com todos os seus amigos, colegas, familiares e com quem mais possa se beneficiar destas informações, por meio das suas redes sociais!