Entre 15% e 20% da população mundial têm depressão. Ao contrário do que muita gente infelizmente ainda pensa, essa doença é muito debilitante e séria, pois não se trata apenas de uma tristeza passageira. O que ocorre é um desequilíbrio químico do cérebro que provoca uma série de sintomas físicos e psicológicos.

A depressão é uma doença que tem sido cada vez mais diagnosticada em todo o mundo, e não é diferente no Brasil. Neste artigo, vamos compreender como o transtorno depressivo se desenvolve, quais são os seus sintomas, como pode ser tratado e quais são as partes do cérebro envolvidas nessa doença. Confira!

O que é depressão? O que se sente nesse quadro?

A depressão é uma doença que pode acontecer com qualquer pessoa em qualquer fase da vida. Trata-se de um desequilíbrio químico que afeta algumas regiões do cérebro, o que altera os pensamentos, os sentimentos, os comportamentos e a disposição física das pessoas.

Os principais sintomas desse transtorno incluem: sensação prolongada de vazio ou tristeza (nem sempre com uma causa clara), falta de vontade para realizar as tarefas (mesmo as que antes despertavam prazer), falta de energia, cansaço constante, irritabilidade, dores em todo o corpo, tremores, alterações no sono (insônia ou sono excessivo), perda de apetite, falta de concentração, abuso de álcool/drogas, lentidão para pensar ou agir e pensamentos sobre morte/suicídio.

Quais são as causas do problema?

A depressão é uma doença multifatorial, cujas origens ainda têm sido muito estudadas pela ciência. Sabe-se que ela é causada por um desequilíbrio químico que altera o funcionamento de algumas regiões do cérebro, sobretudo por uma baixa produção de alguns neurotransmissores. Esse desequilíbrio tem origens genéticas, ou seja, algumas pessoas têm maior predisposição orgânica para manifestar esse transtorno.

Além disso, a depressão também está associada a causas ambientais. Isso significa que acontecimentos da vida, como doenças e demais eventos estressantes, podem atuar como “gatilhos” para o surgimento desse problema, embora essa não seja uma condição que sempre ocorre.

Quais são as áreas do cérebro associadas à depressão?

Confira a seguir as principais regiões cerebrais envolvidas no surgimento dos transtornos depressivos.

  • Hipocampo

O hipocampo é a sede da nossa memória. Ele faz parte do sistema límbico e armazena a memória em longo prazo. Essa parte do cérebro registra as emoções associadas às experiências da sua vida, desde a alegria que você sentiu no seu primeiro beijo até o medo que sentiu quando viu um cão feroz.

Essa memória fica armazenada, mas “volta à tona” quando nos deparamos com situações semelhantes. Segundo as pesquisas mais recentes nas neurociências, essa área cerebral tende a ser menor nas pessoas deprimidas, pois o hormônio do estresse (cortisol) prejudica o crescimento das células nervosas nessa região, o que nos torna mais suscetíveis ao estresse.

  • Córtex pré-frontal

O córtex pré-frontal é uma poderosa região, situada na parte da frente do cérebro. Nessa região, há duas áreas específicas, o córtex orbito frontal (OFC) medial e o lateral, ambos conectados ao hipocampo. O OFC medial processa a alegria que sentimos, por exemplo, quando ganhamos um presente. Já o OFC lateral processa as nossas reações aos eventos negativos da vida.

Os estudos de imagem feitos com pessoas depressivas indicaram que, nesses indivíduos, o OFC lateral aparece muito mais ativo do que o OFC medial, o que explica o porquê de os sentimentos e pensamentos negativos prevalecerem sobre os positivos.

  • Amígdala

A amígdala está localizada na região central do cérebro e também faz parte do sistema límbico. Essa região é a responsável por fazer com que as pessoas aprendam a detectar potenciais ameaças no meio onde estão. Trata-se de um importante recurso evolutivo, que fez com que os membros da nossa espécie se protegessem ao longo da nossa história no planeta.

Em transtornos como a depressão e a ansiedade, porém, a amídala aparece com uma atividade acima do normal, respondendo excessivamente aos eventos negativos. Ela passa a detectar tudo como potencial ameaça e aciona o sistema de alerta (luta ou fuga) mesmo quando não é necessário, o que gera alguns sintomas: apreensão, tensão muscular, pessimismo, insônia etc.

  • Tálamo

O tálamo é uma estrutura cerebral cuja função é a transmissão de sinais sensores e motores para as partes correspondentes do córtex, atuando como uma grande central de controle. Ele dirige funções muito importantes, como a fala, reações comportamentais, sono, regulação da consciência, movimentos, pensamentos e processos de aprendizagem.

Algumas pesquisas sugerem que transtornos psiquiátricos, como a depressão e o transtorno bipolar, estão associados a problemas nessa estrutura. Nesses casos, o tálamo não regula adequadamente a transmissão sensorial dos estímulos relacionados aos sentimentos agradáveis e desagradáveis.

  • Comunicação entre as células

As células do cérebro e de todo o sistema nervoso são chamadas de neurônios. Nesse sistema, existe uma comunicação complexa entre uma célula e outra. Quem faz essa “ponte” entre elas são substâncias conhecidas como neurotransmissores. É o caso da serotonina, da dopamina, da acetilcolina, da endorfina, entre outros. Os neurotransmissores permitem que ocorram as sinapses, que são as zonas de contato entre as células nervosas por onde são transmitidos impulsos químicos e elétricos.

Estudos têm indicado que a baixa disponibilidade de alguns desses neurotransmissores no cérebro explica o porquê de as regiões acima estarem funcionando de forma inadequada. A falta de algumas dessas substâncias prejudica a comunicação entre os neurônios, enfraquecendo a atividade cerebral na região e, consequentemente, comprometendo as suas funções fundamentais: regulação do sono, do humor, do apetite, do relaxamento etc.

Como você pode notar, o mecanismo cerebral da depressão é bastante complexo, uma vez que envolve diferentes áreas cerebrais: hipocampo, córtex pré-frontal, amígdala, tálamo, além dos neurotransmissores envolvidos na comunicação celular em todas essas regiões. A boa notícia é que existem medicamentos e outras práticas — como a psicoterapia e as atividades físicas — que conseguem restabelecer o equilíbrio químico cerebral necessário para combater a depressão.

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